quarta-feira, abril 26, 2006

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ELES ANDAM AÍ.

Vêm lá dos confins do espaço
em busca dos desertos americanos.
Aconchegados em discos de aço
vão chegando os marcianos.

Olhos espirais, antenas telepatas
e espertas orelhas pontiagudas:
são assim p'ró feinho os piratas
do Triângulo das Bermudas.

Uns vêm e deixam saudades,
outros por fome de carne humana.
Contra todas as probabilidades
visitam-nos uma vez por semana.

Não há como negar o facto:
eles andam aí e são apanhados
a construir aeroportos no mato
e a ceifar o trigo dos prados.

Arriscam-se à bestial pestilência
dos encontros de grau terceiro.
Amiúde, deixam descendência,
são fornicadores em passeio.

Habitam há que tempos a História,
deixaram-nos príncipes e faraós,
(as pirâmides são prova e memória
de que nunca estivemos sós).

Escreveram tábuas e pautas
para mitos, cultos e religiões:
são os deuses astronautas
que aterram aos trambolhões.

Ou, em vez dos antigos mundos
(quem sabe desta aventura?),
discos e seres são oriundos
de uma qualquer era futura.

Podem até ser sapiens em férias,
do século D.C. quarenta e tal.
Tiram fotografias, trocam pilhérias,
vêem em safari temporal.

Na verdade nem me interessa
de onde vêem e para onde vão.
Gosto é de os ver assim com pressa
em imagens de baixa resolução.
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sábado, abril 22, 2006

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"Tenho um telefone sem-fios, mas não gosto muito dele porque não se pode pousar ruidosamente um telefone sem-fios. Quando ficamos furiosos com alguém num telefone normal podemos dizer: não te admito que fales assim comigo! e PUM, acabou-se. Mas num telefone sem-fios - Não te admito que fales assim comigo! Agora, espera que eu tenho de procurar o botão onde se desliga esta porcaria... Espera só um bocadinho para eu te desligar o telefone na cara..."

sexta-feira, abril 21, 2006

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4 séculos de mestre.

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Mais conhecido por Ronda Nocturna (Sir Joshua Reynolds encontrou o quadro de tal forma degradado e enegrecido que pensou - erradamente - tratar-se de uma cena nocturna) esta é uma das mais famosas obras de Rembrandt, muito pelo seu proverbial jogo de luz e sombras, mas também porque o autor opta por fugir à norma da pose estática nas representações militares, optando por introduzir uma nota de movimento ao retratar um momento de partida para uma missão, cuja natureza se desconhece. Apesar da obra ter sido encomendada por um ramo da milícia civil (Mosqueteiros), Rembrandt opta por esconder os seus membros na escuridão e - não fosse o quadro ter sido literalmente mutilado no século XVII, com o intuito de caber numa parede (!) - poderíamos registar que até o homem do tambor colocado à direita (que não fazia parte da mílicia e tinha sido pago para estar ali a compôr a cena) surge com mais protagonismo que o pessoal miliciano. Não admira pois, que Rembrandt esperasse três anos até receber o pagamento pelo trabalho.

quarta-feira, abril 19, 2006

A Quarta Cruzada.

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«Estamos prontos a atacar alvos sensíveis norte-americanos e britânicos»
Mahmoud Ahmadinejad

Enquanto estou embrenhado na deliciosa leitura de GUERREIROS DE DEUS - RICARDO CORAÇÃO DE LEÃO E SALADINO de James Reston Jr. - obra em que, desde já vos digo, Saladino surge como um santo e Ricardo como um facínora - este animal que dá pelo nome literalmente indizível de Mahmoud Ahmadinejad ameaça o mundo livre com brutalidade atómica e niilismo de algibeira. A incompetência americana e a cobardia europeia dão nisto: o Irão anuncia-se solenemente como uma potência nuclear e os seus caciques discursam com a hostilidade de quem se prepara para a guerra; dizem do holocausto o que nem certos amigos meus de uma certa direita que não é a minha seriam capazes de segredar em blog; disparam impropérios à Hugo Chavez; rebolam-se alarvemente na sua infâmia e a malta aqui deste lado reúne-se na ONU, de bracinho cruzado, forçando-se a uma ou outra mais aborrecida conferência de imprensa, momento em que (muito a contra gosto) lá se proferem umas acusações de papelaria, como se afinal não fosse nada assim tão de especial; por todos os deuses da diplomacia civilizada (que é como que diz: francesa), não vamos agora perder a temperança por causa destes bárbaros que não sabem o que fazem, quanto mais saber fazer algo parecido com uma pistola nuclear. É assim, caríssimas damas, que se desloca para secundaríssimo plano o ex-mau da fita, Bin Laden. É desta precisa e descarada maneira-afronta, distintos cavalheiros, que se reduz a cinzas o sacrossanto império do Ocidente.
Acho que já é a segunda vez que faço isto neste blog, mas insisto com a certeza de quem-sabe-que-tem-que-ir-à-casa-de-banho: a 26 de Novembro de 2003 - quando ElBaradei ainda convencia meio mundo de uma das maiores falácias da história da diplomacia contemporânea* - escrevi o que se segue, no extinto Ocidental Praia.

É SÓ MAIS UM PARQUE INFANTIL.
Mohamed ElBaradei e a sua hilariante Agência Internacional da Energia Atómica ainda acreditam que as instalações nucleares iranianas estão a ser desenvolvidas com um fim pacífico. A ingenuidade ou cumplicidade deste senhor não tem paralelo: O Irão, riqíssimo em petróleo e em carvão, não precisa de criar formas subsidiárias e comparativamente dispendiosas para acender a luz e é evidente que o regime iraniano - um dos mais perigosos, ferozes, fanáticos e totalitários do mapa político - pretende aumentar a pressão nuclear sobre o Médio Oriente. Quando em boa hora os americanos não tiverem outro remédio que o de entrarem por ali a dentro e partirem aquilo tudo, os marretas do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que inacreditavemente se recusam a condenar a política nuclear dos ayhatolas, vão ficar muito surpreendidos e de pronto votar não sei quantas resoluções em favor da paz mundial e contra a arrogância da Administração Bush. Citando Pessoa: Ora bolas para a gente ter que aturar isto!


Escusado será dizer que, caso a administração Bush tivesse um pinguinho de talento estratégico, esta pequena profecia teria sido concretizada em tempo recorde. Assim, como estamos, é difícil entrar pelo Irão a dentro e partir aquilo tudo. Mas é pena. Porque o senhor Ahmadinejad, que não é nenhum Saladino, está-se mesmo a pôr a jeito. E porque o mundo árabe - cuja fé sempre triunfou pela espada - está mesmo a pedir uma cruzada a sério. Como a primeira.


Nota de rodapé: James Reston Jr., que é um verdadeiro herói americano, espécie de Indiana Jones da Academia historicista americana, escreve um belo e competentíssimo manual de propaganda árabe, reduzindo os cruzados a bárbaros e os seus motivos às mais baixas volições da ordem da política instrumental. Quem é que imagina ser possível a um académico árabe, exercendo ciência no seu país, interpretar a terceira cruzada de forma oposta? É bem fixe, a liberdade, não é? Agora a pergunta difícil: é assim tão fixe que valha a pena morrer por ela?

* Comparativamente, o Caso do Misterioso Desaparecimento das Armas Iraquianas de Destruição Maciça perderia todo o interesse, até para Erle Stanley Gardner.

Desconversa.

Apercebi-me agora que, sobre o soneto do Barbosa alguém postou um comentário extensíssimo e absolutamente a despropósito sobre a monogamia ou coisa que o valha. Só li duas ou três linhas e percebi logo que até poderia concordar com alguns dos princípios, mas nem se trata de concordar ou discordar: O QUE É QUE O SACANA DO ASSUNTO TEM A VER COM O BOCAGE? É preciso perceber que, quando defendemos valores morais, devemos proceder com ÉTICA. Não é bom, seja para que causa for, entrar numa lógica terrorista de descarregar manifestos nos blogues alheios, certo?
Só me apetece dizer palavrões, por isso, dedico apenasmente ao fanático mal criado que me fez a desfeita este gentil termo: BARDAMERDA.

terça-feira, abril 18, 2006

Bocage: de luz e trevas - 2

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Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava;
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua orgia dana.

Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, oh Deus!... Quando a morte à luz me roube,
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

Roma por um tubo.

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Terminou hoje, com o assassinato mais célebre da história - o de Júlio César na arena do Senado romano - uma das mais brilhantes séries dos últimos anos (largos): Rome é - apesar de uma produção financeiramente deficitária para as ambições do projecto - um espectacular fresco sobre a antiguidade, com visão académica, rigor histórico e intriga a condizer. Felizmente, os senhores da HBO já prometeram uma segunda temporada. Eu cá espero que produzam 12. É que, nestas coisas do Império Romano, é sempre de bom tom seguir a lógica de Gaio Suetónio.
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segunda-feira, abril 17, 2006

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"As mulheres precisam de gostar do emprego do tipo com quem saem. Se não gostarem do emprego, também não gostam do tipo. Os homens sabem-no, e é por isso que inventamos nomes falsos e sonantes para os empregos que temos - Bem, agora sou supervisor da direcção regional. Estou no desenvolvimento, na produção, na consultoria...
Os homens, por seu lado, quando fisicamente atraídos por uma mulher, não querem saber do emprego dela. Dizemos apenas: A sério? É aí que trabalhas? Deve ser interessante. Tens um cutelo grande e cortas-lhes a cabeça, é isso? Deve ser bestial. Olha, e se te fosses arranjar para irmos comer um hambúrguer e ver um filme?"

quinta-feira, abril 13, 2006

Bocage: de luz e trevas - I

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Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste da facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou cagando ao vento.
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quarta-feira, abril 12, 2006

À escuta das Vozes da Poesia Europeia - VII

Celebrando a feliz edição da revista Colóquio Letras - que traz à estampa, em três cuidados volumes, as traduções que David Mourão-Ferreira fez da poesia europeia.

RUTEBEUF E OS DILEMAS DA MISÉRIA

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Nascido em pleno pesadelo medieval, autor maduro aos 15 anos e corpo cadáver aos quarenta, Rutebeuf sofreu a vida inteira de miséria crónica e anonimato agudo. Isto, claro está, apesar de ter sido ele que praticamente inaugurou a dramaturgia francesa. Não admira pois que encontremos frequentemente nos seus versos os lamentos prolixos, as queixas de má sorte e algumas frágeis e vãs tentativas de conformismo. Na sua lírica de jogral vagabundo, pungente e sincera, denuncia a fealdade e a brutal natureza da sua mulher, a abstinência financeira, as dificuldades criativas, as falhas de memória, o flagelo da velhice (na agreste Europa do Século XIII, as alminhas caducavam mais cedo). No famoso Complainte de Rutebeuf, o poeta partilha com o leitor uma interminável lista de complicações existenciais, penitências do destino, desagravos intestinais, agruras de espírito e penas de amor (um amor sublimado e platónico, bem dentro do imaginário da época). Valente inimigo do triste papa Alexandre VI e da Inquisição francesa, grandessíssimo campeão da Universidade de Paris, autor fundamental na génese da francofonia, peregrino druida do teatro místico europeu, satírico empedernido e competentíssimo trovador, Rutebeuf - o pobre - deixa afinal à posteridade uma herança opulenta:


O JOGO DO INVERNO

Contra o tempo em que as árvores se desfolham
e nos ramos não há nenhuma folha
que não caia por terra;
contra a grande pobreza que me aterra
e que de toda a parte me faz guerra;
Contra o tempo do Inverno
que até me altera o tom dos próprios versos,
começo por caminhos bem diversos
a narrar esta história.
Pobre de senso e pobre de memória,
foi como Deus me quis, pra sua glória...
E quanto a rendimentos
apenas me entregou todos os ventos
que sopram e me gelam neste tempo...

Pobreza foi somente a sua oferta;
e nem tenho outra porta sempre aberta...
Mas no fundo sou rico,
pois Deus me dá o tempo que é preciso;
assim, durante o Verão lá vou cantando,
como a ave no ramo,
e depois, no Inverno, se choro e me lamento,
tenho por companheiro o próprio vento...
De que mais necessito?

terça-feira, abril 11, 2006

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Moulin Rouge

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Depois de muito dar à perna, o despudorado Villepin tem agora tudo à mostra: a ambição, a cobardia e uma enorme falta de carácter. Entrementes, a França passeia-se, nua de virtudes, pelo boulevard da história. O cenário é constrangedor.

sexta-feira, abril 07, 2006

4 séculos de mestre.

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O miserável ladrão que terá sido condenado à morte por ter roubado uma bolsa é submetido à perícia forense do aristocrático Dr. Tulb, para iluminação dos seus aristocráticos aprendizes sobre os mistérios da fábrica do corpo humano. Rembrandt tem 26 anos, este é o primeiro quadro que assina por extenso (os anteriores são rubricados com as inicias RHL) e esta é a parábola que inicia de verdade o seu percurso de génio.
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quarta-feira, abril 05, 2006

De quotas e equívocos.

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O meu amiguinho Shark predispôs-se atenciosamente a pegar num excerto do que eu aqui escrevi sobre a questão das quotas de acesso aos cargos partidários para dissertar sobre o assunto, o que me apraz deveras, apesar das desavenças de opinião, já que o meu interlocutor se acha hesitante na sua superior equação do caso.
Bom, não que tenha maluca paixão por polémicas, não que entenda que os meus amigos devem pensar politicamente como eu seja sobre o que for, mas por todos os deuses da individualidade humana, acho pertinaz esclarecer certas minudências, a saber:

a) Não tenho qualquer dúvida que as mulheres têm capacidade mais que bastante para cumprir tão bem ou melhor que os homens qualquer tarefa do âmbito político ou público. Ao invés, desconfio imenso da nossa capacidade para levar a cabo algumas muitas das missões que a mãe natureza (essa santa mulher de competências indiscutíveis) escolheu para atribuir ao género feminino. A minha oposição a esta coisa maluca de se obrigar a mulher a cumprir um determinado papel (sem se perceber bem se esta o deseja ou não) está explicada num post que escrevi em Outubro de 2005 e que, a certo momento, rezava assim:

Em vez da discriminação positiva, da gramática revisionista e do moralismo abjecto e arcaico das comunas de Paris, o que se deve dar às mulheres são direitos e oportunidades iguais. Ponto final. Tudo o mais é lamechice insuportável, ou pior ainda, tudo o mais é querer tranformá-las. É querer alterar a sua antropologia. Tudo o mais é que é ser paternalista, fascizóide, segregacionista. Tudo o mais é não perceber coisa nenhuma de biologia, é não saber aceitar que homem e mulher cumprem papeis diferentes no quadro da mecânica natural da sua espécie. É não conseguir compreender que o Homo Sapiens é um produto relativamente bem sucedido dessas diferenças simbióticas, dessa multiplicidade diversa, que também é responsável pelo género que têm as palavras, tanto como pela ordem semântica da linguagem. Tudo o mais é querer transformar mulheres em homens.

b) Podemos bem percorrer a história do sapiens com zelo enciclopedista que só encontramos uma evidência: sendo a política a ciência da obtenção e manutenção do poder social, o conceito que traz atachado é substantivamente masculino. A questão, porém, é de ordem antropológica: o animal humano escolheu diferentes formas de assegurar a sobrevivência através dos seus modelos de organização social e política, que não são decorrentes da abstracção dos filósofos nem da crueldade dos revolucionários. Se exceptuarmos 3 ou 4 obscuros casos conhecidos e devidamente estudados, mesmo nas sociedades matriciais o exercício do poder - e da guerra - decorre da ambição, da pulsão predadora, da sede de conquista do sapiens macho.

c) No seu texto, o Shark fala das disparidades e injustiças que ocorrem não tanto nos centros urbanos do país, mas sobretudo no interior. Este argumento, porém, parece ignorar que a esmagadora maioria dos quadros partidários nacionais provêm precisamente do litoral urbano (reflectindo naturalmente as estruturas sócio-demográficas) e que - de qualquer forma - muito pouco poderá a nova lei contra realidades biológicas, culturais, étnicas e históricas desta antiga raça humana e deste velho país Portugal. O ilustre blogger, justamente preocupado com o desperdício de mais uma geração de mulheres capazes, evita interrogar-se sobre a vontade das mulheres capazes desta geração, que até podem não ter desejo algum em demonstrar a sua valia nos palcos institucionais do governo da nação. Isto, independentemente de serem as raparigas o género estatisticamente dominador no país universitário (outro facto que o Shark prefere descartar). Hoje em dia, sejam homens, sejam mulheres, há pouca gente com juízo e inteligência que se queira dedicar à profissão. Basta olhar para o deprimente cenário humano das elites partidárias que temos. E além disto: uma mulher capaz não pode simplesmente preferir dedicar-se mais aos seus filhos e menos à servidão da causa pública?

d) O meu caro amigo disserta também sobre o handicap que a maternidade implica para a performance profissional das mulheres. Ora este facto, por felicidade rara, não pode mesmo ser alterado por decreto-lei. Até ver, são as mulheres que têm filhos. São também elas que os amamentam. E, quem sabe por essa mesma razão, são substancialmente elas que os amam, que os educam, que os guiam, que os protegem, que os entendem e que os aturam.
É verdade que a mulher se deixou governar pelo homem em 99% dos casos da história regimental das sociedades. Mas que hipóteses de sobrevivência teria um regime que lhe retirasse o direito de cuidar dos seus filhos? Eva sabe bem das suas prioridades e eu cá, que até não sou dotado de progenitura, acho que a maternidade, por deus, não é um handicap. A maternidade é, ao contrário, a mais sagrada missão que um ser humano pode realizar à superfície deste calhau. E bem vistas as coisas, são os homens que se podem queixar do respectivo criador, dada a suprema discriminação: o bicho Adão foi nitidamente condenado a tarefas menores.

e) Só para terminar, que já estou a esticar o post para além dos limites do suportável: o quadro mental e filosófico desta lei, insere-se num novo tipo de fascismo manipulador, quase eugénico, sobre as sociedades ocidentais, que é característico de uma certa esquerda europeia e que muito me desagrada. Como liberalzito perneta que sou, acho que não cabem ao legislador/aprendiz de feiticeiro a prossecução de certo tipo de engenharias, cuja complexidade e amplitude ontológica ele não dominará nunca.

Global Jam - Moscow

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domingo, abril 02, 2006

Relatório e Contas

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Exercício 1 - Para além de ser um infeliz, o Sr. Manuel Serrão é um crápula da pior espécie e alguém devia criar uma lei que proibisse aos crápulas de qualquer espécie o articulismo obsceno na imprensa portuguesa. Nem que seja por uma questão de higiene pública.


Exercício 2 - As mulheres não são uma etnia. Por todos os deuses do número, as mulheres não são uma minoria. E todos os homens de sã masculinidade sabem que as mulheres não precisam de ajuda. As mulheres valem-se. As mulheres não carecem de préstimos insuflados e justificações de coxa estatísitca para seguirem a carreira da política. As mulheres não são maioritárias na política como não são minoritárias nas maternidades. As mulheres têm competências! Esticando a mentalidade de má sacristia do sr. Sócrates, estamos aqui estamos a obrigar a República ao seguinte logaritmo/decreto lei:

- 8% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - têm que ser pretos (são uma etnia);
- 3% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - têm que ser monhés (são outra etnia);
- 2% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - têm que ser chineses (são mais uma etnia e servem comidinha porreira a preços do caraças e foram nascidos no país mais poderoso do mundo contemporâneo);
- 20% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - têm que ser paneleiros (são uma espécie selvagem);
- 63% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - têm que ser imbecis (apesar de constituirem uma maioria absoluta, são objecto de perseguição);
- 1% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - têm que ser originários genéticos de um prime-time da TVI;
- 3% dos militantes partidários - e dos quadros políticos do estado - deverão ser gente capaz de gerir a causa pública.

Toda a discriminação é negativa. Especialmente a positiva, porque é irritantemente estúpida. E, geralmente, desnecessária.


Exercício 3 - The number 0.000013 ± .000002 contains two significant figures. The zeros to the left of the number are never significant. Scientific notation makes life easier for the reader and reporting the number as 1.3 x 10-5 ± 0.2 x 10-5 is preferred in some circles.


Exercício 4 - Jazzanova e Brahms.


Exercício 5 - Só há duas razões para que os portugueses emigrantes no Canadá recorram despudoradamente ao estatuto de refugiados: ou são de tal forma ignaros e miseráveis que merecem a absolvição dos deuses (que nunca a da lei dos homens) ou são culpados de infâmia pura e dura, caso em que, para ruína do meu país-destino, deverão rapidamente ser devolvidos à procedência. Já nem me lembrava de como era horrível estar de acordo com o Freitas do amaral.


Exercício 6 - You purchase a standard solution that is certified to contain 10,000 ± 3 ppm boron prepared by weight using a 5-place analytical balance. This number contains 5 significant figures. However, the atomic weight of boron is 10.811 ± 5. It is, therefore, difficult to believe the data reported in consideration of this fact alone.


Exercício 7 (ou "Top of the Popsilon") - Lebron James, João Pereira Coutinho, Marcel Proust.


Exercício 8 - "SER GOVERNADO é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, endoutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude. Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido. É, sob o pretexto da utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; e depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, acossado, maltratado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado.
Eis o governo, eis a justiça, eis a sua moral!"
- PROUDHON


Exercício 9 - A number reported as 10,300 is considered to have five significant figures. Reporting it as 1.03 x 104 implies only three significant figures, meaning an uncertainty of ± 100. Reporting an uncertainty of 0.05 x 104 does not leave the impression that the uncertainty is ± 0.01 x 104, i.e., ± 100.


Exercício 10 - O hilarioso, o gargalhador, o comicista, o piadético, o fantasticolente, o risofalante, o genialmutante Gato Fedorento, no Canal Público.