segunda-feira, maio 29, 2006

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Na imagem, Jason Terry, o mágico base dos Dallas, passa pelo MVP da época regular e Senhor Mãozinhas - Steve Nash - para afundar mais dois pontos, no jogo de Sexta-Feira.
Estamos em finais de conferência e a NBA mostra o que vale: é tudo jogadinho hoje como se não houvesse mais bola amanhã. Os play-of deste ano passaram a lenda, depois das séries serem disputadas com unhas e dentes, quase todas, a sete jogos. Tenho visto coisas que desafiam a física, a lógica e a filosofia, na NBA. Mas este ano, isto está mesmo muito próximo da transcendência.

sexta-feira, maio 26, 2006

Sobre o parvalhão anónimo.

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Na blogosfera, como na vida, percebe-se que os parvos sabem bem que são parvos. Têm a verdadeira e dolorosa consciência do facto e envergonham-se. É por isso que nunca assinam as idiotias com que, em má hora, infestam os blogs alheios (que espertos!).

É muito raro ler um comentário inteligente deixado por um anónimo, não é?

quarta-feira, maio 24, 2006

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"Não tem muito que saber. É apenas necessário tocar as notas certas no tempo exacto que o instrumento faz o resto."
Johann Sabastian Bach, quando cumprimentado pelo seu virtuoso domínio do cravo.

Confesso que me sinto bastante culpado de um delito que é partilhado pela multidão: no que diz respeito à epistemologia da música, a ideia comum é a de que Barroco é Bach primeiro e Vivaldi depois. Ora, sucede que hoje à noite fui conduzido por um querido amigo à impressionante aventura dos Tafelmusik, uma entidade sonora que se dedica a avisar os incautos acerca da falibilidade dos preconceitos com que interpretamos a música criada nos sécs. XVII e XVIII, ao mesmo tempo que performa um espectáculo verdadeiramente único por uma montanhada de razões, a saber:

• O CCB resolveu presentear Lisboa com um só espectáculo. Este de que falo.

• O Grande Auditório não estava apinhado com os pequeno-burgueses-ávidos-das-festas-da-música. Nem estava apinhado, ponto. Respirava-se!

• Tafelmusik é uma feliz, consagrada e competentíssima orquestra constituída por 18 humanóides absolutamente geniais, que estão alegremente empenhados em que a malta perceba - e valorize - a componente lúdica da música barroca.

• O espectáculo desta noite teve como estrela do norte as maravilhosas "Metamorfoses" de Ovídio, o que só por si é contar bastante, mas, ainda assim, que dizer disto: "Tenho cavernas no flanco da montanha / onde o sol nunca te afligirá."

No entretanto das encantatórias rábulas de Ovídio, estive muito contente e em puro deleite a ouvir obras-primas de Jean-Philipe Rameau, Jean Baptiste Lully, Marian Marais e Alessando Marcello. Vivaldi também constava do reportório, mas Bach, ironicamente, não.
A "Tempestade" de Marais é um momento extra-terráqueo de glória e arte, tanto como a história quasi-homérica de Céix e Alcione para a qual a peça foi escrita. Mas momentos como este, encheram cheinha uma noite perfeita de Barroco.
Hoje, posso dizer que fiquei um bocadinho menos ignorante.
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quinta-feira, maio 18, 2006

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Dr. House. Excêntrico Jesus Cristo do serviço nacional de saúde americano. Um gajo lindo e visceral. Um herói moderno. Um actor a sério. Todo ele é líder das audiências da minha inteligência emocional. E agora, que comprou uma moto de cair para o lado (250 cv/140 kg com suporte de titânio para a bengala), compete com Homero na corrida para a história sagrada. House não é um humanista. Salva vidas apenas porque é integro para com o destino a que foi condenado. Mais nada do que brio profissional. Rigorosamente mais nada.

quarta-feira, maio 10, 2006

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"I am actually not at all a man of science."
Sigmund Freud, carta a Wilhelm Fliess - 1900.

Provavelmente, o maior impostor da história moderna, Sigmund Freud infectou a mentalidade ocidental de uma catrefada de falsidades de tal forma inacreditáveis que só podemos chegar a uma conclusão: a ciência humana está ainda na sua fase embrionária, e somos todos quase tão crédulos e ignorantes como aquele velhote desgrenhado da Macedónia que dividia o universo em três ou quatro esferas celestes, aqui há uns dois mil e quinhentos anos atrás.
Iniciando a sua carreira com uma grandiloquente defesa das qualidades terapêuticas da cocaína, e indicando-a abundantemente aos desgraçados que lhe chegavam ao consultório (alguns morreram da receita), Freud é o engenhoso fundador de patologias inexistentes como a Histeria ou o "Reflexo Neurótico Nasal", estigmas derivados, segundo este ilustre falsificador, de uma tendência excessiva para a masturbação e curáveis com recurso à dita droga ou a intervenções cirúrgicas de masmorra medieval.
Em vez de ser rapidamente encarcerado no hospício mais radical de Viena, Freud sobreviveu aos desastres com a persistência dos aprendizes de feiticeiro e, escapando para a frente, cria a sua segunda grande invenção: o líbido imparável das crianças. Para Freud, cada alminha já nasce de pau feito, lamentavelmente apontado para a mãe, em cujos seios encontra desde logo a redenção orgásmica. A história, a política, a economia e a religião explicar-se-iam assim à sombra de um cartoon grego: inclinado desde logo para o sexo que o pariu, o menino fundamenta os seus dias primevos - e o seu ego estrutural - num ódio surdo de ciúmes para com o seu pai. Isto, claro está, é apenas nojento e fica distante de qualquer rigor científico como a Terra está longe do centro da sua galáxia.
Fazendo uma imaginativa e quase poética, mas absolutamente não científica, interpretação dos sonhos que convenientemente fundamentavam as suas teorias mais delirantes, publicando terapias revolucionárias que, na verdade, não curavam ninguém, Freud foi alegremente ignorando o conhecimento mais disciplinado do seu tempo: genética e cultura eram factores menosprezáveis e o positivismo não mais que um tique de ratos de laboratório. O homem, segundo Sigmund, não passa de um escravo do seu inconsciente, essa massa oculta, imaterial e brejeira, sempre disponível para lançar o indivíduo nos mais perversos conflitos. Tudo o resto é preconceito de gente moralista ou preciosismo de académicos destituídos do pantone da criatividade.
Sobre este montão de imbecilidades, Freud cria até um aparelho filosófico multi-dimensional, que compreende toda a fenomenologia humana, aniquila a metafísica e eleva ao altar/divã uma espécie de super-homem/mega-falo; sapiens niilista que conquista a salvação pela transferência de todos os traumas para o colo paternal e semi-divino do psicanalista. Charlatão maior entre os grandes vendedores de tónico capilar, imaginativo e teimoso profeta da falácia, Sigmund Freud é uma vergonha para a epistemologia. E um embaraço enorme para todos nós, que comprámos, baratinho, os seus dogmas de algibeira no supermercado da desinformação.

Uma conspiração de estúpidos.

Bem sei que parece ficção, mas é realidade da grossa: depois da dissolução da antiga Comissão para os Direitos Humanos da ONU - precisamente por causa de ser constituída por nações que não os respeitavam (o último país a presidir este infame organismo foi a Líbia!) - eis que surge agora uma Comissão novinha em folha, de tal forma correctora dos erros anteriores que até dá assento a países como a China, a Arábia Saudita e Cuba, proverbiais paladinos da dignidade humana e das liberdades individuais.
No dia em que acabarem com a Organização das Nações Unidas eu vou ser um homem feliz.

terça-feira, maio 02, 2006

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"As pessoas são capazes de matar por um lugar para estacionar em Nova Iorque porque pensam: se não conseguir este lugar, posso não arranjar outro. Vou ficar meses à procura até que alguém saia do Hamptons. Porque toda a gente sabe que em Nova Iorque há muitos mais carros do que lugares para estacionar. Vemos carros a andar por Nova Iorque a noite inteira. Parece aquele jogo das cadeiras, só que toda a gente se sentou por volta de 1964."

Bocage: de luz e trevas - 3

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Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez perdendo o Tejo
Arrostar co'o sacrílego gigante:

Como tu, junto ao Ganges sussurrante
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante:

Ludíbrio, como tu, da sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura:

Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.