terça-feira, janeiro 15, 2008

Sobre a lei do tabaco.

Nunca, depois de 33 anos de terceira república e 40 de existência, uma lei fodeu assim a minha maneira de estar vivo. Nunca. Incluo aqui toda a legislação que sustenta o fascismo tributário a que sou sujeito e a escumalha demente que tem, durante a duração deste durar, governado o meu país. Nunca, como agora, me senti assim desprezado, vilipendiado, posto à parte, submetido, amordaçado, combatido, marginalizado, compelido e traído.
Para além de todo o ridículo de uma lei mal nascida, mal pensada, mal escrita e mal feita, está o seu espírito: humilhar, isolar, submeter o cidadão fumador a um jugo infame que, em última análise, o obrigue a deixar de fumar.
E toda esta política de Francis Dracon, e toda esta ciência de Nicolau Maquiavel apenas para diminuir as despesas do serviço público de saúde em pobres e curtos pontos percentuais, dois ou três se quisermos sonhar quimeras. Ah, desgraçado serviço público de saúde cujo orçamento, em grandessíssima parte, serve para pagar às pessoas que lá trabalham. Cujo orçamento, em significativa fatia, já deve ser pago pelos impostos que os fumadores pagam para fumarem! Ah, infeliz a condição do contribuinte castrado!

Onde é que eu vou poder estar a jantar com os meus amigos? Ou perguntado de outra maneira: vivo em democracia quando sou impedido da sociabilidade, sou um homem livre quando me impõem a chantagem do chicote?

Estou finalmente a pensar em abrir um clube de combate. Por enquanto, fica só o hino pró-tabagista do momento, com o poema mais certo de todos os assertivos poemas que foram, ou virão a ser escritos sobre este assunto (é garantido).



"Say goodbye to everyone
You have ever known
You are not gonna see them ever again

I can't shake this feeling I've got
My dirty hands, have I been in the wars?
The saddest thing that I'd ever seen
Were smokers outside the hospital doors"