quinta-feira, agosto 16, 2007

Os filhos da meia-noite.

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1 - O Mistério de Estocolmo
Confesso envergonhado que foi preciso viver 40 anos para abrir pela primeira vez um livro escrito por Salman Rushdie. Não sei se existe redenção para isto, já que se trata para aí de um dos 5 autores mais importantes do Século XX. Mas se eu não tenho desculpa, que dizer daquela academiazeca nórdica que distribui anualmente, por desgraça moral e para triunfo dos maus costumes, o tristemente célebre troféu fiduciário que conhecemos por Nobel? O facto de Rushdie nunca ter ganho este pestilento prémio só lhe fica bem (o mesmo aconteceu com Borges e Joyce), mas, por todos os deuses da lucidez estética, expliquem-me então o mérito maluco dos seguintes ganhadores que, aparentemente, são merecedores da posteridadezinha que lhe é recusada:
Theodor Mommsen, Bjørnstjerne Bjørnson, Henryk Sienkiewicz, Giosuè Carducci, Rudolf Christoph Eucken, Selma Lagerlöf, Paul Johann Ludwig von Heyse, Sir Rabindranath Tagore, Carl Gustaf Verner von Heidenstam, Karl Adolph Gjellerup, Henrik Pontoppidan, Carl Spitteler, Jacinto Benavente, Wladyslaw Reymont, Grazia Deledda, Henri Bergson, Sigrid Undset, Erik Axel Karlfeldt, John Galsworthy, Frans Eemil Sillanpää, Johannes Vilhelm Jensen, Pär Lagerkvist, Halldór Laxness, Salvatore Quasimodo, Saint-John Perse, Ivo Andric, Miguel Ángel Asturias, Yasunari Kawabata, Patrick White, Eyvind Johnson, Harry Martinson, Vicente Aleixandre, Odysseas Elytis, Czeslaw Milosz, Elias Canetti, Jaroslav Seifert, Wole Soyinka, Toni Morrison, Kenzaburo Oe, Wislawa Szymborska, Gao Xingjian, Imre Kertész e Elfriede Jelinek.
A resolução do mistério é elementar: nenhum destes ilustres teve a coragem de tratar os persas pelos filhos da puta que são. E a academia sueca que, na sua sabedoria de clube recreativo, se acomoda nesta cobardia, não percebe que Salman Rushdie nem embirra especialmente com os persas. Do que ele não gosta mesmo é do fascismo de deus.

2 - Maomé e o Pato Donald
O canal de televisão da magnífica e humanista organização chamada Hamas tem um programa infantil cujo guião inclui a morte por espancamento do Rato Mickey às mãos de um polícia israelita e a ressurreição da Abelha Maia como mártir do islão. Eu estou a falar a sério. Sei que é difícil de acreditar mas, neste programa, as crianças são explicitamente convidadas ao ódio, ao fanatismo étnico e religioso e à prática terrorista através do recurso aos ícones do imaginário infantil ocidental. É uma coisa absolutamente terrível, garanto-vos, uma barbaridade da cair para o lado, mas eu vi-a, com estes dois olhos que, seguramente, a terra irá devorar. E se não acreditam em mim, podem fazer como S. Tomé, aqui. Agora, por favor, não me fodam mais a paciência com os palestinianos!

3 - Uma prova
Sobre a revolução filosófica que advém das conclusões alucinantes da Mecânica Quântica já eu estou para aqui fartinho de escrevinhar e mais me fartarei, claro está, no futuro. Mas por agora fica só o episódio das minas de Utah. A pressão gerada pelos media e pela opinião pública americana no sentido de encontrar vivos os mineiros encurralados, levou os responsáveis pela operação de salvamento a correrem enormes riscos de segurança. Como resultado temos mais gente a morrer. O observador tem implicação directa nos resultados. Eis, portanto, o famoso Princípio de Werner Karl Heisenberg: o produto da incerteza associada ao valor de uma coordenada xi e a incerteza associada ao seu correspondente momento linear pi não pode ser inferior, em grandeza, à constante de Planck normalizada.