quarta-feira, janeiro 21, 2009

A repetida recomendação de Charles Baudelaire.

Enivrez-Vous

Il faut être toujours ivre.
Tout est là:
c'est l'unique question.
Pour ne pas sentir
l'horrible fardeau du Temps
qui brise vos épaules
et vous penche vers la terre,
il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi?
De vin, de poésie, ou de vertu, à votre guise.
Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois,
sur les marches d'un palais,
sur l'herbe verte d'un fossé,
dans la solitude morne de votre chambre,
vous vous réveillez,
l'ivresse déjà diminuée ou disparue,
demandez au vent,
à la vague,
à l'étoile,
à l'oiseau,
à l'horloge,
à tout ce qui fuit,
à tout ce qui gémit,
à tout ce qui roule,
à tout ce qui chante,
à tout ce qui parle,
demandez quelle heure il est;
et le vent,
la vague,
l'étoile,
l'oiseau,
l'horloge,
vous répondront:
"Il est l'heure de s'enivrer!
Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps,
enivrez-vous;
enivrez-vous sans cesse!
De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise."



Agora para anglófonos de todo o mundo
:


Get Drunk


Always be drunk.
That's it!
The great imperative!
In order not to feel
Time's horrid fardel
bruise your shoulders,
grinding you into the earth,
Get drunk and stay that way.
On what?
On wine, poetry, virtue, whatever.
But get drunk.
And if you sometimes happen to wake up
on the porches of a palace,
in the green grass of a ditch,
in the dismal loneliness of your own room,
your drunkenness gone or disappearing,
ask the wind,
the wave,
the star,
the bird,
the clock,
ask everything that flees,
everything that groans
or rolls
or sings,
everything that speaks,
ask what time it is;
and the wind,
the wave,
the star,
the bird,
the clock
will answer you:
"Time to get drunk!
Don't be martyred slaves of Time,
Get drunk!
Stay drunk!
On wine, virtue, poetry, whatever!"



Agora a minha versão em português de tasca:


Embebeda-te!


Deves estar sempre bêbedo.
Tudo se resume a esta questão:
de forma a deixares de sentir
o horrível fardo do tempo
que te pesa nos ombros
e te prende à terra,
deves embebedar-te sem tréguas.
Mas com quê?
Com vinho, com poesia ou com virtude,
é só escolher, mas embebeda-te.
E se alguma vez acordares
no pórtico de um palácio,
na verdura de uma vala,
na sombria solidão do teu quarto
e a bebedeira tiver diminuído ou desaparecido,
pergunta ao vento,
à vaga,
à estrela,
ao pássaro,
ao relógio,
a tudo o que foge,
a tudo o que geme,
a tudo o que gira,
a tudo o que canta,
a tudo o que fala,
pergunta que horas são
e o vento,
a vaga,
a estrela,
o pássaro
e o relógio responderão:
“São horas de te embebedares!
Para que não sejas escravo martirizado do tempo, embebeda-te, embebeda-te sem tréguas!
Com vinho, com poesia, com virtude,
é só escolher."