terça-feira, outubro 13, 2020

A Scotland Yard como polícia política.

Numa entrevista à BBC, o youtuber Darren Grimes disse que  escravatura não é o mesmo que genocídio. Vai daí, a Scotland Yard abriu uma investigação sobre o rapaz, por alegada intenção de fomentar o ódio racial.

Podemos concordar com Grimes ou não. Eu por acaso não concordo. Concordo porém com o direito que ele tem de pensar assim ou assado e de dizer o que lhe apetecer. Ao direito que temos de pensar assim ou assado e de dizer o que nos apetecer chamamos livre arbítrio (ou liberdade de expressão, se quiserem). E o livre arbítrio é, em muitos casos, protegido constitucionalmente pela nações ocidentais.

O problema é que a constituição inglesa é consuetudinária (fundamenta-se no costume e não no formalismo de um documento escrito), o que sempre foi um ponto de honra para os bifes, enquanto o mundo vivia tempos normais. Como vivemos na mais absurda anormalidade, faz agora falta aos bifes um documento constitucional que proteja malucos como Darren Grimes. Porque chegarmos ao ponto em que a polícia abre investigações sobre cidadãos por causa da opinião que têm sobre isto ou aquilo parece-me, no mínimo e para não estar para aqui a irritar-me com as minha próprias palavras, preocupante.

Uma polícia que fiscaliza aquilo que as pessoas pensam e dizem é, necessariamente, uma polícia política. E só existem polícias políticas em estados totalitários. Logo, esta inacreditável decisão da Scotland Yard, que vem no seguimento de outras do género, coloca em questão a natureza do estado e do regime britânico.

Isto vai de mal a pior.