segunda-feira, novembro 22, 2004

Razão prática da bipolarização.

"Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
 
Guerra Junqueiro, in "Pátria", 1896

terça-feira, novembro 16, 2004

Cartas Portuguesas - A 1ª República por correspondência

Para o bem ou para o mal não sou gajo de poucas palavras. E muito raramente me faltam os ditos. Mas desta vez, só consigo dizer pouco: entrem aqui e leiam a História que não é feita por historiadores. Que é escrita pelos protagonistas. Um blog como deve ser, na forma e na função.

terça-feira, novembro 09, 2004

O próximo paradigma perdido.


Se há herança bela e telúrgica, nobre e gloriosa, que a civilização deste início de século pariu para boa descendência da história universal, essa manifestação suprema e metalínguistica é o futebol de alta competição. Nos dias que vivemos acontecem na arena fenómenos Dostoievsky, como Mourinho - um ano depois de ser campeão europeu pelo Futebol Clube do Porto - estar em posição de conduzir o clube aos últimos lugares da competição. Acontecem fenómenos poltergeist como o mesmo Mourinho treinar os líderes da Premier League. Fenómenos verdadeiramente sobrenaturais como Tchevchenko. Fenómenos mesmo paranormais como um Real Madrid incapaz. Fenómenos esotéricos como a Selecção Grega ser campeã europeia e fenómenos naturais como a físico-química do Arsenal. Acontecem fenómenos estéticos como Nedved com uma bola nos pés. Fenómenos éticos como Luís Figo ao serviço de um clube de futebol. Fenómenos de afirmação como o de Deco no Barcelona. Fenómenos de negação como o de Thierry Henry deixar de ser, uma noite em cada ano, o melhor jogador europeu. Fenómenos fenómeno como Cristiano Ronaldo. Fenómenos Paul Auster como o Principe do Mónaco torcer pela sua equipa numa final europeia. Fenómenos vitorianos como Sir Alex Fergusson. Fenómenos platónicos como a febre do fanático, fenómenos kantianos como o imperar sobre as audiências, fenómenos hegelianos como a violência imanente. Nos dias que vivemos acontecem à volta da tribo do futebol fenómenos mediáticos, imediáticos, traumáticos; fenómenos de histeria, adolatria, entropia; fenómenos sociais, passionais, viscerais e de todo em todo fenómenos financeiros, que por isso são prolixos em género, forma, função e maravilha. Quem não gosta de futebol não percebe nada de nada porque está lá tudo: o instinto, a pulsão, a transcendência. E, claro está: o necessário génio.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Wishful thinking

Ao contrário do que a esquerda gosta de pensar, a abstenção não protege a direita. Nem na América nem em Portugal nem em lugar nenhum do mundo.