quarta-feira, outubro 14, 2015

Carta aberta a todos os que votaram à esquerda, mas não num governo de frente estalinista.

Apelo hoje e aqui àqueles que votaram, nas últimas eleições, à esquerda, mas que são pessoas decentes, pessoas inteligentes, pessoas desprovidas de uma vontade radical de suicidar este país, e que, quando depositaram o seu voto, ignoravam que esse voto podia ser utilizado para criar um solução golpista e infame de governo, apoiada por forças estalinistas e/ou revolucionárias, que têm apenas como objectivo último a destruição de todos os valores que fazem de Portugal um estado de direito, que tem a dignidade humana, as liberdades individuais e a economia de mercado como princípios básicos.

Peço-vos encarecidamente que leiam o programa eleitoral do Partido Comunista Português. Peço-vos encarecidamente que leiam o programa eleitoral do Bloco de Esquerda e, depois, que projectem a vossa vida e a vida dos que vos são queridos no âmbito desses pressupostos. Peço-vos também que equacionem a reacção dos credores internacionais à tomada ilegal do poder executivo da república por estas forças, que são profundamente anti-europeias, anti-ocidentais e que, manifestamente, não pretendem pagar o que devem.

O Syriza chegou ao poder na Grécia de forma legítima. Mostrou-se, ainda assim, disposto a negociar. E aconteceu o que aconteceu. Com um governo ilegítimo, sustentado por partidos que estão completamente fora do quadro institucional europeu, o que acham, meus amigos, que vai acontecer a Portugal? O que acham que vai acontecer às vossas vidas?

Peço-vos ainda que reflictam nas opiniões inúmeras vezes reiteradas pelos líderes partidários do PCP e do BE sobre o terrorismo islâmico, sobre a ditadura de Putin, sobre a obscenidade criminosa do regime vigente na Coreia do Norte. Lembro-vos que o actual secretário geral do PCP se manifestou indeciso, quando lhe perguntaram, por ocasião de um qualquer campeonato do mundo de futebol que colocou a Coreia do Norte no caminho da Selecção Nacional, por qual das equipas iria torcer (a resposta foi arrepiante, mas até a necessidade de fazer esta pergunta é significativa). Lembro-vos que nunca um quadro do PCP, mesmo que intermédio, foi capaz de renegar publicamente a figura de Estaline, um dos maiores assassinos da história da humanidade (o segundo, a seguir a Genghis Khan).

Áqueles que são católicos, ou apenas cristãos, recordo a constante guerrilha que é feita à igreja e aos mais fundamentais valores da civilização cristã pelos quadros do Bloco de Esquerda, sem que se oiça da parte destes qualquer crítica aos islamismo mais radical e aos seus líderes religiosos, que tratam as mulheres como objectos, que misturam religião com poder político, que recrutam jovens para a matança de milhares de inocentes, que apelam ao ódio, que fazem, todos os dias, a apologia da violência.

Não acredito que sejam insensíveis aos meus argumentos. Não acredito que vejam com bons olhos a tomada do poder por gente cujos valores são objectivamente antípodas dos vossos.

A tentativa de ursupação do presente regime constitucional por parte de um canalha desesperado, um homem que, como é evidente em todo o seu trajecto político, recorreu, recorre e recorrá a qualquer vilania para levar avante os seus interesses pessoais, tem que ser combatida por todos os que acreditam nos ideais da democracia ocidental. E a responsabilidade, meus caros, também é vossa. O vosso voto responsabiliza-vos directamente pelo que está a acontecer neste preciso momento.

Apelo, assim, à vossa dignidade democrática, ao vosso bom senso e à vossa capacidade de cidadania para que manifestem, nas redes sociais, entre amigos, no seio das vossas famílias e, se necessário, nas ruas, a rejeição clara do golpe de estado que está em curso.

Acreditem: é a História que está em jogo. E é o conforto das vossas vidas burguesas e pacíficas que serve a António Costa de fichas de casino.

Paulo Hasse Paixão