quinta-feira, novembro 05, 2015

Da poesia chinesa.

Exército em Retirada

Um vento glacial sopra em Tien Shan.
Soam as flautas. A escalada continua.
Entre os rochedos trezentos mil soldados
Voltam-se de repente para olhar a lua.

Li He (797-817)
Trad. Jorge Sousa Braga


------------


A Bela de Yu

Flores da Primavera, lua de Outono, acabam quando?
Do passado - quanto sei eu?
No pequeno pavilhão, noite ainda, mais uma vez soprou o vento leste!
Não tenho coragem para olhar para trás, para o meu país ao luar.
Balcões esculpidos, escadas em mármore devem permanecer!
Somente os rostos, radiantes, mudam.
Pergunto: quanto sofrimento podes suportar?
Tanto quanto as águas da Primavera de um rio que corre para leste.

Li Yu (937-978)
Trad. Alexandre Li Ching


------------


Canto do Sucesso Próximo

Retirado a oeste, no entardecer dos anos,
vivo feliz, apagando as pégadas da cidade e da corte.
Entre montanhas imponentes,
um lago verde para eu pescar.
Vendo o peixe, compro vinho,
ébrio de corpo, sóbrio de espírito,
ao som da flauta,
afasto toda a inquietude.
Vivo por detrás das nuvens,
só as gaivotas do rio me conhecem.

Lu You (1125-1210)
Trad. António Graça de Abreu