quarta-feira, junho 13, 2007

Vini, Vidi, Vinci.

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Para quem nunca guiou um kart, ou um F1 na Playstation 3 (as variáveis disparatadas são, no entanto, equivalentes), pode parecer que conduzir um Fórmula 1 nos mais tortuosos percursos que se possa imaginar, a trezentos à hora, é uma brincadeira de crianças. Não é. Conduzir estes automóves de ficção científica é um dos mais exigentes desafios que a civilização humana já inventou. É mais ou menos como meter um gajo num foguetão com destino à lua. A diferença (literalmente) é que a viagem dura apenas hora e meia. Ao contrário do que muito boa gente pensa, um piloto de Fórmula 1 tem que ser um predestinado, independentemente do patrocínio milionário. Basicamente, tem que ser um gajo do caraças para se aguentar à bronca. E quando eu digo bronca digo o Fernando Alonso todo borrado com este rookie chamado Lewis Hamilton que, nos primeiros seis grandes pémios da sua vida de vencedor, fez apenasmente um terceiro lugar, quatro segundos e uma excelente vitória de raposa.
Lewis Hamilton, convenhamos, é mesmo um daqueles heróis de que a Europa está deveras precisada. Pretinho primeiro a ascender à máxima categoria do automobilismo internacional, nascido na muito britânica santa terra de Hertfordshire, o homem é um campeão por natureza. Só um exemplo eloquente: enquanto piloto de F3, disputou 20 corridinhas. Ganhou só 15. Uma vez chegado à F1, por mão real do mago Ron Dennis, tem deixado a plateia global de queixo caído: é competitivo que se farta desde o primeiro centésimo de segundo, não comete um filho da puta de um erro, não parece nada afectado pela pressão e lidera, com alguma naturalidade, o campeonato do mundo de pilotos, com 8 pontinhos de avanço sobre o seu colega de equipa, que por acaso até é o bicampeão mundial da categoria.
Hamilton conduz de forma a lembrar-me muito o meu querido Alain Prost, cujos dois defeitos principais seriam, talvez, o de ser francês e o de ser antipático para todo o planeta. Eu adorava a inteligência, o cinismo, a confiança, a consistência do homem. Tudo qualidades que identifico neste novo maluco, embora este novo maluco até exiba algumas qualidades extra. No seu segundo grande prémio, Hamilton deu duas rabetas de levantar o estádio ao mesmo adversário, Felipe Massa, sendo que a última das rabetas deixou o brasileiro nas couves. Na conferência de imprensa posterior à corrida, Hamilton - nervoso e humilde - pediu desculpa por ser uma raposa e eu fiquei logo a gostar imenso dele.
O rapaz vai fazer história.