quinta-feira, setembro 29, 2011

Speed Freak (1)

Doze anos de insistência e finalmente uma slot enorme, a bombar a 100%, com vinte e cinco automóveis por onde pegar. Lindo, não é?

De acordo com o silêncio:

"Não é possível eu dizer para alguém: Fale mais alto, berre, pois sou surdo. Como pode abandonar-me o único dos sentidos que em mim deveria ser maior que nos outros?
Ludwig van Beethoven

Ai, meus irmãos! Sabemos talvez um pouco demasiado sobre todos nós! E muitos há que se nos tornam transparentes, mas ainda assim não o suficiente para que os consigamos penetrar. É difícil viver entre os homens: é tão difícil o silêncio.
Friedrich Nietzsche

Oh, eu morro, Horácio. O potente veneno já vence o meu espírito. Não posso viver para ouvir as notícias da Inglaterra, mas eu deveras prevejo que a eleição brilha sobre Fortinbras. Ele tem meu voto moribundo; diga-se-lhe isso, com os incidentes, grandes e pequenos, que serviram de motivação. O resto é... silêncio. (Morre).
Hamlet - William Shakespeare

Obra prima do momento ou a banda das cento e cinquenta malhas (3)



The Pigeon Detectives | Everybody Wants Me

Obra prima do momento ou a banda das cento e cinquenta malhas (2)




The Pigeon Detectives | I'm Not Sorry

terça-feira, setembro 27, 2011

Obra prima do momento ou a banda das cento e cinquenta malhas (1)



The Pigeon Detectives | Take Her Back 

Destes rapazinhos aqui conheço três discos. Destes 3 discos seleccionei "apenas" 30 músicas para a playlist do itunes onde só coloco grandes malhas. Impressionante. É um heat atrás do outro. Pinguins Detectives. Sim, senhor. Uma banda que recomendo vivamente para aliviar o aborrecimento da existência.

sexta-feira, setembro 23, 2011

Anti-Facebook: admoestação à Terceira República.

"Apóstolo do erro, moralistas e políticos! Depois de tantos indícios da vossa cegueira, pretendeis esclarecer o género humano? Se as vossas ciências ditadas pela sabedoria só serviram para perpetuar a indigência e os sofrimentos, dai-nos antes ciências ditadas pela loucura, conquanto elas acalmem os furores e aliviem a miséria dos povos. Eis filósofos, os frutos amargos das vossas ciências; indigência e mais indigência: entretanto afirmais ter aperfeiçoado a razão, quando soubestes apenas conduzir-nos de abismo em abismo."
Charles Fourier | Teoria dos Quatro Movimentos | 1808

terça-feira, setembro 20, 2011

Da natureza do riso.


Na imagem, Torres agoniza, após ter falhado um golo de baliza aberta. E os malucos do Man United mal se aguentam de felicidade. Um dos meus novelistas preferidos - Stendhal - diria: "Rimo-nos pelo prazer do amor-próprio."* E diria muito acertadamente. O humor é uma arma de nós contra os outros, de mim contra ti; uma espécie de tique tribal, um instrumento de afirmação pessoal.


Agradecimentos: Futebol Veteranos de Tremez
* Do Riso - Um Ensaio Filosófico Sobre um Tema Difícil

Obra prima do momento - Redux.




The Airborn Toxic Event | All I Ever Wanted

sábado, setembro 17, 2011

Uma cosmogonia na Casa da Música.



Wagner demorou 26 anos a escrever o Anel do Nibelungo, uma obra para mais de cem músicos com cerca de quinze horas de duração, que estabelece um cânone supremo sobre a cultura alemã. Este fim-de-semana, na Casa da Música, desenrola-se uma feliz adaptação sintetizada para 20 músicos (Remix Ensemble) e 9 horas de comprimento. Estou neste momento, saído da segunda jornada - A Valquíria, a meio da aventura. Às 21h00 volto para lá. E amanhã lá estarei outra vez, até ao fim do sonho mítico de Wagner. E, na expectativa da vingança de Siegfried, sinto-me neste momento um ser humano verdadeiramente privilegiado.

sexta-feira, setembro 16, 2011

Obra prima do momento - A bombar com aparato sinfónico.



The Airborn Toxic Event | All I Ever Wanted (Live from Walt Disney concert Hall)

Anti-Facebook: a opinião das massas.

Não submeta as suas ideias ao voto popular. A opinião das massas raramente é inocente e muitas vezes está errada. Maioria não é sinónimo de certo, nem tão pouco dá qualquer garantia.

In "Dez Mandamentos da Universidade Criativa" - IADE - 2011

quarta-feira, setembro 14, 2011

O rosto da depressão.

Depressão é a incapacidade de construir um futuro. Rollo May


O rumor em Washington é que Barack Obama sofre de um grave caso de depressão.
Tem boas razões para isso. Tem boas razões para estar deprimido aquele que vai ficar para a posteridade como o pior presidente da história dos Estados Unidos da América.
Tem boas razões para cair numa tristeza patológica quem finalmente, tardiamente, conclui que não está minimamente preparado para o mais exigente emprego que o império tem para oferecer. Tem boas razões para não querer sair da cama o infiel que quis fazer da América uma grande Islândia, com serviço Nacional de Saúde e tudo. Tem boas razões para se sentir baixo, inútil, incapaz, o senhor que prometeu dois milhões e meio de empregos inexistentes e que se limitou a perder quatro vírgula nove milhões de empregos existentes. Tem razões para encarar seriamente o suicídio o irresponsável que elevou a dívida federal de 3 para 11 por cento do produto interno bruto. Sim, é natural que precise desesperadamente de uma dose farta de fluoxetina o infame que praticamente mandou fechar a NASA. O palerma que gastou não sei quantos biliões de dólares da bolsa do contribuinte para estimular um programa de "green jobs" que, só na Califórnia gerou o número astronómico de setecentos empregos e em toda a federação, menos de trinta mil. O mesmo palerma não tem, de facto, razões para sorrir quando pensa que foi anunciar o falso triunfo da mesma política nas instalações da Solyndra, empresa exemplo, financiada pela sua administração, que entretanto já tinha gasto todo o dinheiro e que anunciou a falência um ano depois do triunfante discurso. Um fraquinho incompetente que usou o desastre do Golfo para vender o seu abstruso plano ecológico e que falhou até em trazer os jogos olímpicos para Chicago, tem mesmo que estar com graves problemas de auto-estima.
Um tagarela que gosta de reinventar a história com discursos adolescentes que, sem deixarem de ser pomposos, são prolixos em referências inexactas e equívocos de colegial; um mãos largas que tornou os apparatchiks do estado nos funcionários mais bem pagos do país; um estarolas que fez crescer a dívida federal de dez triliões de dólares em 2008 para catorze triliões de dólares em 2010; um gastador crónico que está sempre a querer sacar mais dinheiro aos outros para continuar a alimentar o vício de gastar, convenhamos, não pode estar feliz.
E sim, sim, tem excelentes razões para sucumbir ao insustentável peso da existência o desgraçado do pedante que devolve aos ingleses o busto de Churchill; o ignorante que casou com outra ignorante que não sabe que lhe é interdito o contacto físico com a Rainha de Inglaterra; a criatura que é Nobel da Paz sem saber ler nem escrever e que mesmo assim não conseguiu fechar Guantanamo (Deus é grande, não é?) nem deixar de bombardear a Líbia sem o famoso beneplácito do Conselho de Segurança das Nações Unidas (só aos presidentes eleitos pelo democratas é concedido o livre arbítrio em relação a possíveis agressões internacionais); o miserável maometano que se verga perante os príncipes sauditas como um vulgar e bom súbdito, que vai permitindo ao Irão elevar-se como uma potência nuclear, que prefere a diplomacia com terroristas do que defender o seu aliado natural, o seu aliado de sempre no médio oriente: Israel.
Percebe-se bem que esteja nas lonas, sem ânimo e sem energia, o homenzinho que, sem apelo nem aviso, desactivou o escudo nuclear que protegia a Polónia, que mandou retirar do Iraque com o trabalho a meio, desonrando assim as vidas dos soldados americanos que lá se perderam; que mandou retirar do Afeganistão com o trabalho a meio, desonrando assim as vidas dos soldados americanos que lá se perderam e garantindo um triunfo de profundo alcance geo-estratégico aos radicais islâmicos.
É natural que precise de se esticar no divã do psicólogo o atrasado mental que tem feito tudo, mas tudo, para apequenar o que um dia constituiu a grandeza da América: o individualismo e a liberdade de iniciativa, a imaginação e a capacidade industrial, o voluntarismo e a volição civilizadora, a ideia de um estado de direito, magro, decente, criado pelos cidadãos para servir os cidadãos, tímido nos impostos e valente nas guerras, altruísta nos valores e imperialista na diplomacia.
Barack Obama tem boas razões para ter vergonha e tem boas razões para desistir e tem boas razões para pedir perdão aos pais fundadores, semi-deuses cuja herança veio usurpar. Em apenas 3 anos, o feiticeiro que vendia esperança aos crédulos, revelou-se o logótipo humano da desilusão global, o falso profeta, o vil herói, a promessa de polipropileno que realmente sempre foi. A cara chapada deste deprimente início de século.

Obama e Israel:




Obama e o escândalo Solyndra:


Obama em negação:


A herança de Obama:

sábado, setembro 10, 2011

Anti-Facebook: a queda.

"Caí pela escada abaixo subitamente,
E até o som de cair era a gargalhada da queda.
Cada degrau era a testemunha importuna e dura
Do ridículo que fiz de mim."

Álvaro de Campos

Vêm aí os hunos.


O maior espectáculo do mundo está de volta. Deste fim-de-semana até ao fim de Fevereiro, é porrada que ferve, à mistura com alguns ataques de brilhantismo. As long as the Devil plays quarterback, may God Bless America.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Anti-Facebook: um recado de Gibbon.

"Os Godos reuniram os livros de todas as bibliotecas e estavam prestes a incendiar esta pilha funerária da sabedoria grega, se um dos seus chefes, dotado de um sentido político mais refinado que os compatriotas, não os tivesse dissuadido de tal desígnio com a profunda observação de que, enquanto os gregos estivessem ocupados com o estudo dos livros, jamais se dedicariam ao exercício das armas. O sagaz conselheiro raciocinou como um bárbaro ignorante. Nas mais civilizadas e poderosas nações, génios de todos os géneros têm-se desenvolvido quase ao mesmo tempo, e a idade da razão foi, regra geral, a idade da virtude e do sucesso militar."

Edward Gibbon | Declínio e Queda do Império Romano

Auto-Retrato como Apóstolo Paulo - 1661


De todos os auto-retratos de Rembrandt (e são uns quantos), este é o que mais me fascina. Não pelo tema do apóstolo que considero de importância marginal, mas talvez pela autenticidade com que o mestre se mostra, sem esconder a fraca figura e a usura dos anos. Mas talvez pelo olhar resignado e sábio de quem sabe já da vida o que a vida permite que se saiba, mas talvez pelas sobrancelhas arqueadas, interrogativas, num feitiço de mago antigo. Mas talvez porque sempre que vejo Rembrandt assim, pelos olhos dele, o oiço a perguntar-se: "afinal, porque raio andei para aqui metido em trabalhos?" A obra deste homem prodigioso está toda ela envolta num manto de sinceridade pungente, de verdade indomável. Mas este retrato em especial arrepia-me até ao fundo da alma. Mesmo.

terça-feira, setembro 06, 2011

Anti-Facebook: famous last words.

"Conta-se que um poeta maldito do segundo império, Theodore Pelloquet, vagabundo e bêbedo que ficou afásico, ao tentar no seu leito de morte exprimir aos seus próximos a sua última vontade só conseguiu pronunciar a primeira sílaba: abs..., sem que se conseguisse saber se queria um copo de absinto ou a absolvição dos seus pecados por um padre."

Robert Bréchon - Estranho Estrangeiro - Uma biografia de Fernando Pessoa

quinta-feira, setembro 01, 2011

Davidoff Lights


No último cigarro é que está o mistério.
A desfocada presença dos deuses ajuda ao entendimento do mundo e
há glória grande no derradeiro sopro nicotoíde
que se esfuma em sonhos brancos de solidão e desespero.
Não importa que falem os filósofos sobre a angústia sem filtro,
que protestem as multidões em baforadas de despeito:
no último cigarro é que está o mistério.
Fumar vale a pena por causa disso.
Disso de podermos consumir os deuses enevoados,
génios efervescentes à procura de uma saída da lamparina da história
que é um maço de tabaco.
Fumar faz bem aos pulmões da razão
e é com tristeza imensa e saudade grande
que nos despedimos da beata derradeira na gare mundana e ferroviária
de um cinzeiro.
Adeus, adeus, cilindro-falo, muleta da existência,
companheiro dos nervos e das insónias,
fiel depositário da confiança nenhuma, cinza pura no chão do Inverno.
Aspiro, inspiro, recebo a bênção e a libertação no carvão em fogo,
por dentro da mortalha:
no último cigarro é que está o mistério.
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