Os Interpol são incapazes de fazer as coisas mal feitas, e ainda
continuam a editar boa música. Mas foi nestes primeiros anos do século
XXI que o seu timbre grandiloquente, quase apocalíttico e profundamente
fatalista, caiu melhor no meu ouvido, sabe-se lá porquê. Ainda assim, é difícil escolher um entre os primeiros três discos desta intrépida banda de Nova Iorque. Escolho o segundo porque é quase perigoso:
progressivo até ao limite da sensatez, tocado com o prego a fundo, do
princípio ao fim um acto de fé no puro poder da electricidade, Antics é
uma obra composta para acelerar as sombras do mundo.
Temas como "Not Even Jail", "Narc", "Take You On a Cruise" ou "C'mere"
ainda hoje me arrepiam, quando volto a ouvi-los. São elegíacos e
tristes, poderosos e destrutivos, pequenas odisseias pelo melancólico e sombrio itinerário da alma humana.
Sobre o segundo disco que mais gosto dos Interpol, "Our Love to Admire", já escrevi, em 2007, o que tinha a escrever, aqui.
sábado, fevereiro 27, 2021
A discoteca da minha vida #82: "Antics", Interpol
Lockdown Rally - WTCC cars
Volvo S-60R STCC . Honda Accord Euro R WTCC. Honda Civic Type R BTCC
Uma história de violência.
Era uma vez um chanceler alemão, de sua graça Gerhard Schröder, que na passagem dos milénios deixou a Europa completamente dependente de uma conduta de gás alimentada e montada pela Rússia. Como prémio por esta magnífica façanha e depois de ter sido despedido pelo povo alemão, Gerhard ganhou, entre outros fantásticos prémios, um magnífico e chorudo emprego no conselho de administração da NordStream, a empresa de capitais conjuntos russos e alemães que detém a dita conduta e uma gorda avença como consultor da Gazprom, a energética russa que coloca o gás na conduta.
Tudo isto é comum e não escandaliza ninguém, já que parece ser aceite com alguma naturalidade que os detentores de cargos públicos e políticos desencantem, no fim dos seus mandatos, rentáveis empregos nas empresas com que lidaram e a quem fizeram favores enquanto exerciam esses cargos. Faz parte.
O problema é que a Europa, na sua União em geral e na sua desunião em particular, não gostou da herança deixada por Gerhard Schröder. A Europa preferia ter sido servida de gás por outras condutas, por outros produtores, que não aqueles ligados intimamente a uma potência tártara, liderada por um ex-agente da KGB, que pode fechar a torneira a seu bel prazer e quando menos se espera, deixando germânicos e balcânicos, latinos e anglosaxónicos, eslavos e celtas, gauleses e helvéticos com o rabo ao frio. A Europa preferia mil vezes depender energeticamente do médio oriente, região do planeta dividida por tribos e religiões, fascismos e militarismos, siderais níveis de corrupção e guerras constantes e que, sendo instável e sanguinolenta, não tem poder para oferecer relevantes ameaças à paz continental, à prosperidade dos povos ocidentais e ao fluxo estável e contínuo do precioso e gasoso recurso.
Vai daí a Europa, na sua união tanto como na sua desunião, optou por inaugurar uma política diplomática de duas caras. A cara para inglês ver, que condena abertamente as intervenções militares americanas no médio oriente (salvo raras excepções em que a quase unanimidade da comunidade internacional promove as costas quentes de toda a gente, como aconteceu por duas vezes com o Iraque). E a cara usada para as reuniões a portas fechadas e os canais diplomáticos interditos ao olho público, em que pressiona os sucessivos inquilinos da Casa Branca no sentido de destruir todo e qualquer regime antipático às suas pretensões energéticas que pontifique na vasta geografia que se estende dos cursos do Tigre e do Eufrates aos desertos da Península Arábica. Até 2016 a estratégia dual tinha resultado esplendidamente. Entre Clinton, Bush filho e Obama, venha o diabo para escolher quem foi o presidente que matou mais gente, que destruiu mais cidades, que bombardeou mais casamentos e baptizados naquela deprimente localidade planetária.
Exemplo máximo deste sucesso é a Síria. Perímetro territorial essencial para a montagem da conduta de gás que sirva a Europa e a liberte do jugo energético pós-bolchevique, o país, se podemos chamar um país a este conjunto de ruínas ensanguentadas e cemitérios improvisados, é liderado pelo feudo Al-Hassad há cerca de meio século e o actual ditador-monarca na presidência, Bashar o Exterminador, cuspiu na mão e apertou a outrossim cuspida de Putin, jurando aliança eterna entre as duas nações e de tal forma que impossibilite para sempre e até ao fim dos dias, que Alá o permita, a construção da tal conduta tão desejada pela união e pela desunião dos europeus. Em contrapartida, Putin prometeu erguer o seu colossal punho militar para eternizar o regime assassino dos Al Hassad, custe o que custar, venha quem vier e morram os que morrerem, que no caso são essencialmente os desgraçados, irrelevantes e atómicos constituintes do povo sírio.
Não é aliás por acaso que a actual Chanceler alemã mostra uma tão enorme vontade de receber a constante corrente de refugiados de lá provenientes: a culpa é um peso, às vezes insustentável.
Acontece que em 2016 as coisas mudaram radicalmente. Os americanos elegeram um tipo que nunca leu Tácito. Que nunca leu Kissinger. Que se estava a barimbar para os interesses unidos e desunidos da Europa porque tinha como mandato preocupar-se exclusivamente com os interesses dos americanos. E os americanos não têm na verdade qualquer interesse, seja ele económico, seja ele estratégico, seja ele lúdico, na Síria. Vai daí, cessaram (ou quase cessaram porque a terceira lei da termodinâmica é lixada) os bombardeamentos de casamentos e baptizados. Vai daí, a ordem executiva americana começou a manifestar até uma vontade inacreditável e imoral de fazer regressar as suas tropas de palcos onde os soldados pereciam aos milhares sem qualquer razão aparente que pudesse legitimar a mortandade. Este surpreendente volte face deixou a união e a desunião europeia em estado apoplético. De tal forma apoplético que nunca como durante os quatro longos anos em que Donald Trump habitou a alva vivenda de Washington foi um presidente americano assim odiado, vilipendiado, ostracizado, ridicularizado pela união e pela desunião dos europeus. A guerra é essencial à paz europeia. Principalmente quando os soldados que morrem não são europeus. Principalmente quando os civis que morrem não são europeus. Principalmente quando a Europa consegue permanecer inocente nas páginas dos jornais e nos compêndios de história.
Acontece que Jeová é grande, o poder das altas esferas ainda é maior e a democracia americana sofre de várias corruptelas técnicas, de tal forma que a séria possibilidade de um segundo e satânico mandato de Trump foi interrompida por volta das três da manhã da madrugada de 4 de Novembro último e colocado enfim um senil e demente personagem no seu lugar, perfeitinha testa de ferro para o conglomerado industrial e militar norte-americano, tanto como para a ambição geo-estratégica sediada em Bruxelas. Um mês depois de tomar posse, Joe Biden largou a rédea ao Pentágono e a Síria voltou ontem a ser bombardeada pelos magníficos e gloriosos e libertadores jactos americanos.
A versão oficial, completamente transcrita pelo sempre fiel à falsidade orgão propagandístico do Partido Democrata a que continuamos a chamar New York Times, é a de que os Estados Unidos pretendem atingir estruturas malévolas montadas no país pelo Irão, mas se pensarmos que a política da actual administração americana em relação às ambições nucleares dos Ayatollahs, inversa da que foi cumprida por Trump, é a de voltar à mesa das negociações (leia-se: permitir o desenvolvimento do programa enquanto se finge controlá-lo), percebemos imediatamente que as motivações são outras. Percebemos enfim a moral desta história:
A História não tem moral.
sexta-feira, fevereiro 26, 2021
Há coisa de catorze anos atrás,
os Daft Punk já estavam muito à frente.
Concerto integral, Chicago, 2007. Só para fans.
quarta-feira, fevereiro 24, 2021
Percepção Vs realidade ou como os "jornalistas" enganam toda a gente.
Num estudo recente efectuado pelos senhores da Skeptic.com, ficamos a saber como ao americanos estão redondamente, escandalosamente, mirabulantemente enganados no que diz respeito à dicotomia raça/actividade policial.
Neste quadro percebemos que a maior parte dos inquiridos acha que no ano de 2019 foram mortos pela polícia mais de mil homens negros, que na situação estavam desarmados. Na realidade, foram mortos entre 13 a 27. A margem de erro é tão disparatada que custa a acreditar.
Já aqui neste gráfico, percebemos que, independentemente do espectro político, toda a gente está completamente equivocada sobre a percentagem de negros mortos pela polícia. A percentagem real é 23,4%, que até está de acordo com a incidência demográfica da etnia no tecido populacional norte americano.
Assim, sendo, há que perguntar, porque raio está esta gente tão enganada? Como no caso do Covid 19, que mencionei aqui há uns meses e cuja disparidade entre a percepção e a realidade é muito similar e igualmente disparatada, será que a responsabilidade é de quem tem a profissão manhosa de (des)informar as populações? Não serão os jornalistas os verdadeiros causadores destes terríveis erros de percepção, com devastadoras consequências para a coerência social e a coabitação pacífica entre as etnias?
Claro que são. Até porque como já escrevi aqui algures, encontramos muito mais mentiras na imprensa do que nas redes sociais. Encontramos muitos mais mentiras na imprensa do que em qualquer outro eixo de comunicação, na verdade. Até a publicidade contemporânea, por muito má que seja - e é, mente menos do que os pulhas que têm por ofício enganar este mundo e o outro.
E como sempre, Tucker Carlson elabora sabiamente sobre este lamentável assunto:
Enjoy racism.
Lockdown Rally - WRC cars #02
Skoda Octavia WRC . Ford Fiesta JWRC . Ford Focus WRC . Ford Focus Pace Car . Ford Fiesta WRC
Às vezes ainda tenho esperança.
A imbecil de serviço elogia o establishment, no Open da Australia. A malta nas bancadas reage, muito apropriadamente, assim (vale a pena ver o clip até ao fim):
Vai ser um processo doloroso - e se calhar, sangrento - mas às vezes ainda tenho esperança que o actual estado de coisas mude, através do mais vital dos impulsos: o levantamento da vontade popular.
terça-feira, fevereiro 23, 2021
segunda-feira, fevereiro 22, 2021
Daft Punk is no longer.
Aquela que foi a banda mais influente dos últimos 30 anos, terminou hoje o seu sideral percurso. Com um bang. Tenho o coração partido. E escreverei mais sobre eles, na Discoteca da Minha Vida, quando chegar a vez de "Random Access Memories", o disco obra prima de 2013. Por enquanto, fica o explosivo adeus dos geniais Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter.
domingo, fevereiro 21, 2021
Lockdown Rally - WRC cars #01
sábado, fevereiro 20, 2021
Um vírus mata o outro.
Alguém que tenha mais que dois ou três neurónios a funcionar acredita que os casos de gripe possam diminuir nesta ordem de valores?
Claro que não. Claro que qualquer símio que faça uso de de uma mínima capacidade racional percebe o que está a acontecer: toda a gente com gripe é contada como vítima do virús chinês. Isto é mais claro do que água salgada numa praia tropical. Só não vê quem não quer.
Acreditem ou não,
O New York Times está a pedir encarecidamente aos seus leitores para desistirem de qualquer vestígio de sentido crítico sobre o que lêem na imprensa. A sério. Não acreditam? É verdade. Acham que é uma paródia? Não é. Confiram aqui, por favor.
Bom deus. Esta gente não se apercebe do superlativo ridículo em que cai escandalosa e estapafurdiamente? Será que pensam mesmo que somos todos atrasados mentais?
Até que ponto menos que zero, até que buraco sem fundo, até que desplante sem vergonha conseguem estes filhos da mais infame das meretrizes descer? Qual será o seu limite da ignomínia?
Hã?
sexta-feira, fevereiro 19, 2021
quinta-feira, fevereiro 18, 2021
A discoteca da minha vida #81: "No Wow", The Kills
Bom deus, nem sei por onde começar. Estes dois namorados inspirados, amantes fascinantes, cativos alternativos, mataram-me por várias vezes e é por isso que gostar muito de rock faz de qualquer mortal um sobrevivente maluco. Eu sou um sobrevivente maluco por causa de tantas noites grosso, de tantas noites drogado, de tantas noites levado aos céus numa cave da Rua Poiais de São Bento a abanar a cabeça até à morte do pescoço e tudo por causa de malhas assim:
Os fascistas dão sempre nas vistas.
Não deixa de ser curioso que os meus posts de volição política sejam muito mais bem sucedidos numa rede social de incidência muito recente, e eminentemente anglo-saxónica, onde a minha conta data apenas de janeiro deste ano, do que o mesmo género de publicações no Facebook, onde editei durante cerca de três anos e nunca tive o mesmo volume de interacção. Porque será?
Esta questão tem muito que se lhe diga, mas vou deixar a coisa marinar durante uns meses mais, para escrever com assertividade cronológica e racionalidade objectiva sobre o assunto.
quarta-feira, fevereiro 17, 2021
Jornalistas de todo o mundo: ide-vos bardamerda.
Nesta altura do campeonato, não há bichos mais nojentos para a minha sensibilidade que os bichos jornalistas. Advogados, funcionários do fisco, patrões da mafia, traficantes de drogas duras, empresários da bola, deputados do bloco de esquerda, congressistas do Partido Democrata americano, engenheiros de Silicon Valley, bilionários de Davos, palhaços de Hollywood, comissários do Partido Comunista Chinês, activistas do SOS racismo, burocratas de Bruxelas, líderes imberbes do CDS, toda esta fauna não está, na minha consideração, assim tão abaixo do zero como a sub-classe de insectos repelentes, mentirosos impenitentes e lambe-botas profissionais que lamentável e incansavelmente porfia nos media contemporâneos.
Tucker Carlson, uma brilhante excepção à regra, ilustra bem, neste segmento, os fundamentos do meu nojo:
terça-feira, fevereiro 16, 2021
Memeville #10
Este meme tem uma história, verídica, que oscila entre o hilariante e o deprimente. Durante a palhaçada do segundo impeachment a Donald Trump (que nem valia a pena um post se não fosse o dislate que a seguir revelo e que contribuiu apenas para que o homem ficasse para a história como o único presidente americano ilibado duas vezes de impugnação, até porque é legalmente impossível impugnar um cidadão que já não ocupa qualquer cargo público), um dos brilhantes advogados contratados pelos senadores democratas para construir e desenrolar a acusação apresentou como prova (risível) de que Trump era responsável pelos eventos de 6 de Janeiro, um tweet de alguém que afirmava que os apoiantes do ex-presidente iam levar o calvário (em inglês, calvary) a Washington, lendo o néscio advogado calvário como cavalaria (em inglês, cavalry).
Não que esta parte gaga seja de grande relevância para os portugueses, mas como eu crio estes memes especialmente para a GAB, que é uma rede social quase exclusivamente frequentada por americanos que estou simplesmente a adorar; a ignorância, incompetência e diletância dos democratas mereceu completamente isto aqui:
O triunfo da ineficiência energética.
Esta imagem diz muito sobre o estado actual das indústrias de energia renovável. E a ideia de eficiência não é propriamente a que nos ocorre, pois não? Principalmente se considerarmos que estas hélices são fabricadas e transportadas com recurso a combustíveis fósseis. Principalmente se considerarmos que para arrancarem, as pás têm que ser colocadas a funcionar com potentes motores a gasóleo. Principalmente se considerarmos que, para além de dizimarem milhões de aves em todo o mundo (já para não falar da escandalosa corrupção paisagística), estes horríveis e megalómanos parques eólicos revelam disfunções várias relacionadas com o clima (se faz muito frio, param; se não há vento, param; se faz muito calor, param) e com a tecnologia implementada (alguém fala nos custos de manutenção destas desmesuradas torres de ferro?). Principalmente se considerarmos que a energia produzida por estes incomensuráveis e pavorosos bichos é substancialmente mais cara do que aquela produzida por meios convencionais, e que quanto mais dependem as redes eléctricas destes meios de produção mais escassa e mais cara fica a energia.
E o helicóptero, utilizado para derreter o gelo nas pás, é eléctrico?
O que está aacontecer neste momento no Texas, um estado riquíssimo em recursos energéticos, seria de gargalhada, se não fosse tão triste. Uma simples vaga de frio deixou os texanos sem electricidade. Porque a rede eléctrica depende do bom funcionamento dos monstros eólicos e estes, cristalizaram:
domingo, fevereiro 14, 2021
Coreia do Sul. A nova meca da criação televisiva.
Porque as indústrias de entretenimento ocidentais foram transformadas em fábricas de propaganda neo-marxista barra politicamente correcta, que debitam toneladas diárias de conteúdos aborrecidos, repetitivos, medíocres, deprimentes, estéreis e extremamente irritantes, eu e a minha mulher optámos, aqui há coisa de ano e meio, por procurar outras sedes de produção televisiva e cinematográfica.
Descobrimos rapidamente a abundante, criativa e para-ideológica fonte coreana. Desde essa altura, não consumimos praticamente mais nada a não ser estas sagas, dedicadas a temas históricos ou contemporâneos, que primam pelo impulso épico (e correspondente generosidade de recursos), irrepreensível qualidade de produção, exuberância cenográfica, intensidade emocional, inesgotável vitalidade criativa e impecável direcção de actores.
Mr. Sunshine . Netflix
As séries coreanas não têm medo do belo. Não recusam o imaginário clássico. Não rejeitam o apelo romântico. São filosoficamente liberais, são abertamente dialécticas, mas não entram nos horrores das políticas de identidade e do relativismo moral e sabem separar bons e maus valores, definir o herói e definir o vilão, estabelecer o papel do homem e o papel da mulher, distinguir as lógicas de poder das teias da corrupção e nunca cair na tentação de atribuir qualidades ou defeitos a personagens em função da sua nacionalidade, cor da pele, estatuto social ou preferência sexual. Em síntese: as séries coreanas não são pós-modernas.
Stranger . Netflix
Acresce que a produção coreana manifesta, sempre e sem excepção, um pudor no que diz respeito à nudez e à intimidade romântica entre os personagens que é absolutamente balsâmico. Podemos passar 50 episódios de uma série sem que os protagonistas troquem mais que um ou dois beijos. Não há cenas de sexo explícito ou implícito. Não há nudez. Há apenas beleza. Elegância. Recato. Esta ética não diminui, claro, a intensidade romântica do produto final. Muito pelo contrário. Já há muitos anos que não era sensibilizado por uma história de amor como consigo ser emocionado por várias destas poderosíssimas rábulas passionais.
A este propósito, há que realçar um facto: dada a quantidade de actores e
actrizes extremamente bem parecidos que a indústria consegue lançar
(raramente vemos os mesmos actores protagonizar séries diferentes)
chegamos facilmente à conclusão que a Coreia do Sul é um país de gente
bonita. E de gente educada. A forma como, nas produções sobre temas
actuais, as pessoas se cumprimentam e se relacionam, bem como as causas que
defendem os heróis das histórias, revela a civilidade social e um bom
entendimento da razão moral que imperam na nação. Não por acaso,
descobrimos que os valores cristãos são muito populares junto dos
coreanos, que foram, logo desde a sua fundação, bastante influenciados pelas igrejas ocidentais.
Vagabond . Netflix
O que digo do sexo, posso também dizer das cenas de acção. Ferve porrada na maior parte destas produções mas nunca de forma gratuita. Nunca de forma a promover a violência pela sua espectacularidade pueril, mas pela sua justificação moral. O sangue não escorre gratuitamente e a sua exibição é cuidadosamente estudada de forma a ser consistente com a narrativa. As séries sobre temas actuais são mais violentas do que as históricas, mas podemos sempre contar com coreografias de qualidade superior, mesmo em relação ao que é feito em Hollywood. Sejam sequências de grandes batalhas ou duelos individuais, o engenho técnico empregue na acção resulta em cenas absolutamente estonteantes e altamente realistas, que espantam pela ambição e pelos meios colocados ao serviço da cinematografia.
Não costumo recomendar séries coreanas, porque sei que as pessoas têm
uma ideia estereotipada e profundamente errada da produção asiática. Mas desta vez arrisco uma sugestão. "Six Flying Dragons" (ou "Roots of The Throne", na versão para consumo ocidental) é um magnífico fresco sobre a história da fundação do reino de Joseon, que deu origem à nação Coreana. São 50 episódios de uma hora cada que deslumbram os sentidos, entretêm a sensibilidade e elevam o espírito como poucos produtos televisivos. A série é conceptualmente ambiciosa, explorando dialecticamente questões fundamentais de disciplinas tão diversas como a Ciência Política, a Psicologia Social e a História. Mais a mais, está disponível, com qualidade técnica, no Youtube.
Six Flying Dragons . SBS DramaCool (disponível no Youtube em full HD com legendas em inglês)
Seja como for, é muito consolador saber que ainda há povos que vivem de acordo com referências civilizacionais saudáveis, parâmetros estéticos objectivos e modelos éticos que têm por base tradições ancestrais que demonstraram ser válidas através dos tempos. Esse bom conservadorismo que, lamentavelmente, foi aniquilado no Ocidente.
E assim, vou entretendo o tempo sem me estar sempre a irritar com a televisão.
sábado, fevereiro 13, 2021
quinta-feira, fevereiro 11, 2021
quarta-feira, fevereiro 10, 2021
Impeachment: while you're at it,
Não são mais teimosos do que eu.
A realidade não faz sentido
terça-feira, fevereiro 09, 2021
Ainda há congressistas decentes.
Jim Jordan (R - Ohio) sobre o segundo processo de impeachment a Donald Trump:
Sobre a virtude e o valor do Serviço Nacional de Saúde.
Chegou o momento de nos perguntar-mos se o Serviço Nacional de Saúde vale os sacrifícios materiais e emocionais que estamos a fazer para o salvar. Se vale a anulação dos direitos e das liberdades que estamos a permitir de forma a que a caríssima e disfuncional mega-estrutura não colapse. Chegou o momento de calcular bem calculada a relação custo/benefício deste produto ideológico. Se tal cálculo for permitido pelos poderes institucionais e mediáticos, claro. E claro que desconfio que não. Para cair a ideia do um serviço público de cuidados médicos, há-de cair primeiro a República. Aqui e em toda a Europa.