segunda-feira, maio 25, 2015

Da promessa e da conquista.

Toda a gente que me conhece sabe perfeitamente que o actual presidente do Sport Lisboa e Benfica não é propriamente um personagem que me seja simpático, mas, de facto, devo reconhecer que, com o tempo, o homem tem mostrado resultados, quer ao nível desportivo quer no que diz respeito à estrutura instalada. O meu querido amigo Nuno Miguel Silva faz a redenção por mim, num texto que recebi dele por SMS e que se refere a um muito pertinente artigo do Jornal i, da autoria de Rui Pedro Silva.


O SLB NÃO É UM CLUBE PARA TANSOS!

Há três anos, quando Luís Filipe Vieira se recandidatou à presidência do glorioso - o mandato acaba no final da época de 2016 - prometeu três campeonatos nacionais e uma final europeia para o futebol, e 50 títulos nas restantes modalidades. Na altura terá soado a bazófia ou mera loucura. Agora até parece fácil. O Benfica somou, desde 2012, 56 títulos nas modalidades e a terceira época ainda não acabou. Objectivo mais que superado. A equipa de futebol, esteve em duas finais europeias. Objectivo superado. E ganhou dois campeonatos, perdendo um à risca. Mas ainda falta um ano de mandato. Num país em que nenhum responsável cumpre o que promete, diria que é obra, não civil, mas civilizacional. 
O Sport Lisboa e Benfica, com Luís Filipe Vieira, voltou a voar ao grande estilo da águia.

Uma banda que não engana.



The Charlatans. Sabemos sempre o que esperar destes senhores: grandes malhas. E o último disco, Modern Nature, está bem dentro das expectativas.

quinta-feira, maio 21, 2015

Poema do homem que não morre.

O homem que não morre fala mais alto que as palavras.
Rima com a vida enquanto versa em liberdade.
   
É maior que os plátanos, é mais alto que as sequóias porque
engana a morte.

O homem que não morre dá ordens em voz alta.
Diz assim aos deuses: "Vão para a puta que os pariu. Eu mando mais."

O homem que não morre anuncia o seu livro de poemas enquanto lhe estão
a substituir o fígado.

(A imortalidade é ter um gajo qualquer a ler poemas teus no momento em que
estás a mudar o filtro).

O homem que não morre dirije-se aos homens que morrem com voz grossa
e saudade de bebedeiras.

Há, no homem que se recusa a morrer, um regresso à coragem:
a vontade indomável de Prometeu.

Há, nesse insolente, uma fome insaciável de existir, uma sede irrecuperável
de versos furiosos, delicados, permanentes.

Sim, sim, puta que pariu os deuses.

sexta-feira, maio 15, 2015

Davidoff Lights

Sou tão fútil.
Há um amigo meu que está a morrer porque ninguém confia o suficiente nele para lhe dar um fígado.
E eu, fútil, não tenho jeito para acompanhar a morte do meu amigo que está, impaciente, à espera de morrer por falta de um fígado.
Sou tão fútil.
Há um amigo meu que tem um ego difícil, não mais difícil que o meu ego, claro. Só que eu sou fútil e este meu amigo beija-me na boca à porta do café onde vai beber café todos os dias e isto é ser mais corajoso do que tu, querido leitor, alguma vez te atreverás.
Sou tão fútil.
A minha mãe, isto não é uma metáfora, caralho, a minha mãe acha que eu sou mesquinho e invejoso.
Tudo o que eu consigo achar sobre mim, por acaso, é que não sou nem uma coisa nem outra. Serei, gentil visitante deste miserável blog, um canalha ou um anjo, não interessa na verdade porque a única coisa que te posso prometer é que não sou mesquinho nem invejoso embora seja
Tão fútil
Que até enerva.
Tenho dois amigos em Guimarães que não acreditam em mim. A minha namorada não acredita em mim. A minha ex-mulher não acredita em mim. A rapariga que me fez mudar de cidade também não. O meu irmão mais novo desconfia e o mais velho não quer realmente saber. O meu pai está aqui está morto, a minha mãe está aqui está cega, e eu estou a fazer do blog uma espécie de facebook, bem sei, até porque eu
Sou tão fútil.
Mas tão fútil
Que dá nervos.
Tenho um amigo que chega grosso ao sítio onde era suposto engrossar-se. Mas eu sou tão fútil que não chego a perceber a razão fundamental que ele tem.
Sou tão fútil.
Mas tão fútil
Que as estrelas passam a pixeis.
Faço de conta que aprendo espanhol e que sou uma criatura funcional. Faço de conta que tenho uma profissão. Que tenho uma vida para além da fantasmática sucessão absurda das coisas. Faço de conta que escrevo uns textos interessantes para o deus me livro e a coisa mais importante que escrevi para o deus me livro foi um poema do Ary que o meu editor rejeitou. Faço de conta que sou esperto mas sou tão, mas tão
Fútil.
Tão mas tão
Estúpido.
Tão fútil, tão estúpido,
que fico fodido quando não consigo mostrar ao meu irmão mais novo
que até sou mais ou menos competente no Gran Turismo 6.
Sou tão fútil
Mas tão fútil
que até quando cito, com propriedade, o bom e o velho do Nietzsche
os meus amigos mais amigos meus acham que os insulto porque sei citar o bom e o velho e
Sou tão fútil,
Mas tão fútil, gentil e paciente leitor,
que devias na verdade evitar a missão de chegar a este ponto
final.