quinta-feira, agosto 14, 2014

O traidor patriota.

A Wired é uma revista espectacular, que tem sido referência constante neste blog, desde que este blog existe. É, também e como convém, uma publicação perversa. Tenho mantido alguma tolerância com a perversidade da Wired porque me parece que o "cool" dos tempos tem que ter um bocadinho disso. Mas este último ataque de mau gosto e de mau senso fez-me uma insuportável comichão na espinha. A Wired quer convencer o seu público que Snowden é, na verdade, um patriota.
Hã?
Snowden é, na verdade, um traidor da pior espécie. Da espécie dos traidores que deviam ser sumariamente fuzilados. Snowden não ama o seu país, por amor de deus. Snowden é responsável directo pela falência de todo um sistema de recolha de informação que tinha como objectivo a segurança do seu país. Snowden é responsável directo pela morte de milhares de pessoas que sacrificavam e sacrificaram a sua vida para proteger os interesses dos Estados Unidos da América. Snowden é um vendido, é um crápula, é um imbecil, é um fraco, é um erro de casting, mas não é um patriota. E, o que é mais, nem sequer está arrependido. No seu arrepiante esquema moral, Snowden acha que está cheio de razão e que está a defender a Constituição dos Estados Unidos da América (!).
E a Wired deixa passar isto. Promove isto. É cúmplice disto. Vai ser, também e seguramente, um dia, vítima disto. E é bem feito. O problema é que todos seremos um dia vítimas desta horrorosa complacência perante o inimigo. E isso é que já não tem piada nenhuma.