quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A verdadeira seca.

Ontem verifiquei, em espanto e mágoa, que não há mesmo nada a fazer com o PSD. Na Quadratura do Círculo, um Pacheco Pereira muito fora de forma limitou-se a enumerar os cargos políticos (e as rendas financeiras) que perdeu por ser contestatário, vangloriando-se até ao vómito de atitudes que me parecem apenas normais. Enquanto isto, Marques Mendes salta para as luzes de uma ribalta que nem dois anos vai durar. Toda a gente sabe que o homem só será líder do partido porque ninguém de valor quer pegar nos pedaços pequeninos que restaram da insanidade egotista de Santana Lopes. O congresso extraordinário vai ser assim algo de insuportável, com protagonistas inenarráveis como Meneses, a debitar soundbytes de estupidez constante e realmente nada de novo para fazer da travessia do deserto uma viagem aprazível. Os próximos anos da política nacional vão ser, aliás, absolutamente áridos.

A fraude ambientalista - Energia

Apesar da especulação dos preços e das manchetes fáceis, não existe qualquer risco de crise energética. É verdade que consumimos cada vez mais petróleo, mas as reservas conhecidas nunca foram tão vastas, calculando-se que são suficientes para mais 45 anos. Isto, no entanto, não quer dizer que existam apenas jazidas petrolíferas para mais 45 anos. Entre reservas não identificadas e melhoramentos de eficiência na extracção e na utilização (um poço fecha hoje em dia com dois terços do petróleo por extrair), temos petróleo para séculos.
O óleo de xisto, um recurso alternativo ao petróleo, de conteúdo energético oito vezes superior e 242 vezes mais abundante, está à disposição da indústria humana, sem grandes problemas de conversão.
De qualquer forma, o ritmo exponencial da utilização das energias renováveis poderia tranquilizar mesmo os mais cépticos, se fossem bem informados. Desde 1970 que a energia solar tem descido de preço à média de 30% por década e prevê-se que em 2065 terá substituido praticamente todas as outras formas de energia. Com a capacidade actual das células fotovoltaicas, a totalidade das necessidades energéticas contemporâneas seriam satisfeitas utilizando uma árera correspondente a 2,6% do deserto sariano. "Tal como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, a Era do Petróleo irá acabar - mas não por falta de petróleo."

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Revisitação dos anos 90 - IV

"A imprensa, a rádio, a televisão e o correio electrónico trouxeram uma doença, a ansiedade pela informação, e contribuem para poluir o conhecimento."
F. Carvalho Rodrigues - Ontem, Um Anjo Disse-me

A fraude ambientalista - Florestas.

As florestas não estão a diminuir. Pelo contrário, a área florestal global aumentou, entre 1950 e 1994, em cerca de 1%. Ao contrário dos números apocalíticos que são constantemente debitados pelos media, a desflorestação da Amazónia é de 14 por cento desde que foi intervencionada pelo Sapiens e 3% dessa área já foi novamente reflorestada pelo homem.
A ideia de que as florestas tropicais funcionam como pulmões do planeta é bizarra: uma floresta em equílibrio, com biomassa total constante, não produz excedentes de oxigénio.

domingo, fevereiro 20, 2005


Obrigado por nada.

Quero agradecer aos Drs. Durão Barroso, Santana Lopes e Paulo Portas o facto de terem entregue o meu país à esquerda. Um crime de lesa-pátria, nem mais nem menos.

A fraude ambientalista - Introdução

Graças à inspirada sugestão do Viriato, estou mergulhado na leitura saborosa de “Da Falsificação de Euros aos Pequenos Mundos - Novas Crónicas das Fronteiras da Ciência”, um trabalho notável de desmistificação generalizada, da autoria do Professor Doutor Jorge Buescu, do IST.
Entre as incontáveis pérolas de esclarecimento científico que preenchem as 200 páginas deste livro, é difícil escolher um assunto de que se possa fazer post.
Mas como tudo veio a propósito da fraude ambientalista, vou deixar no blogville, de vez em quando, testemunho dos factos disponíveis à luz da ciência actual e referidos na obra do Professor.
Por caprichosa ironia, grande parte destes dados foi coligida por um antigo militante do Greenpeace - Bjorn Lomborg - que ao tentar demonstrar estatísticamente e de uma vez por todas que os ambientalistas estavam certos nos seus alarmes, ameaças e histerias - e fazendo recurso enciclopédico a todos os números fornecidos pelas comissões da insuspeita ONU - acabou por provar precisamente o oposto.

Para começar, uma citação lapidar sobre o mito do crescimento demográfico exponencial, baseado na fertilidade descontrolada:

“É falso que estejamos a reproduzir-nos como coelhos. O que se passa é que deixámos de morrer como moscas.”

sexta-feira, fevereiro 18, 2005


Revisitação dos anos 90 - III

"Sucesso é sempre alguma coisa que pode ser colocada no banco."
-Ries / Trout - Marketing de Guerra II
FADO É CARNE VIVA.
A maior parte dos portugueses e até dos lisboetas, não percebe nada de Fado, mesmo que o ouça com algum prazer. É que o Fado não é música, é o lamento próprio de quem vive certas existências pitorescas que só realmente um português de Alfama consegue consubstancializar em ontologia. E quando falo de Fado não estou a falar das cantingas, mas das vidas que as perfazem. Ninguém entende o Fado porque o Fado canta o desígnio do fadista e o fadista - essa espécie em vias de extinção - é rouco de cigarros e asmático de sofrimentos: não tem voz para cantar no duche. O fadista - esse romanesco folhetim em forma de gente - está de ressaca no fígado ou no coração: não tem pachorra para o solfejo. O fadista é um fatalista no sentido em que sabe que não conta para os recenseamentos da razão e, por isso, é-lhe indiferente se o Tejo corre para Vila Franca de Xira ou traz para o Barreiro os venenos de Espanha; no fim, ele vive sossegado a sua vida de desventuras e enganos, de navalhadas na lógica e pontapés na boca, de ridículos e glórias insondáveis e vai de bolsos vazios pela madrugada, despreocupado e sábio, percorrendo os passeios da existência com habilidade, é certo, com desgosto também, mas acima de tudo com a tranquilidade do ser consciente da sua mais pura insignificância estatística, estética e moral. (1997)

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Revisitação dos anos 90 - II

"Nos nossos dias (...) as rupturas tornam-se cada vez mais raras, a impressão de déjà vu prevalece sobre a novidade, as transformações são monótonas, já não temos a impressão de viver num período revolunionário."
- Gilles Lipovetsky - A Era do Vazio


Ele próprio escolheu o mítico número 23 para estampar na camisola, mas não gosto de comparar artistas: LeBron James não é Michael Jordan. É um outro género de deus.
A NBA é um autêntico viveiro de prodígios atléticos, mas King James supera a concorrência com a mesma arrogância aristocrática com que ignora as leis da gravidade, da inércia e da termo-dinâmica. Ver este homem voar é sempre um momento de espanto. É sempre uma catarse estética. Um nirvana gráfico. Obrigado, mãe natureza.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Se é mau, tanto melhor.

Anualmente, a indústria editográfica inglesa reune-se para a nobre tarefa de eleger as estrelas da música britânica num evento que dá pela singela nomenclatura de Brit Awards. Até aqui, muito bem. Este ano o evento comemora os seus provectos 25 anos de dislate e, muito apropriadamente, criou-se esta delirante rúbrica do prémio para a melhor música do último quarto de século. Agora, adivinhem quem ganhou. Para os atrasados mentais que votaram nesta muito triste eleição, a melhor música que o talento humano foi capaz de debitar em parto difícil desde 1980 foi nada mais, nada menos, que uma coisinha intitulada "angels" e interpretada por um tal de Robin Williams. É dificil de acreditar, eu sei, mas é assim, pura e dura, a verdade. E dói à brava.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Revisitação dos anos 90.

"SUBDOSE HISTÓRICA: viver numa era em que parece não acontecer nada. Entre os principais sintomas encontra-se o vício dos jornais, revistas e noticiários de televisão.
OVERDOSE HISTÓRICA: viver numa era em que parecem acontecer demasiadas coisas. Entre os principais sintomas encontra-se o vício dos jornais, revistas e noticiários de televisão."

- Douglas Coupland - Geração x

Carnavalada

Chega à cidade no Inverno o circo do inferno.
De repente, solta-se um fantasismo aberrante
sobre a mágoa deste falecimento eterno:
é a dor de viver que está na máscara,
é o horror que nos guarda a vida restante.

Deuses! que ódio visceral ao Carnaval
em Veneza, triste como a morte: um corso
há-de para sempre ser feliz como um funeral
com palhaços e carros alegóricos
miseravelmente pobres, alegres sem remorso.

As brasileiras mostram vivas as carnes lascivas,
abanando nádegas no Rio de Janeiro
ou - mais vestidas por causa do frio - as divas
acenam mãozinhas trigueiras em Ovar,
arrepios tropicais em Fevereiro.

Deuses! como me leva à depressão o folião
que se veste de mulher e tem bigode e tudo.
(Toda a gente lhe acha um piadão
menos eu, que me encolho e escondo
para morrer de vergonha no entrudo).

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Um Longo Domingo de Noivado

Un Long Dimanche de Fiancailles é a última obra prima de Jean Pierre Jeunet e um verdadeiro opúsculo sobre os opostos humanos: num extremo a obsessão do amor, no outro a iniquidade do ódio. Uns furos acima de Amélie, o filme é um banquete para os sentidos, quimera fotográfica nas profundezas do horror, ensaio lírico sobre a carnificina ritual e a chacina da moral nas trincheiras brutais da Primeira Guerra, é sobretudo elegia épica ao instinto passional de uma alma singular, interpretada com talento virtuoso por Audrey Tautou.
O site - que demora a carregar - deve ser visitado. O filme - que demora a esquecer - deve ser visto.