sexta-feira, dezembro 30, 2005

Insónia na Amazónia.

No dicionário de rimas
do Senhor Visconde de Castelões
(Editorial Domingos Barreira),
as palavras passam a palavrões
e reduzem o Português a poeira.

Insónia, por fatalidade,
rima com Paflagónia,
com adansónia,
com escalónia.
E com santimónia, é verdade.

Esta minha vontade de não dormir
por força terá que admitir
a troca de favores com bolónia,
com sidónia
e com plutónia;
palavras sábias, sem dúvida nenhuma,
para todos e cada uma;
excepto para o infeliz desgraçado
que permanece acordado.

Excepto para o versador de fim-de-semana
de pesada pestana que:
não tem sono nem harmónia;
não gosta de banhar a lírica em água de colónia;
não sabe onde é que fica a Esclavónia;
não acerta na estirpe do vírús da monocotiledónea
e acha excessivamente excessivo levar o verso até Semprónia.

Não encontrei a cachimónia
mas tenho a certeza que o mestre da rima
sabendo dela, a colocaria logo por cima
de cassidónia.

Porque, sim, temos a estética
da ordem alfabética!

Ora, o Senhor Visconde de Castelões, que é um artista,
podia era ir à fava, com o seu dicionário surrealista!