sábado, setembro 11, 2010

Da vida curta e do tamanho do tempo.

Tão curta é a vida, tão pequena
é a glória, que nem mesmo Atena
foi eterna nos dez anos de expresso
em que Ulisses fez o seu regresso.

Tão curta é a vida e tão extenso
É o espaço, que nem no imenso
Poema de Aquiles cabe o verso
Da vastidão ridícula do universo.

Tão curta é a vida, tão minimal
É o fado, que não há animal
Que viva sob a estrela do norte,
Liberto enfim da lei da morte.

Tão curta é a vida, tão fugaz
É a história, que para fazer a paz
Não chegam os dias do calendário
Nem sobram rimas ao poemário.

Tão curta é a vida, tão breve
A existência, que até a neve
D'Inverno é o orvalho de Agosto
E a lua passa como sol posto.

Tão curta é a vida, tão vasto
O caminho, que é nefasto
Percorrê-lo: ao fim da estrada
Não há deus, não há nada.