segunda-feira, agosto 20, 2012

Nem mais, nem menos.

"Quando se diz que o jornalismo é um sacerdócio, diz-se bem, mas o sentido não é o que se atribui à frase. O jornalismo é um sacerdócio porque tem a influência religiosa dum sacerdote; não é um sacerdócio no sentido moral, pois não há, nem pode haver moral no jornalismo."

Fernando Pessoa "Argumento do Jornalista"

segunda-feira, agosto 13, 2012

A grande novela portuguesa.


Hei-de acabar por morrer proscrito,
sem nunca ter escrito
a estória de tudo, o pan-policial.
E de cada vez que penso nela,
é com uma nova novela
que sonho afinal.

No meu épico calhamaço que jamais
terá mil páginas ou mais,
o Pessoa ganha enfim um
Primeiro-Prémio-Nóbel, oscarizado,
por ter concebido e acabado
romance nenhum.

Hei-de acabar por morrer sem escrever
a suprema razão de ser
de um assassino inspirado,
que mata por ordem aleatória
com um poema-dedicatória
nos cadáveres afixado.

No meu marítimo, ítimo, ítimo conto-cais
com mil páginas ou mais,
Almada vende a alma ao diabo
p’los painéis da gare e uns tostões
p'ra pagar um copo ao Camões,
na dobra do cabo.

Hei-de acabar por morrer sem ter escrito
o derradeiro opus maldito,
definitivo fado de Portugal.
E de cada vez que penso nela
mais impossível fica a novela,
mais longe do final.

domingo, agosto 12, 2012

Três fitas de cinco estrelas.


In Darkness | Agniezka Holland
Uma espécie de Underground, mas sem os artifícios, sem as fantasias, sem o folclore de Kusturica. Um filme nu e cru. Nem mais ou menos violento, nem mais ou menos intenso, nem mais ou menos cruel que a vida.


360 | Fernando Meirelles
No cruzamento de amores e desamores, de perdas e traições, passa gente que persegue o seu destino, colidindo com outros destinos, voando aleatoriamente entre cidades e línguas e desgraças e triunfos. 360 graus de um cinema criativo e fluente, que nos transporta pelos aeroportos do caos a que chamamos aldeia global.


Citizen Gangster | Nathan Morlando
Agora conduzo este autocarro. Ontem morria na trincheira. Agora sou Rudolfo Valentino, amanhã serei John Dillinger. Pratico a minha dança de morte no palco que é o assalto à mão armada. Represento o drama que sou eu. O crime não compensa. Nem o amor. 

quinta-feira, agosto 09, 2012

Até onde pode ir a curiosidade?


Esta é a primeira imagem decente tirada pelo robot Curiosity, 48 horas depois de aterrar em Marte. Apesar dos esforços destrutivos da Administração Obama e depois de 8 meses e meio de prego a fundo e sete minutos de terror (a Nasa tirou da cartola um complicadíssimo número de circo para fazer chegar o pobre robot, são e salvo, à superfície marciana), estamos agora em condições de obter mais dados científicos sobre Marte do que alguma vez foi possível. Se tudo correr bem, claro. Porque em matéria de exploração espacial, estamos ainda na idade em que fazer figas e rezar pais nossos faz todo o sentido.