sexta-feira, fevereiro 26, 2016
Bum, bum, bum. Malha.
Mystery Jets . Bubblegum . Live at BT Sport
A versão em estúdio está melhorzinha e é pena que nesta interpretação ninguém esteja a tocar o riff de sintetizador, que é o bocadinho que realmente faz a malha. Mas é o que há e já não é nada mau.
Jesus Cristo não é chamado para a conversa.
A instituição radical de imbecis a que deram o nome de Bloco de Esquerda decidiu lançar uma campanha a favor da adopção gay com este repugnante slogan: Jesus Cristo também tinha dois pais.
Nem vale a pena falar da infantilidade do argumento nem na falência da imaginação que é transparente na baratíssima justaposição semântica. Mas será talvez necessário ponderar sobre a tolerância (e a cumplicidade) que tem merecido até aqui esta organização de arruaceiros chegavaristas. E se este tipo de alarvidade radical deve ser permitida a um partido político com assento na Assembleia da República. É que Portugal é um país cristão. É cristão na sua origem e na sua identidade. Na sua história e na sua alma. É cristão de literatura e de revoluções. É cristão por causa da sua geografia e da sua meta-geografia. É cristão e não poderia alguma vez ser outra coisa. Se Portugal deixar de ser cristão, deixa de ser Portugal. Neste país, até os ateus, como eu, são cristãos. Os infelizes do Bloco também o são, mas não têm a inteligência, a cultura e a sensibilidade para darem por isso. Não percebem que Platão era tão cristão como Cristo, que Cristo era tão marxista como Marx e que sem eles, Proudhon e Bertrand Russel não tinham escrito uma página que fosse das cartilhas que os bloquistas conservam cabalistacamente na miséria das suas bibliotecas privadas.
O que é realmente grave no Bloco de Esquerda, é que o ódio intenso que manifesta pelos valores da civilização ocidental resulta apenas da ignorância de tudo e de um niilismo básico, intelectualmente plastificado, pueril, populista, que triunfa sempre pela negativa.
E, já agora, quantos pais tinha Maomé, Catarina Martins?
Nem vale a pena falar da infantilidade do argumento nem na falência da imaginação que é transparente na baratíssima justaposição semântica. Mas será talvez necessário ponderar sobre a tolerância (e a cumplicidade) que tem merecido até aqui esta organização de arruaceiros chegavaristas. E se este tipo de alarvidade radical deve ser permitida a um partido político com assento na Assembleia da República. É que Portugal é um país cristão. É cristão na sua origem e na sua identidade. Na sua história e na sua alma. É cristão de literatura e de revoluções. É cristão por causa da sua geografia e da sua meta-geografia. É cristão e não poderia alguma vez ser outra coisa. Se Portugal deixar de ser cristão, deixa de ser Portugal. Neste país, até os ateus, como eu, são cristãos. Os infelizes do Bloco também o são, mas não têm a inteligência, a cultura e a sensibilidade para darem por isso. Não percebem que Platão era tão cristão como Cristo, que Cristo era tão marxista como Marx e que sem eles, Proudhon e Bertrand Russel não tinham escrito uma página que fosse das cartilhas que os bloquistas conservam cabalistacamente na miséria das suas bibliotecas privadas.
O que é realmente grave no Bloco de Esquerda, é que o ódio intenso que manifesta pelos valores da civilização ocidental resulta apenas da ignorância de tudo e de um niilismo básico, intelectualmente plastificado, pueril, populista, que triunfa sempre pela negativa.
E, já agora, quantos pais tinha Maomé, Catarina Martins?
quinta-feira, fevereiro 25, 2016
Para a semana, a capa do Economist deveria ser esta.
Não é que não concorde com a opinião do Economist sobre Donald Trump. Porém, seria aconselhável que eles pensassem também em esgalhar uma capa deste género. É que, apesar de tudo, a ideia de um socialista na Casa Branca consegue fazer ainda menos sentido do que a de um dono de casinos no mesmo palacete. Batam no Trump à vontade. Mas não poupem o Bernie, por favor.
O irreal acontece.
Enquanto o Partido Republicano oscila entre o choque e a impotência, Trump vai somando delegados nas primárias e é agora, inacreditavelmente, o candidato favorito à nomeação.
Na edição de hoje, o Economist encosta os republicanos à parede: algo tem que ser feito para evitar a catástrofe surrealista.
Isto embora eu ache que o Economist também devia mostrar preocupação e espanto com o que está a acontecer nas primárias dos democratas. Pior que um Trump à direita, só mesmo um Sanders à esquerda.
É que neste mundo ao contrário, tudo pode realmente acontecer.
quarta-feira, fevereiro 24, 2016
Cento e cinquenta e dois mil, trezentos e setenta e quatro atrasados mentais.
Apurados enfim (não sei quantas semanas depois do acto eleitoral) os votos definitivos das presidenciais, chegamos à deprimente conclusão que 152.374 portugueses deram-se ao trabalho de ir deitar na urna uma cruz pelo senhor Vitorino Silva, que gosta de ser chamado Tino de Rans.
Há quem diga que este voto é um manifesto satírico. Que é uma expressão crítica. Que é o equivalente ao voto em branco ou ao voto nulo. Eu não acho. Eu acho que é atraso mental puro e simples. E que fique bem explícito: o atraso mental não pode ser lido, neste contexto, como um fenómeno resultante de qualquer factor clínico ou patológico. A expressão aqui refere-se à estupidez que transcende a normal capacidade do ser humano para ser estúpido.
Há quem diga que este voto é um manifesto satírico. Que é uma expressão crítica. Que é o equivalente ao voto em branco ou ao voto nulo. Eu não acho. Eu acho que é atraso mental puro e simples. E que fique bem explícito: o atraso mental não pode ser lido, neste contexto, como um fenómeno resultante de qualquer factor clínico ou patológico. A expressão aqui refere-se à estupidez que transcende a normal capacidade do ser humano para ser estúpido.
terça-feira, fevereiro 23, 2016
Tudo é possível.
Podes ser marxista, podes ser contra o império, podes desacreditar todos os valores que projectaram a América para a sua posição de primeira potência mundial, podes querer fechar Wall Street, podes até defender a extinção da CIA. Ainda assim, concorrerás, com assinalável sucesso, às primárias do Partido Democrático. Isto é possível. Isto está a acontecer.
Vivo ou não vivo num mundo ao contrário?
Vivo ou não vivo num mundo ao contrário?
sábado, fevereiro 20, 2016
quinta-feira, fevereiro 18, 2016
O Erro de Einstein (Capítulo 154)
A propósito da péssima cobertura mediática das recentes descobertas relacionadas com as ondas gravitacionais, deixo aqui um resumo de 40 argumentos científicos, devidamente anotados, que demonstram o carácter inconclusivo e até errático da Teoria da Relatividade (Restrita e Geral).
Ao contrário, gentil leitor, do que leste nas manchetes da semana passada, Einstein está muito longe do absoluto.
Ao contrário, gentil leitor, do que leste nas manchetes da semana passada, Einstein está muito longe do absoluto.
- Computer simulations based on the theory of relativity predict far more black holes than are observed.[1] Indeed, it is doubtful whether black holes even exist, and the latest observation disproved the prediction.[2]
- "Quasars are disappearing" contrary to the theory of relativity, and astronomers simply "stopped looking" after finding more than ten examples of rapidly changing quasars that confound the theory with respect to black holes.[3]
- The orbital eccentricity of the Moon's orbit is increasing, contrary to what Relativity predicts.[4]
- The Pioneer anomaly.
- The Sun is a perfect sphere - "the solar flattening is ... too small to agree with that predicted from its surface rotation."[5]
- Quantum entanglement near the event horizon of a black hole - with one particle of the pair on one side, and other particle of the pair on the other side -- defies the Theory of Relativity.[6] Relativity is a mathematical theory that cannot permit any exceptions, just as arithmetic falls part if 2 times 2 is ever not equal to 4.
- The speed of light in a vacuum is slower than expected -- less than c -- based on new data from a 25-year-old supernova.[7]
- "Celestial signals defy Einstein. Strange signals picked up from black holes and distant supernovae suggest there's more to space-time than Einstein believed."[8]
- A physics article published in 2014 states that "general relativity, which describes gravity at low energies precisely, break[s] down at high energies."[9]
- Subatomic particles with mass have a speed observed to be as fast as the speed of light ("we are 100% sure that the speed of light is the speed of neutrinos"[10]), which contradicts Relativity because the Lorentz factor is then infinite.[11][12] Neutrinos were observed to travel at the speed of light by an independent experiment also: "Their neutrinos traveled at precisely the speed of light, not faster or slower."[13]
- Anomalies in the locations of spacecraft that have flown by Earth ("flybys"). During the gravity assists from Earth, both the Galileo spacecraft and the Near Earth Asteroid Rendezvous (NEAR) spacecraft experienced a change in velocity different than that predicted by General Relativity.[14][15]
- Spiral galaxies confound Relativity, and unseen, nonexistent "dark matter" has been invented to try to retrofit observations to the theory.[16] "Dark matter mysteriously missing around sun. Theories say neighborhood should be filled with it, but new study shows otherwise."[17]
- The acceleration in the expansion of the universe confounds Relativity, and unseen "dark energy" has been invented to try to retrofit observations to the theory.
- Increasingly precise measurements of the advance of the perihelion of Mercury show a shift greater than predicted by Relativity, well beyond the margin of error.[note 2]
- The discontinuity in momentum as velocity approaches "c" for infinitesimal mass, compared to the momentum of light.
- The observed lack of curvature in overall space.[note 3]
- The universe shortly after its creation, when quantum effects dominated and contradicted Relativity.
- The action-at-a-distance of quantum entanglement.[note 4]
- The failure to discover gravitons, despite spending hundreds of millions in taxpayer money in searching. While these tax dollars were not necessarily "wasted", the lack of results indicate that scientists need to revisit their hypothesis.
- Newly observed data reveal that the fine-structure constant, α (alpha), actually varies throughout the universe, demonstrating that all inertial frames of reference do not experience identical laws of physics as claimed by Relativity.[note 5]
- The double star "W13" weighs "40 times as much as the sun—more than enough to form a black hole. So why is it not a black hole? The only explanation [a leading scientist] can think of ... does not make astrophysical sense."[20]
- The inability of the theory to lead to other insights, contrary to every verified theory of physics.
- The change in mass over time of standard kilograms preserved under ideal conditions.[21]
- The uniformity in temperature throughout the universe.[22]
- "According to Einstein’s view on the universe, space-time should be smooth and continuous" but observations instead show "inexplicable static" greater than "all artificial sources of" possible background noise.[23]
- "The snag is that in quantum mechanics, time retains its Newtonian aloofness, providing the stage against which matter dances but never being affected by its presence. These two [QM and Relativity] conceptions of time don’t gel."[24]
- The theory predicts wormholes just as it predicts black holes, but wormholes violate causality and permit absurd time travel.[25]
- The theory predicts natural formation of highly ordered (and thus low entropy) black holes despite the increase in entropy required by the Second Law of Thermodynamics.[note 6]
- Data from the PSR B1913+16 increasingly diverge from predictions of the General Theory of Relativity such that, despite a Nobel Prize in Physics being awarded for early work on this pulsar, no data at all have been released about it for over five years.
- The lack of useful devices developed based on any insights provided by the theory; no lives have been saved or helped, and the theory has not led to other useful theories and may have interfered with scientific progress.[note 7] This stands in stark contrast with every verified theory of science.
- Relativity requires different values for the inertial mass of a moving object: in its direction of motion, and perpendicular to that direction. This contradicts the logical principle that the laws of physics are the same in all directions.
- Relativity requires that anything traveling at the speed of light must have mass zero, so it must have momentum zero. But the laws of electrodynamics require that light have nonzero momentum.
- Unlike most well-tested fundamental physical theories, the theory of relativity violates conditions of a conservative field. Path independence, for example, is lacking under the theory of relativity, as in the "twin paradox" whereby the age of each twin under the theory is dependent on the path he traveled.[note 8]
- Based on Relativity, Einstein predicted in 1905 that clocks at the Earth's equator would be slower than clocks at the North Pole, due to different velocities; in fact, all clocks at sea level measure time at the same rate, and Relativists made new assumptions about the Earth's shape to justify this contradiction of the theory; they also make the implausible claim that relativistic effects from gravitation precisely offset the effects from differences in velocity.[26]
- The Twin Paradox: Consider twins who are separated with one traveling at a very high speed such that his "clock" (age) slows down, so that when he returns he has a younger age than the twin; this violates Relativity because both twins should expect the other to be younger, if motion is relative. Einstein himself admitted that this contradicts Relativity.[note 9]
- Despite a century of wasting billions of dollars in work on the theory, "No one knows how to solve completely the equations of general relativity that describe gravity; they are simply beyond current understanding."[27]
- Experiments in electromagnetic induction contradict Relativity: "Einstein’s Relativity ... can not explain the experiment in graph 2, in which moving magnetic field has not produced electric field."[28][29]
- Relativity breaks down if a solenoid is traveling at or near the speed of light.[30]
- The Pauli Exclusion Principle states that no two electrons in a closed system can exist in the same quantum state and if one electron changes all others must compensate. As the universe is a closed system when one electron changes state so must all others, even if they are thousands of light years apart.[31]
- The recent findings of gravitational waves are actually just dust.[32]
Virar à esquerda.
Vivo num mundo ao contrário. Durante décadas, fui aliviando esta contrariedade cósmica com vários estratagemas, um entre os quais, o de fazer amigos que atenuassem a assimetria entre a minha identidade e a sociedade em que vivo. Constato agora a falência dessa estratégia. Os amigos que tenho hoje só contribuem para este isolacionismo antípoda em que vivo.
Os amigos que tenho nesta precisa etapa da existência, telefonam-me entusiasmados porque leram um livro que acusa o Álvaro de Campos de erros gramaticais enquanto consideram que o Lobo Antunes é um génio. Os amigos que tenho hoje, mesmo os católicos, tecem elogios inauditos a este papa, o único no meu tempo de vida que realmente pretendeu dessacralizar a Igreja. Os amigos que tenho hoje, mesmo os ateus, tecem elogios inauditos a este papa, o único no meu tempo de vida que realmente teve a ambição de os evangelizar a todos. Os amigos que tenho hoje, mesmo os de direita, acham que o PSD deve virar à esquerda. Como se este não fosse já um país excessivamente virado para esse lado. Como se o PSD alguma vez na sua triste história tivesse sido um partido de direita.
Os amigos que tenho agora são amigos da geringonça e acham que o Obama é o máximo e que o Reagan era o diabo em pessoa e que é boa ideia namorar com aiatolas e caudilhos socialistas.
Os amigos que tenho agora acham que Israel devia ser uma província da Palestina. Os amigos que tenho agora acham que a maior aventura possível é a de ir de férias para o Cambodja. E elegem Slavoj Zizek como um ensaísta de referência e conseguem apreciar a Lady Gaga e ainda não perceberam que a civilização que lhes alimenta luxuosamente a barriga de opiniões igualitárias e refeições lautas e automóveis com duzentos cavalos e telemóveis de mil euros e apartamentos de classe média-alta e empregos simpáticos e filhos mal criados e cães mimados e hobbys e ginásios e manias e psicanalistas; essa civilização que lhes permite os valores profundamente anti-civilizacionais com que manifestam o seu tédio de gordos arrependidos, está no fim.
Os amigos que tenho agora estão tão longe de mim como qualquer estranho que tenha votado na Marisa para as presidenciais. Já não servem à minha desesperada tentativa de fingir que o mundo gira na sua órbita correcta.
Os amigos que tenho nesta precisa etapa da existência, telefonam-me entusiasmados porque leram um livro que acusa o Álvaro de Campos de erros gramaticais enquanto consideram que o Lobo Antunes é um génio. Os amigos que tenho hoje, mesmo os católicos, tecem elogios inauditos a este papa, o único no meu tempo de vida que realmente pretendeu dessacralizar a Igreja. Os amigos que tenho hoje, mesmo os ateus, tecem elogios inauditos a este papa, o único no meu tempo de vida que realmente teve a ambição de os evangelizar a todos. Os amigos que tenho hoje, mesmo os de direita, acham que o PSD deve virar à esquerda. Como se este não fosse já um país excessivamente virado para esse lado. Como se o PSD alguma vez na sua triste história tivesse sido um partido de direita.
Os amigos que tenho agora são amigos da geringonça e acham que o Obama é o máximo e que o Reagan era o diabo em pessoa e que é boa ideia namorar com aiatolas e caudilhos socialistas.
Os amigos que tenho agora acham que Israel devia ser uma província da Palestina. Os amigos que tenho agora acham que a maior aventura possível é a de ir de férias para o Cambodja. E elegem Slavoj Zizek como um ensaísta de referência e conseguem apreciar a Lady Gaga e ainda não perceberam que a civilização que lhes alimenta luxuosamente a barriga de opiniões igualitárias e refeições lautas e automóveis com duzentos cavalos e telemóveis de mil euros e apartamentos de classe média-alta e empregos simpáticos e filhos mal criados e cães mimados e hobbys e ginásios e manias e psicanalistas; essa civilização que lhes permite os valores profundamente anti-civilizacionais com que manifestam o seu tédio de gordos arrependidos, está no fim.
Os amigos que tenho agora estão tão longe de mim como qualquer estranho que tenha votado na Marisa para as presidenciais. Já não servem à minha desesperada tentativa de fingir que o mundo gira na sua órbita correcta.
sábado, fevereiro 13, 2016
Cemitério da Ajuda
Aprender hei-de jamais
como sobreviver aos funerais.
O que é que se diz,
o que é que se faz.
Que me diga um infeliz
que roupa é que se traz!
Que flores é que se usam,
que condolências, abecedários;
de que elegias abusam
os agentes funerários?
São especialmente dolorosos
os funerais chuvosos.
Os coveiros lançam a enxada
com ritmo escravo e precisão.
A lama acerta em cada pazada
no charco do caixão.
A chuva vence a gabardine
como a vida faz magistério:
é preciso que tudo termine
na geologia do cemitério.
Aprender hei-de jamais
como sobreviver aos funerais.
Como é que se beija
a mãe do falecido?
E a dor, será que se aleija
nesse beijo estarrecido?
Quando é que é proibido
o meio sorriso muscular
e quando é que é permitido,
enfim, chorar?
Ensinem-me as regras e as leis
que eu vou ao enterro do Ricardo Reis.
como sobreviver aos funerais.
O que é que se diz,
o que é que se faz.
Que me diga um infeliz
que roupa é que se traz!
Que flores é que se usam,
que condolências, abecedários;
de que elegias abusam
os agentes funerários?
São especialmente dolorosos
os funerais chuvosos.
Os coveiros lançam a enxada
com ritmo escravo e precisão.
A lama acerta em cada pazada
no charco do caixão.
A chuva vence a gabardine
como a vida faz magistério:
é preciso que tudo termine
na geologia do cemitério.
Aprender hei-de jamais
como sobreviver aos funerais.
Como é que se beija
a mãe do falecido?
E a dor, será que se aleija
nesse beijo estarrecido?
Quando é que é proibido
o meio sorriso muscular
e quando é que é permitido,
enfim, chorar?
Ensinem-me as regras e as leis
que eu vou ao enterro do Ricardo Reis.
sexta-feira, fevereiro 12, 2016
O espaço, o tempo e o barulho que fazem quando são perturbados.
No espaço sideral não há som. Mais ou menos. Porque o Observatório de Interferometria Laser de Ondas Gravitacionais dos Estados Unidos da América (LIGO) conseguiu ouvir qualquer coisinha. Nada mais nada menos do que a prova de que Einstein estava certo quando calculou, na Teoria da Relatividade Geral, que tinham que existir ondas gravitacionais a fluir no universo, carregando quantidades brutais de energia, e que estas forças seriam de tal magnitude que poderiam provocar perturbações no tecido do espaço-tempo.
O barulho que fazem as ondas gravitacionais resultantes de uma colisão entre dois buracos negros é este aqui:
Creepy, não? Pensa só, gentil leitor, que este barulhinho sinistro significa que, algures no universo, o tempo andou de repente para trás, ou de repente para a frente, e que o espaço decidiu encolher-se ou esticar-se muito para além daquilo que é plausível.
Agora a sério: esta descoberta, assinada por mais de mil cientistas, é importante porque irá permitir aos físicos a perseguição das ondas gravitacionais até aos seus pontos de origem, de forma a aprofundar os nossos conhecimentos sobre a arquitectura do cosmos. Mas é, sobretudo, um argumento forte a favor da existência de buracos negros convencionais (ou seja: einsteinianos). É que, ao contrário do que muito boa gente pensa, nem toda a comunidade científica está de acordo sobre o assunto.
O problema dos buracos negros é que são geralmente utilizados para justificar a maior parte das singularidades (excepções às leis da física) observadas no universo. E este tipo de taxonomia que reduz tudo o que se desconhece à mesma categoria fenomenológica é muitíssimo discutível.
Seja como for, as descobertas que foram apresentadas hoje são um avanço científico de significado. E é bom saber que continuamos à escuta. Mesmo quando o que ouvimos é apenas o ruído que faz o mistério.
O barulho que fazem as ondas gravitacionais resultantes de uma colisão entre dois buracos negros é este aqui:
Creepy, não? Pensa só, gentil leitor, que este barulhinho sinistro significa que, algures no universo, o tempo andou de repente para trás, ou de repente para a frente, e que o espaço decidiu encolher-se ou esticar-se muito para além daquilo que é plausível.
Agora a sério: esta descoberta, assinada por mais de mil cientistas, é importante porque irá permitir aos físicos a perseguição das ondas gravitacionais até aos seus pontos de origem, de forma a aprofundar os nossos conhecimentos sobre a arquitectura do cosmos. Mas é, sobretudo, um argumento forte a favor da existência de buracos negros convencionais (ou seja: einsteinianos). É que, ao contrário do que muito boa gente pensa, nem toda a comunidade científica está de acordo sobre o assunto.
O problema dos buracos negros é que são geralmente utilizados para justificar a maior parte das singularidades (excepções às leis da física) observadas no universo. E este tipo de taxonomia que reduz tudo o que se desconhece à mesma categoria fenomenológica é muitíssimo discutível.
Seja como for, as descobertas que foram apresentadas hoje são um avanço científico de significado. E é bom saber que continuamos à escuta. Mesmo quando o que ouvimos é apenas o ruído que faz o mistério.
O Louçã, às vezes...
POR MÁRCIO ALVES CANDOSO
Eu leio e ouço Francisco Louçã. Por várias razões, a mais importante das quais é que se trata de um tipo culto e inteligente.
Mas é também um grande malandreco, com um jeitaço do caraças para a política de 'bricolage', daquela que consiste em de um cano e uma esteira fazer um carrinho de rodas.
Diz o Francisco, num texto publicado no blogue que mantém a meias com Bagão Félix, que Passos Coelho, a propósito de se ter armado recentemente em social-democrata, 'tal-e-qual-e-não-sei-que-mais'. Porreiro, é lá com eles.
Mas diz mais. Que a social-democracia em Portugal não existe, sendo quando muito representada por um 'partido meritório' (sic) que vale 0,7% dos votos. E parece contente com a descoberta.
Vamos lá ver qual é o partido que representa 0,7% do eleitorado. Ora bem, é o L/TDA, sigla palerma e de chumbo em qualquer curso de 'marketing', que escondeu no boletim de voto o 'Livre', um partido a que a maioria dos comentadeiros dava para aí dois deputados ou mesmo três e um quarto - por aí...
Como se recordam, não teve nenhum, porque nem o mais informado dos 'tugas' deve ter percebido o que era aquilo do L/TDA, que tão mal dizia com a 'engraçadinha' da Drago, com a barba semi-careca do Daniel e com os óculos académicos do Tavares. Adiante.
Ora então a social-democracia não existe. E isso é bom? Louçã parece achar que sim, como qualquer trotskista letrado, que ainda se lembra da porrada eleitoral e democrática que foi apanhando, por esse mundo fora, ao longo da História, por parte da social-democracia, mas que se esquece da defesa que a mesma fez do seu patrono, quando os seus arqui-inimigos stalinistas - muito presentes no Bloco de Esquerda - o mandaram picar gelo para a vida eterna.
Tem razão Francisco Louçã quando fala da falta de visibilidade eleitoral da social-democracia em Portugal. E tem razão duas vezes quando se ri de Passos Coelho, armado em dia de festa como paladino da ideologia que esqueceu todo o tempo de vida que lhe permeia desde a 'jota' a primeiro-ministro.
Mas não faça batota. O L/TDA dos seus dissidentes amigos não representa a social-democracia. Se em algum lado ninguém tem vergonha dela é, neste momento, no 'Nós,Cidadãos'. Que - veja lá - nem sequer vale mais do que 0,4% dos votos.
Mas dava-lhe mais jeito falar 'mal' dos amiguitos, não era? Era, era...
Eu leio e ouço Francisco Louçã. Por várias razões, a mais importante das quais é que se trata de um tipo culto e inteligente.
Mas é também um grande malandreco, com um jeitaço do caraças para a política de 'bricolage', daquela que consiste em de um cano e uma esteira fazer um carrinho de rodas.
Diz o Francisco, num texto publicado no blogue que mantém a meias com Bagão Félix, que Passos Coelho, a propósito de se ter armado recentemente em social-democrata, 'tal-e-qual-e-não-sei-que-mais'. Porreiro, é lá com eles.
Mas diz mais. Que a social-democracia em Portugal não existe, sendo quando muito representada por um 'partido meritório' (sic) que vale 0,7% dos votos. E parece contente com a descoberta.
Vamos lá ver qual é o partido que representa 0,7% do eleitorado. Ora bem, é o L/TDA, sigla palerma e de chumbo em qualquer curso de 'marketing', que escondeu no boletim de voto o 'Livre', um partido a que a maioria dos comentadeiros dava para aí dois deputados ou mesmo três e um quarto - por aí...
Como se recordam, não teve nenhum, porque nem o mais informado dos 'tugas' deve ter percebido o que era aquilo do L/TDA, que tão mal dizia com a 'engraçadinha' da Drago, com a barba semi-careca do Daniel e com os óculos académicos do Tavares. Adiante.
Ora então a social-democracia não existe. E isso é bom? Louçã parece achar que sim, como qualquer trotskista letrado, que ainda se lembra da porrada eleitoral e democrática que foi apanhando, por esse mundo fora, ao longo da História, por parte da social-democracia, mas que se esquece da defesa que a mesma fez do seu patrono, quando os seus arqui-inimigos stalinistas - muito presentes no Bloco de Esquerda - o mandaram picar gelo para a vida eterna.
Tem razão Francisco Louçã quando fala da falta de visibilidade eleitoral da social-democracia em Portugal. E tem razão duas vezes quando se ri de Passos Coelho, armado em dia de festa como paladino da ideologia que esqueceu todo o tempo de vida que lhe permeia desde a 'jota' a primeiro-ministro.
Mas não faça batota. O L/TDA dos seus dissidentes amigos não representa a social-democracia. Se em algum lado ninguém tem vergonha dela é, neste momento, no 'Nós,Cidadãos'. Que - veja lá - nem sequer vale mais do que 0,4% dos votos.
Mas dava-lhe mais jeito falar 'mal' dos amiguitos, não era? Era, era...
terça-feira, fevereiro 09, 2016
Spin sem pressão.
Dizia-me ontem um estimado amigo e ilustre jornalista, que tinha mixed feelings sobre o orçamento da geringonça. Não percebi porque é que os sentimentos eram contraditórios, na exacta medida em que fui informado apenas pela positiva: trata-se, segundo este meu querido amigo, de um orçamento respeitável pelo seu virtuosismo malabarista e o mais sério dos últimos 7 ou 8 anos.
Ao contrário do que geralmente faço quando sou confrontado com opiniões tão radicalmente antípodas das minhas, calei-me. Calei-me muito bem caladinho. Acho sinceramente que entrei, naquele momento e oficialmente, em estado de choque.
Um jornalista de economia com uma carreira de décadas, inteligente, culto, educado, ideologicamente desalinhado; estava ali, à minha frente, a louvar a deus pelo orçamento da geringonça. Isto é possível. Isto aconteceu-me.
Escapa talvez ao meu querido amigo que a seriedade deste orçamento, bem como a sua virtude circense, se existem, é porque foram obrigadas. Não fora a força negocial dos credores internacionais e este seria um orçamento de bandidos, como muito bem demonstra o episódio das medidas estruturais que iam passar rapidamente a medidas temporárias, para não se somarem à tendência deficitária. Não fora a força malvada de Bruxelas e a necessidade contorcionista diminuiria substancialmente. Isto é tão óbvio que me espanta ter que escrever isto.
Aliás, mais que malabarista, este orçamento sempre foi e continua a ser - porque até as forças do mal foram bem enganadas - um orçamento ilusionista. Depois do magistral acto de magia negra que constituiu a sua subida ao poder, Costa tornou-se o rei da ilusão. Faz de conta que vai cumprir as suas obrigações de devedor para poder continuar a comprar o dinheiro barato, enquanto finge que vai satisfazer as exigências mais tresloucadas da esquerda radical que o colocou no poder. Vende com sucesso chorudo (e desfaçatez recordista) a ideia de que está a acabar com a austeridade, apresentando um orçamento que de facto aumenta a percentagem da carga fiscal sobre o PIB. Esconde com artes de feiticeiro as verdadeiras razões pelas quais fez da redução da sobretaxa um cavalo de batalha (aprende-se muito com o mestre Chavez) e mascara-se de inocente para anunciar a redução (esta sim colossal) do número de funcionários públicos. Num momento de raro espectáculo, é apoteoticamente aplaudido quando sugere que a ausência no orçamento das ideias do célebre grupo dos 12 é devida apenas a uma estratégia de gestão dos 4 anos de mandato. No fim do número, o coelho que tira da cartola é o truque socialista de sempre: o controlo absoluto sobre a comunicação social.
Um controlo que é, afinal, muito fácil de conseguir. Ninguém pressionou ou ameaçou ou incomodou, mesmo que ligeiramente, o meu querido amigo para que a sua opinião fosse formatada ao devido spin de S. Bento. Ele chegou lá por volição própria. Uma coisa que Sócrates nunca percebeu, é que em Portugal um primeiro ministro socialista não precisa de recorrer a impropérios e ameaças para fazer valer o seu esquema dogmático. Os jornalistas fazem esse trabalho lindamente, por auto-recriação.
segunda-feira, fevereiro 08, 2016
Os cinco minutos que valeram a pena.
Lamentavelmente, os melhores momentos da quinquagésima edição do Super Bowl não tiveram nada a ver com a vertente desportiva. Naquele que foi o pior jogo de futebol americano que alguma vez vi na vida, a defesa dos Denver Broncos neutralizou completamente o talento brutal de Cam Newton e transformou esta final num insuportável sorporífero.
Para os fans dos Coldplay, a coisa também não correu muito melhor. Desconfiada da capacidade da banda britânica para performar ao nível do directo televisivo mais visto no mundo, a organização decidiu - e bem - compor o cartaz com Bruno Mars e Beyonce. E eu, que não sou ouvinte nem de um nem da outra, tenho no entanto que reconhecer o que é evidente: os melhores minutos do Super Bowl deste ano foram deles.
domingo, fevereiro 07, 2016
Death and taxes.
Taxes upon every article which enters into the mouth, or covers the back, or is placed under the foot. Taxes upon everything which it is pleasant to see, hear, feel, smell, or taste. Taxes upon warmth, light, and locomotion. Taxes on everything on earth or under the earth, on everything that comes from abroad or is grown at home. Taxes on the raw material, taxes on every fresh value that is added to it by the industry of man. Taxes on the sauce which pampers man's appetite, and the drug which restores him to health; on the ermine which decorates the judge, and the rope which hangs the criminal; on the poor man's salt and the rich man's spice; on the brass nails of the coffin, and the ribbons of the bride; at bed or board; couchant or levant, we must pay. The schoolboy whips his taxed top; the beardless youth manages his taxed horse, with a taxed bridle, on a taxed road; and the dying Englishman, pouring his medicine, which has paid 7 per cent., into a spoon that has paid 15 per cent., flings himself back upon his chintz bed, which has paid 22 per cent., and expires in the arms of an apothecary who has paid a licence of a hundred pounds for the privilege of putting him to death. His whole property is then immediately taxed from 2 to 10 per cent. Besides the probate, large fees are demanded for burying him in the chancel. His virtues are handed down to posterity on taxed marble, and he will then be gathered to his fathers, to be taxed no more.
Sidney Smith . Edinburgh Review . 1820
Sidney Smith . Edinburgh Review . 1820
Porcos que são mais iguais que outros.
O primeiro Orçamento do Estado do Governo de António Costa é um eloquente testemunho documental de como vivemos num país com dois pesos e duas medidas, conforme se trata da esquerda ou da direita.
Um governo de esquerda que cede brutalmente perante as exigências de Bruxelas é realista e patriótico. Nas mesmas circunstâncias, um governo de direita é traidor e servilista.
Um governo de esquerda pode aumentar os impostos loucamente, já que revela nesse delírio a (boa) intenção de reforçar as políticas de igualitarização social e de melhoria da qualidade dos serviços públicos. Quando a direita aumenta os impostos, é porque cumpre uma (má) ideologia que despreza as pessoas e serve a ganância dos banqueiros.
Um governo de esquerda pode manipular as contas descaradamente (como no caso da intenção de transformar cortes estruturais em medidas temporárias) que está só a fazer política. Um governo de direita que tenha tal ousadia está a enganar os portugueses.
Um governo de esquerda pode prejudicar a economia privada para manter os velhos privilégios dos funcionários públicos sem qualquer custo político ou mediático. Mas um governo de direita que tente proteger a esfera privada face aos desvarios e despesismos da esfera pública é imediatamente condenado à má língua da opinião publicada e ao autoritarismo anacrónico do Tribunal Constitucional.
Enfim, este é um país em que ser de esquerda é ser moral e competente. E ser de direita é ser imoral e incompetente. É, de facto, nesta corrompida e maniqueísta dialéctica que vive o debate político em Portugal.
O editorial de hoje do Público, assinado pela "Direcção Editorial" e pomposamente intitulado "A filosofia e António Costa" é o máximo - e nojento - manifesto disto tudo. Verdadeiros spin doctors da geringonça frentista que actualmente desgoverna os portugueses, os editores deste inacreditável orgão de propaganda bolchevista usam despudoradamente a mais rasteira retórica para transformar este orçamento numa vitória política do primeiro ministro. Agora expliquem-me, objectivamente e sem se rirem, onde é que está a vitória. Perante as exigências da Comissão Europeia, do BCE e do FMI, Costa claudicou em tudo (onde neste orçamento estão as ideias dos célebres 12 economistas com que a direcção do PS lançou o seu assalto ao poder?), absolutamente em tudo o que é significativo, menos na pior medida de todas: sobrou a eliminação, parcial e progressiva, da sobretaxa nos ordenados da função pública. Uma medida que separa a sociedade civil em duas etnias: os privilegiados que trabalham para o Estado e que vivem à custa de quem cria riqueza de facto, e os desgraçados que trabalham no sector privado e que vivem subjugados fiscalmente para que os privilégios da função pública se mantenham.
É cada vez mais difícil aceitar as regras de uma democracia assim.
Um governo de esquerda que cede brutalmente perante as exigências de Bruxelas é realista e patriótico. Nas mesmas circunstâncias, um governo de direita é traidor e servilista.
Um governo de esquerda pode aumentar os impostos loucamente, já que revela nesse delírio a (boa) intenção de reforçar as políticas de igualitarização social e de melhoria da qualidade dos serviços públicos. Quando a direita aumenta os impostos, é porque cumpre uma (má) ideologia que despreza as pessoas e serve a ganância dos banqueiros.
Um governo de esquerda pode manipular as contas descaradamente (como no caso da intenção de transformar cortes estruturais em medidas temporárias) que está só a fazer política. Um governo de direita que tenha tal ousadia está a enganar os portugueses.
Um governo de esquerda pode prejudicar a economia privada para manter os velhos privilégios dos funcionários públicos sem qualquer custo político ou mediático. Mas um governo de direita que tente proteger a esfera privada face aos desvarios e despesismos da esfera pública é imediatamente condenado à má língua da opinião publicada e ao autoritarismo anacrónico do Tribunal Constitucional.
Enfim, este é um país em que ser de esquerda é ser moral e competente. E ser de direita é ser imoral e incompetente. É, de facto, nesta corrompida e maniqueísta dialéctica que vive o debate político em Portugal.
O editorial de hoje do Público, assinado pela "Direcção Editorial" e pomposamente intitulado "A filosofia e António Costa" é o máximo - e nojento - manifesto disto tudo. Verdadeiros spin doctors da geringonça frentista que actualmente desgoverna os portugueses, os editores deste inacreditável orgão de propaganda bolchevista usam despudoradamente a mais rasteira retórica para transformar este orçamento numa vitória política do primeiro ministro. Agora expliquem-me, objectivamente e sem se rirem, onde é que está a vitória. Perante as exigências da Comissão Europeia, do BCE e do FMI, Costa claudicou em tudo (onde neste orçamento estão as ideias dos célebres 12 economistas com que a direcção do PS lançou o seu assalto ao poder?), absolutamente em tudo o que é significativo, menos na pior medida de todas: sobrou a eliminação, parcial e progressiva, da sobretaxa nos ordenados da função pública. Uma medida que separa a sociedade civil em duas etnias: os privilegiados que trabalham para o Estado e que vivem à custa de quem cria riqueza de facto, e os desgraçados que trabalham no sector privado e que vivem subjugados fiscalmente para que os privilégios da função pública se mantenham.
É cada vez mais difícil aceitar as regras de uma democracia assim.
sexta-feira, fevereiro 05, 2016
Heroína do momento.
Victoria Flamel, uma encantadora dinamarquesa, que parece adorar Portugal. Obrigado, Victoria, és uma querida.
Herói do momento.
Cam Newton, ou Super Man Cam, ou The Man of Steel, como quiserem. O melhor quarterback da história do Futebol Americano? A ver vamos, no próximo Domingo.
terça-feira, fevereiro 02, 2016
O problema Bernie.
“I myself don’t use the word socialism, because people have been brainwashed into thinking socialism automatically means slave-labor camps, dictatorship and lack of freedom of speech.”
Bernie Sanders
Ontem, no Iowa, o acto inaugural das primárias americanas trouxe duas boas notícias do lado republicano. E uma péssima, do lado democrata. No que diz respeito ao GOP, ficámos a saber que Trump não é o actual lead runner e que pode ser batido dentro das regras do jogo político convencional. E que Marco Rubio tem de facto uma séria chance de consguir a nomeação do Partido Republicano. Já os resultados do caucus do Partido Democrático são bastante deprimentes. Bernie Sanders, um socialista convicto, conseguiu uma espécie de empate técnico, somando apenas menos 0,2% dos votos que Hillary Clinton obteve. Neste momento em que escrevo, mais de 12 horas depois do fecho das urnas, a vitória ainda não foi atribuída (to close to call), mas tudo indica que será a actual Secretária de Estado a levar os 30 delegados do Iowa para o congresso eleitoral. Porém, o simples facto de um materialista dialéctico como Sanders conseguir que os Clinton sofram de pânico é realmente eloquente sobre o abismo ideológico em que vive a sociedade americana.
Na citação que introduz este texto, o senador parece achar que o único problema do socialismo é ser conotado com o estalinismo. Se tal não fosse, Bernie assumiria de bom grado a religião. Ora, acontece que o socialismo apresenta historicamente muito mais proplemas que apenas o da selvajaria totalitária. O socialismo, por exemplo, é historicamente incapaz de criar riqueza e serve apenas como uma forma muito limitada, dispendiosa e discutível de o distribuir, sendo completamente incompatível com o modelo de civilização que fez dos Estados Unidos da América a primeira potência mundial (mas é preciso dizer isto?).
O número de circo nacional-populista de Trump é bastante preocupante e constrangedor. Mas parece que os eleitores conservadores estão a resolver o problema. Convinha agora que os eleitores liberais resolvessem também o problema Bernie. E se o que não faltou até aqui, foi gente de esquerda a acusar o Partido Republicano de cumplicidade com o extremismo de Trump, onde estão neste momento os críticos ao radicalismo marxista de Bernie no Partido Democrata?
Os Estados Unidos não podem eleger um sucessor de Obama que esteja à esquerda de Obama. Essa tragédia psico-social constituiria de facto o irrevogável fim do império. E dos fundamentos da nação federal.
segunda-feira, fevereiro 01, 2016
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