quinta-feira, fevereiro 29, 2024
Em diálogo com Nuno Afonso, cabeça de lista da coligação Alternativa 21 pelo círculo eleitoral de Lisboa.
Sobre o Síndroma do Comprimido Vermelho.
De uma maneira geral, aqueles que se mostram dissidentes em relação às narrativas dos poderes instituídos no Ocidente, manifestam orgulho, ou consolação, por terem acordado para a realidade e por conseguirem agora analisar com lucidez a fenomenologia dos seus tempos.
A maior parte destas pessoas tomaram, voluntária ou inadvertidamente, o proverbial "comprimido vermelho", produto de um meme ironicamente resultante de uma realização hollywoodesca, quando foram sujeitas à tirania sanitária da pandemia.
Sendo certo que foi também por essa altura que eu engoli a rubra pílula, há duas ou três diferenças fundamentais que persistem em deixar-me num certo isolamento, mesmo quando acompanhado por outros clarividentes camaradas.
Passo a explicar e rogo pela paciência da leitora, solicito a tolerância do leitor, porque isto demora.
Se excluirmos os primeiros dez anos de vida de um indivíduo, que são politicamente imateriais, durante quase quatro décadas de consciente cidadania defendi o capitalismo corporativo e os princípios clássicos do liberalismo económico. Defendi os iluministas axiomas da ciência estabelecida. Defendi o império americano como uma força histórica benigna. Defendi o estado de Israel como uma espécie de "lança em África" da civilização ocidental. Defendi furiosamente esse modelo civilizacional.
Por incrível que possa parecer agora, já fui um europeísta convicto. Já avaliei de forma benévola os corretores de Wall Street. Já votei Cavaco Silva. Já fui a manifestações do Freitas do Amaral. Já acusei Vladimir Putin, o meu líder político preferido de agora, de inomináveis vilanias. Já achei que a Christine Lagarde era uma senhora sensata e que o Gordon Brown era um mal menor e que o Durão Barroso era um político de valor e que a Angela Merkel, em última análise, até servia os interesses dos alemães e que personagens apenas medíocres como o Nuno Melo e o Rui Rio podiam constituir saídas felizes para a mediocridade da gestão pública ou o deficit de decência na governação autárquica, respectivamente.
Cheguei até a nutrir consideração apreciável por figuras sinistras, aqui enumeradas aleatoriamente, como António Carrapatoso, Pacheco Pereira, Lobo Xavier, Boris Jonhson, Gerhard Schröder, John McCain, George W. Bush, Condoleezza Rice, Colin Powell, Dick Cheney, Donald Rumsfeld e, mais recentemente, Giogia Meloni.
Já fui um entusiasta do Observador, meu Deus.
Já tentei argumentar a favor de invasões do Iraque, retaliações no Afeganistão, intervenções na Líbia, na Síria, na Somália, chacinas na Palestina, tapetes de bombas nos Balcãs.
E assim sendo, que credibilidade têm, de mim para mim, as minhas contrárias opiniões de agora?
E assim sendo, devo - como os meus companheiros de armas contemporâneos - ser vaidoso da inédita claridade?
Não será esta lucidez afinal equívoca - um outro nevoeiro de trevas que espera apenas pela próxima manhã solarenga de uma pandemia inventada para me fazer pensar de outra maneira qualquer?
É aqui que surgem as tais diferenças e a dita solidão que aponto no terceiro parágrafo deste texto e que se explanam na resposta às três ácidas perguntas que acabei de enunciar e que teimo, por imperativo categórico, em fazer a mim mesmo, quotidianamente.
Para já: não atribuo mérito algum ao facto de ter descortinado as verdades que entretanto assaltaram à mão armada a minha consciência política. Pelo contrário. Tenho vergonha de ter levado décadas para discernir o elefante magenta que estava há que tempos sentado no sofá do meu ecossistema ontológico.
Depois, não encontro consolação nenhuma nas melhoras oftalmológicas. A nitidez deste novo entendimento do mundo não traz agradáveis imagens e, para além de infernizar o presente do indicativo, para além de condenar qualquer vestígio de optimismo sobre o futuro, envenena-me completamente o passado. Tudo, ou quase tudo, aquilo que eu julgava saber estava errado e quando de repente percebes que leste mal a realidade durante a maior parte da tua vida, não podes ficar tranquilo sobre a solidez do teu juízo.
Vendo assim o desgraçado redactor atolado até ao pescoço neste pântano de equívocos, ilusões e mentiras, o generoso leitor, a solidária leitora, talvez considerem lançar ao náufrago um salvífico insuflável, ao perguntarem-se: creditando a tua sinceridade, pobre e massacrado escriba, que raio de energia milagrosa é que te faz levantar da cama todos os dias, para enfrentares o que deve ser uma existência interior verdadeiramente angustiante?
Obrigado, gentil leitor, prezada leitora, pela misericórdia do gesto socorrista, porque aqui chegados, o texto fica mais fácil de escrever e não carece sequer de extensão ensaística.
Acontece que, concomitantemente com a porcaria da indigesta e encarnada droga que involuntariamente engoli, e num processo independente de ganho de consciência que transcende qualquer rábula que o Keanu Reeves e o Lawrence Fishburne possam interpretar mimeticamente, passei de ateu a agnóstico e de agnóstico a cristão, num hiato de cinco ou seis anos.
E essa verdade, a verdade sobre todas verdades, que é a de Cristo, do seu derradeiro sacrifício e da sua promessa de redenção dos erros da humanidade - e, logo, dos meus - salva-me completamente da incerteza, da insegurança, da maldição de nem sequer ser seguro da minha capacidade de aplicar a razão à fenomenologia da realidade.
Tanto mais que a iluminação dos evangelhos não me trouxe antigas arrogâncias, mas uma inédita humildade. A de saber, mais do que acreditar, que somos parte funcional de um desígnio transcendente. De uma força moral, não materialista, que nos conduz, uma vez que a saibamos aceitar, para o mais tranquilo dos lugares.
Aquele em que nada temes. Nem a vida, nem a morte, nem a ignomínia dos ensandecidos. O sítio em que conheces enfim a paz.
A cidade de Deus.
quarta-feira, fevereiro 28, 2024
Bases de espionagem da CIA operam na Ucrânia há mais de uma década.
ContraClips: especial eleições #01
ContraClips: João Pais do Amaral (Ergue-te) sobre a censura e o condicionamento da informação.#legislativas2024 pic.twitter.com/1URTr3sihp
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) February 28, 2024
Um meme que se escreve sozinho: Hunter Biden diz que está sóbrio para ‘salvar a democracia’.
Definição de idiota útil.
Os problemas das pessoas resolvem-se com a "transição climática"? O Luis Montenegro, por mais tinta que lhe atirem, será sempre um descolorido e irrelevante idiota, de grande utilidade para os apparatchiks do Largo do Rato. https://t.co/HoLUifVPWS
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) February 28, 2024
terça-feira, fevereiro 27, 2024
Serviços secretos ucranianos tentaram assassinar Tucker Carlson em Moscovo.
Em negação.
De acordo com o FBI, este é o tipo de pessoas que se dedicam a roubar o retalho norte-americano. Só lhes faltam os chapéus MAGA. https://t.co/wRKpDd9Qcq
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) February 27, 2024
Espelho meu, espelho meu, quem na Alemanha é mais bela do que eu?
A iraniana Apameh, de 39 anos, acaba de ser eleita Miss Alemanha de 2024. É linda de morrer, não é? E tão alemã como uma salsicha. pic.twitter.com/YAdZOvxPVg
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) February 27, 2024
À conversa com João Pais do Amaral, cabeça de lista do Ergue-te pelo círculo eleitoral de Leiria.
“Jornalista” que aconselhou americanos em dificuldades económicas a saltarem refeições para poupar dinheiro… Foi despedido.
Novo estudo revela que os cérebros dos homens e das mulheres funcionam de forma diferente.
Vice.com, exemplo máximo do jornalixo norte-americano, cessa publicação de conteúdos.
Como vender automóveis #03
Mais cenas divertidas.
E como vender brinquedos:
Imagens retiradas da conta do Instagram Make Cars Great Again.
Estudo revela que as vacinas Covid-19 causaram, até à data, 17 milhões de mortes.
segunda-feira, fevereiro 26, 2024
Primárias nos EUA: Nikky Haley é humilhada no seu próprio estado, mas recusa abandonar a corrida.
Não é comum
Quando o Contra publicou, em 2022, um artigo (https://t.co/uUftfrKt32) que comparava a revolução cultural maoista com a contemporânea obliteração do livre arbítrio no Ocidente, não faltaram acusações de que o paralelo era hiperbólico. Em 2024, Tucker Carlson também exagera? https://t.co/9sPAdsvf9l
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) February 26, 2024
domingo, fevereiro 25, 2024
A Hipótese do Desenho Inteligente, Epílogo: Ciência e Design.
EUA: até a erva já vem carregada de fentanil.
Última hora: Sérgio Tavares detido em S. Paulo.
O jornalista português independente - e dissidente - Sérgio Tavares, foi detido à chegada ao aeroporto de S. Paulo, no Brasil, onde ia reportar a "Manifestação pela Democracia" que decorre hoje naquela capital estadual. A Gestapo de Lula da Silva passou 4 horas a interrogar o Sérgio sobre as suas opiniões políticas.
"Durante estas horas todas na delegacia fui interrogado pela Polícia Federal. Perguntaram-me especificamente sobre Alexandre de Morais, Flávio Dino, vacinas, 8 de janeiro, tudo. Um português que vem simplesmente cobrir uma manifestação de apoio a Jair bolsonaro e uma audiência pública sobre vacinação, amanhã em Brasília, é sujeito a isto tudo. Apreenderam o meu passaporte e fui tratado aqui quase como um criminoso."
São estas forças sinistras e totalitárias que dizem querer "salvar a democracia". O Sérgio Tavares, que é uma espécie de logótipo vivo do que deve ser um jornalista, que trabalha incansavelmente pela liberdade, pela verdade e pela decência em Portugal, que é corajoso como poucos e voluntarioso como ninguém, ao ser detido por razões exclusivamente políticas mostra ao mundo a verdadeira face dos lulas, dos biden, dos trudeau, dos costa, dos scholz, dos von der leyen, dos sunak e dos schwab deste mundo. Precisamos de nos livrar desta corja de ditadores de merda e refundar os sistemas políticos no ocidente. Mas não é amanhã. É já.
Boris Johnson tentou extorquir a Tucker Carlson 1 milhão de dólares por uma entrevista.
sábado, fevereiro 24, 2024
Para alcançarmos a verdadeira igualdade de género precisamos de mais estivadoras.
Sistema de Inteligência artificial da Google faz limpeza étnica de brancos e recusa-se a mostrar imagem icónica da Praça Tiananmen.
As voltas que a vida dá, e a possibilidade de ficares tonto no percurso.
Se alguém me dissesse há três anos atrás, nem é preciso regressar muito no tempo, que em Fevereiro de 2024 estava a gravar entrevistas com políticos, eu responderia com uma alarvidade qualquer, do género: "Já bebeste um copo a mais."
Muito sinceramente, nunca imaginei que tal coisa fosse sequer possível. Nunca imaginei que me predispusesse a essa tarefa, na minha sobranceria de rebelde irrredutível e de personagem de bastidores.
A vida leva-nos por percursos surpreendentes e o ContraCultura, que nos últimos meses tem de facto ganho novas energias em várias dimensões, está a conduzir-me por caminhos que consideraria improváveis à partida.
Ainda na quinta-feira estava a gravar o episódio piloto de uma parceria com o Canal do Sérgio Tavares, que deve ir para o ar no princípio de Março e a pensar para mim mesmo: como é que vieste aqui parar, pá?
A perplexidade é grande, até porque este rumo rompe com um princípio profissional que sempre tentei seguir na vida e que é muito simples: limita-te a fazer aquilo que sabes fazer bem. E eu não sei fazer bem entrevistas a políticos, nem sou propriamente um tipo treinado na oralidade do podcast, nem tenho preparação técnica ou até o equipamento necessário para que os produtos saiam com um desenho profissional.
Ainda assim, estas experiências, que já percebi que vão acontecer com mais e mais frequência, têm sido, também surpreendentemente, positivas. Ou mais que positivas: gratificantes. Hoje tive uma conversa com o Nuno Afonso, o fundador do Chega que agora lidera o Alternativa 21, que vai resultar num pobre produto técnico por várias razões relacionadas com a captação de som no entrevistado e com a plataforma digital onde optei - e mal - por realizar a entrevista, mas que foi, muito sinceramente, de uma consolação enorme. Do outro lado estava uma pessoa genuína, inteligente, educada, voluntariosa e humilde, no melhor sentido da palavra, que trai completamente a imagem que tenho na cabeça do que é um político.
A conversa fluiu como se nos conhecessemos de gingeira e o Nuno foi sempre assertivo sem deixar de parecer uma pessoa sensível e moderada e tolerante, mesmo quando falou de assuntos polarizadores à brava, como a presença de homens biológicos nos desportos femininos, por exemplo.
Todas as conversas desta série encaixaram aliás num registo informal, simpático e sincero, que vai completamente contra o registo deste tipo de situações na "grande política". O Nuno Matos Pereira, do ADN e o João Pais do Amaral, da coligação Ergue-te, foram entrevistados super simpáticos, honestos, transparentes de agenda e completamente despidos de pretensão. E isso foi, para mim, quase tocante. No que tem a ver com o conteúdo das conversas, dificilmente poderia desejar que corressem melhor, na verdade.
Não deixo porém de me perguntar até que ponto é que estou a ser levado ao Princípio de Peter. E muitas vezes, nos últimos tempos, tenho pensado para com os meus botões se sou eu que mando no Contra ou é o Contra que manda em mim.
A ver vamos.