quarta-feira, setembro 07, 2011

Auto-Retrato como Apóstolo Paulo - 1661


De todos os auto-retratos de Rembrandt (e são uns quantos), este é o que mais me fascina. Não pelo tema do apóstolo que considero de importância marginal, mas talvez pela autenticidade com que o mestre se mostra, sem esconder a fraca figura e a usura dos anos. Mas talvez pelo olhar resignado e sábio de quem sabe já da vida o que a vida permite que se saiba, mas talvez pelas sobrancelhas arqueadas, interrogativas, num feitiço de mago antigo. Mas talvez porque sempre que vejo Rembrandt assim, pelos olhos dele, o oiço a perguntar-se: "afinal, porque raio andei para aqui metido em trabalhos?" A obra deste homem prodigioso está toda ela envolta num manto de sinceridade pungente, de verdade indomável. Mas este retrato em especial arrepia-me até ao fundo da alma. Mesmo.