#56 - The Presidents Of The United States of America - The Presidents Of The United States of America
Mais uma fabulosa orquestra de 3 homens que faziam barulho como se não houvesse amanhã. O primeiro disco deles, epónimo, é uma épica ressurreição punk, quinze anos depois do punk ter morrido por overdose, algures numa sarjeta do Soho londrino. E bomba que se farta. Poça.
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#57 - Odelay - Beck
No contexto da barbearia satânica, este é o disco de referência: “Odelay”, de 1996, traz muita coisa de novo, apesar de ser o quinto dos 14 trabalhos de estúdio produzidos, escritos e instrumentados pelo sr. Beck. O excesso de referências e cruzamentos genéticos que transportam o folk para um rodeio electrónico e o funk para a companhia do hip hop, só tem paralelo na inspiração irreverente de um dos mais prolixos autores da pop americana dos últimos 30 anos (o último disco de Beck é de 2019). O diabo é um cowboy com um corte de cabelo alternativo, que arranjou emprego numa discoteca em El Paso. Bem vindos ao rancho psicadélico de Bek David Campbell.
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#58 - Connected - Stereo MC's
Estava a ver se conseguia cumprir com a década de 90 sem avanços e recuos no tempo, mas reparei entretanto que me tinha esquecido dos Stereo MC's, pelo que temos que voltar a 1992, ano de "Connected", um disco que tem mesmo que constar da discoteca da minha vida, nem que seja porque alegrou loucamente as minhas noites entre o Bairro Alto e o Incógnito.
Os Stereo MC's não são uma banda para levar muito a sério. Na verdade, o projecto nasce mais a propósito de uma editora que pretendia dar espaço ao hip hop barra house londrino - a Gee Street - do que outra coisa qualquer e podemos até chegar à conclusão de que é o acaso misturado com alguns ácidos e com algumas raves que correram menos mal que conduz à superficial glória de "Connected". Ainda assim, o improviso de Rob Birch e companhia marcou uma época intimamente ligada à pista de dança e à pastilha alucinogénica e estes são afinal os mestres de cerimónias de uma noite sem cerimónias nenhumas. De uma noite volátil e interminável - feliz em certo sentido - mas que fazia da subsequente manhã um miserável inferno.
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#59 - More of Everything... For Everybody - Freak Power
Que género de barulho faziam os Freak Power? Funk? Trip Hop? Acid Jazz? Who Cares?
"More of Everything... For Everybody", de 1996, é um monte evereste de energia e criatividade, de cool e de groove; de espontaneidade e apuro de produção. É uma coisa prolixa e policromática que vem com um balanço desgraçado e que nos deixa num estranho estado de espírito que se situa algures no afiado gume entre a exaustão e a paz.
Norman Cook (o futuro Fatboy Slim), Ashley Slater e Jesse Graham não são propriamente pessoas conhecidas por terem medo de arriscar e os Freak Power debitavam coisas inéditas a um ritmo assustador, mesmo quando respeitavam cânones jazísticos e preceitos rítmicos bem antigos. A filosofia de fusão psicadélica dessas referências todas, que a banda perseguia com determinação obsessiva, e o rigor técnico do embrulho, permitiram-lhes mergulhar nas mais ousadas aventuras. E torná-las parte integrante da cultura pop.
Agrupamentozinho do caraças.
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#60 - Razorblade Suitcase - Bush
O segundo trabalho de estúdio dos Bush, de 1996, consubstancia o triunfo tardio do grunge em terras de Sua Majestade. Londres ficou mais perto de Seattle, por um momento. Não sei se este disco deixou marca em mais alguém na galáxia, mas eu passei semanas e semanas a ouvi-lo e a ouvi-lo apenas. O leitor de cassetes no carro não tocava mais nada. A aparelhagem em casa não tocava mais nada. Era isto que cantava no duche. Quando comecei a bater com a cabeça nas paredes, mudei de banda. Ficou a dor de cabeça. Para sempre.
Colectivo contraindicado para pessoas que sofram de depressão.
quinta-feira, agosto 27, 2020
terça-feira, agosto 25, 2020
Privilégio é isto.
Tenho que reproduzir aqui um comentário, da autoria de Mr. & Mrs. MGTow que li no Youtube e que me parece completamente assertivo sobre a questão do privilégio racial:
What is Privilege?
1) Privilege is wearing $200 sneakers when you’ve never had a job.
2) Privilege is wearing $300 Beats headphones while living on public assistance.
3) Privilege is having a Smartphone with a Data plan, which you receive no bill for.
4) Privilege is living in public subsidized housing where you don’t have a utility or phone bill and where rising property taxes, rents and energy costs have absolutely no effect on the amount of food you can put on your table, which is largely covered by Government Food Stamps.
5) Privilege is having free health insurance for you and your family that's paid for by working taxpayers who often can't afford proper health coverage for their own families.
6) Privilege is having multiple national organizations promoting and protecting just your race alone -- that are subsidized by federal tax dollars.
7) Privilege is having access to a national college fund that supports only one race.
8) Privilege is having a television network that supports only one race.
9) Privilege is having most of the media news networks refuse to cover incidents wherein one race (one-eighth of the population) commits 50% of the crimes.
10) Privilege is the ability to go march against, and protest against anything that triggers you, without worrying about calling off from work and the consequences that accompany such.
11) Privilege is having as many children as you want, regardless of your employment status, and be able to send them off to daycare or pre-school you don’t pay for.
12) Privilege is being able to vote in many states without showing a driver's license, voter ID card or other credentials -- just because your race claims they should be exempt from such requirements.
13) Privilege is being able to riot, loot, commit arson and tear down historic monuments without consequences -- just because you don't like folks such as Columbus, U. S. Grant or even Lincoln.
14) Privilege is being able to get into almost any college of your choosing based on your race, not your grades or merit.
15) Privilege is having most of your life paid for by the working men and women who DO HAVE TO DEAL WITH RISING TAXES AND COSTS! you know, those you now call “PRIVILEGED.”
What is Privilege?
1) Privilege is wearing $200 sneakers when you’ve never had a job.
2) Privilege is wearing $300 Beats headphones while living on public assistance.
3) Privilege is having a Smartphone with a Data plan, which you receive no bill for.
4) Privilege is living in public subsidized housing where you don’t have a utility or phone bill and where rising property taxes, rents and energy costs have absolutely no effect on the amount of food you can put on your table, which is largely covered by Government Food Stamps.
5) Privilege is having free health insurance for you and your family that's paid for by working taxpayers who often can't afford proper health coverage for their own families.
6) Privilege is having multiple national organizations promoting and protecting just your race alone -- that are subsidized by federal tax dollars.
7) Privilege is having access to a national college fund that supports only one race.
8) Privilege is having a television network that supports only one race.
9) Privilege is having most of the media news networks refuse to cover incidents wherein one race (one-eighth of the population) commits 50% of the crimes.
10) Privilege is the ability to go march against, and protest against anything that triggers you, without worrying about calling off from work and the consequences that accompany such.
11) Privilege is having as many children as you want, regardless of your employment status, and be able to send them off to daycare or pre-school you don’t pay for.
12) Privilege is being able to vote in many states without showing a driver's license, voter ID card or other credentials -- just because your race claims they should be exempt from such requirements.
13) Privilege is being able to riot, loot, commit arson and tear down historic monuments without consequences -- just because you don't like folks such as Columbus, U. S. Grant or even Lincoln.
14) Privilege is being able to get into almost any college of your choosing based on your race, not your grades or merit.
15) Privilege is having most of your life paid for by the working men and women who DO HAVE TO DEAL WITH RISING TAXES AND COSTS! you know, those you now call “PRIVILEGED.”
segunda-feira, agosto 24, 2020
quinta-feira, agosto 20, 2020
A discoteca da minha vida: discos 51 a 55
#51 - The Bends - Radiohead
Muito provavelmente a banda de rock com maior competência criativa da década de 90, os Radiohead são um fenómeno de ordem mística. Thom Yorke vai estar a fazer qualquer coisa de novo quando tiver 80 anos, porque não é nitidamente um homem que goste de se repetir e não é fácil encontrar uma agremiação musical que arrisque mais. Acho eu. Não que o álbum que elegi, o grandioso “The Bends”, seja especialmente arriscado. Mas é, ainda assim, especialmente uma obra prima.
Eu perdi os Radiohead algures depois de “Hail to the Thief”, porque não sou um fã maluco de música erudita, que é o que eles fazem actualmente e já há uns tempos. Mas não tenho dúvida nenhuma que a banda foi, é e continuará a ser por mais umas épocas um fenómeno artístico ímpar, incontrolável e triunfante.
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#52 - Different Class - Pulp
Pulp. O projecto de Jarvis Cocker, que esperneou bravamente entre 1983 e 2001, é a definição de banda de culto. E uma referência do pop alternativo. Também aqui, patinei que me fartei para eleger um disco, porque há 3 álbuns dos Pulp que adoro, mas decidi eleger “Different Class”, de 1995, a sua quinta subida no elevador da glória. Canções como “Underware”, “Disco 2000” ou “Common People” não acontecem todos os dias e a verve de Jarvis atinge aqui um apogeu maluco de super-poderes e crescendos épicos, de intensidade inesquecível e inebriante.
Na história acústica da minha vida, os Pulp ficaram e vão ficar como uma máquina feroz de espanto e transcendência. Uma força positiva no sistema lírico do mundo.
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#53 - The Great Escape - Blur
Há quem possa argumentar – e bem – que os Blur já deviam ter dado entrada nesta lista, a propósito do seu primeiro trabalho, “Leisure”, de 1991, e principalmente porque os Oasis, a banda nemesis, já foram entretanto nomeados. Não me interessa nada a rivalidade histórica e histriónica e não me interessa nada qualquer vestígio de justiça cronológica, porque o disco-bomba do célebre agrupamento de Londres só explode em 1995 e chama-se “The Great Escape”. Com um punhado de grandes temas, de que destaco, claro, o épico “The Universal”, este é o momento em que Damon Albarn e Graham Coxon, já sem terem que provar nada a ninguém (os 3 discos anteriores tinham sido extremamente bem sucedidos junto do público e da crítica), fazem colidir os respectivos e abundantes talentos de forma mais harmoniosa e criativa. É, aliás, precisamente a partir daqui que os Blur assumem um percurso que sai claramente do cânone do britpop/indie rock do início dos anos 90, para fazerem o seu personificado e alternativo caminho, que culminará décadas mais tarde, com tesouros desalinhados e complexos como “Think Tank” de 2003, ou mesmo “The Magic Whip” de 2015.
E se os Blur são uma banda icónica, não é de certeza por acaso: ao longo do seu percurso de 30 anos, inventaram e reinventaram. Arriscaram e ganharam. Arriscaram e perderam. Souberam parar para pensar. Souberam entrar e sair de outros projectos (dos quais o mais conhecido e aclamado talvez seja os Gorillaz de Damon Alborn); fazendo e refazendo a carreira de acordo com tendências e contra-tendências e de tal forma que foram sobrevivendo à dimensão cósmica a que é mais difícil sobreviver: o tempo.
Estou a ouvi-los enquanto escrevo estas linhas e tudo me parece contemporâneo, na verdade. Tudo resistiu extremamente bem ao devastador correr das modas e das eras.
E isto não é dizer pouco.
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#54 - Coming Up - Suede
1996. Ano de “Coming Up”, um dos mais explosivos discos de rock alternativo alguma vez editados. Digo eu.
Os Suede são aquele género de agrupamento circense que uns amam loucamente e outros odeiam com paixão. À primeira audição parecem uma lamentável versão de Bowie enquanto Ziggy, se Ziggy fosse um astronauta perdido em Manchester, na última década do século XX. Mas depois do primeiro susto revivalista, percebemos outras coisas. Percebemos o choque eléctrico e visceral, percebemos a vitalidade e o poder criativo, percebemos que “Coming Up” é uma sucessão de actos de fé, rituais devotos dedicados ao deus do rock and roll, sacrifícios desesperados no altar da juventude perdida.
Ouvimos este disco (nós, os fãs) e não sabemos bem se devemos dançar pela chuva, fornicar até ao fim da capacidade atlética, conquistar as muralhas de Troia ou muito simplesmente: chorar por mais.
Gosto tanto desta banda (já fui à Zambujeira e vim na mesma noite só para os ver ao vivo), gosto tanto de Brett Anderson, gosto tanto deste disco, que todas as palavras do meu escasso léxico perdem a sua dimensão semântica. Por isso, façam um favor a este triste rapsodo em falência técnica e oiçam, o mais alto que for possível, a música na caixa de comentários. É uma festa de manifesto.
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#55 - Sounds from the Thievery Hi-Fi - Thievery Corporation
Não sei se alguma outra banda existe que tenha substantivos próprios mais apropriados porque os Thievery Corporation são exactamente aquilo que se adivinha no nome: bons bandidos.
Em 1995, Rob Garza e Eric Hilton encontraram-se num clube de Washington e começaram a misturar loops de bossa nova com samples electrónicos, pistas de reggae com progressões dub, frases de hip hop com ritmos jazz e batidas latinas com tudo o resto, numa deliciosa mistela, receita de muito boa onda e definição do chill out que queres ouvir ao fim de uma esplêndida tarde de verão.
E a verdade é que inauguraram uma era com “Sounds from the Thievery Hi-Fi” o disco de estreia, anúncio da excelente roubalheira de referências esquecidas no vinil dos sótãos, que saiu logo em 1996 e que na altura era uma pedrada no charco dos bares de Ibiza e do underground de Berlim e da eufórica e ainda meio alternativa noite de Lisboa. Continua a ser o meu preferido, apesar da dupla continuar no activo e sempre a criar boa música. É que o ácido e tranquilo e melódico e hipnótico exercício de fusão de culturas e sonoridades que é da cartilha destes larápios resulta, incrivelmente, numa espécie de serotonina: quando os teus tornozelos começam a seguir a linha de percussão de “Shaolin Sattelite”, não há depressão que resista.
Muito provavelmente a banda de rock com maior competência criativa da década de 90, os Radiohead são um fenómeno de ordem mística. Thom Yorke vai estar a fazer qualquer coisa de novo quando tiver 80 anos, porque não é nitidamente um homem que goste de se repetir e não é fácil encontrar uma agremiação musical que arrisque mais. Acho eu. Não que o álbum que elegi, o grandioso “The Bends”, seja especialmente arriscado. Mas é, ainda assim, especialmente uma obra prima.
Eu perdi os Radiohead algures depois de “Hail to the Thief”, porque não sou um fã maluco de música erudita, que é o que eles fazem actualmente e já há uns tempos. Mas não tenho dúvida nenhuma que a banda foi, é e continuará a ser por mais umas épocas um fenómeno artístico ímpar, incontrolável e triunfante.
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#52 - Different Class - Pulp
Pulp. O projecto de Jarvis Cocker, que esperneou bravamente entre 1983 e 2001, é a definição de banda de culto. E uma referência do pop alternativo. Também aqui, patinei que me fartei para eleger um disco, porque há 3 álbuns dos Pulp que adoro, mas decidi eleger “Different Class”, de 1995, a sua quinta subida no elevador da glória. Canções como “Underware”, “Disco 2000” ou “Common People” não acontecem todos os dias e a verve de Jarvis atinge aqui um apogeu maluco de super-poderes e crescendos épicos, de intensidade inesquecível e inebriante.
Na história acústica da minha vida, os Pulp ficaram e vão ficar como uma máquina feroz de espanto e transcendência. Uma força positiva no sistema lírico do mundo.
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#53 - The Great Escape - Blur
Há quem possa argumentar – e bem – que os Blur já deviam ter dado entrada nesta lista, a propósito do seu primeiro trabalho, “Leisure”, de 1991, e principalmente porque os Oasis, a banda nemesis, já foram entretanto nomeados. Não me interessa nada a rivalidade histórica e histriónica e não me interessa nada qualquer vestígio de justiça cronológica, porque o disco-bomba do célebre agrupamento de Londres só explode em 1995 e chama-se “The Great Escape”. Com um punhado de grandes temas, de que destaco, claro, o épico “The Universal”, este é o momento em que Damon Albarn e Graham Coxon, já sem terem que provar nada a ninguém (os 3 discos anteriores tinham sido extremamente bem sucedidos junto do público e da crítica), fazem colidir os respectivos e abundantes talentos de forma mais harmoniosa e criativa. É, aliás, precisamente a partir daqui que os Blur assumem um percurso que sai claramente do cânone do britpop/indie rock do início dos anos 90, para fazerem o seu personificado e alternativo caminho, que culminará décadas mais tarde, com tesouros desalinhados e complexos como “Think Tank” de 2003, ou mesmo “The Magic Whip” de 2015.
E se os Blur são uma banda icónica, não é de certeza por acaso: ao longo do seu percurso de 30 anos, inventaram e reinventaram. Arriscaram e ganharam. Arriscaram e perderam. Souberam parar para pensar. Souberam entrar e sair de outros projectos (dos quais o mais conhecido e aclamado talvez seja os Gorillaz de Damon Alborn); fazendo e refazendo a carreira de acordo com tendências e contra-tendências e de tal forma que foram sobrevivendo à dimensão cósmica a que é mais difícil sobreviver: o tempo.
Estou a ouvi-los enquanto escrevo estas linhas e tudo me parece contemporâneo, na verdade. Tudo resistiu extremamente bem ao devastador correr das modas e das eras.
E isto não é dizer pouco.
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#54 - Coming Up - Suede
1996. Ano de “Coming Up”, um dos mais explosivos discos de rock alternativo alguma vez editados. Digo eu.
Os Suede são aquele género de agrupamento circense que uns amam loucamente e outros odeiam com paixão. À primeira audição parecem uma lamentável versão de Bowie enquanto Ziggy, se Ziggy fosse um astronauta perdido em Manchester, na última década do século XX. Mas depois do primeiro susto revivalista, percebemos outras coisas. Percebemos o choque eléctrico e visceral, percebemos a vitalidade e o poder criativo, percebemos que “Coming Up” é uma sucessão de actos de fé, rituais devotos dedicados ao deus do rock and roll, sacrifícios desesperados no altar da juventude perdida.
Ouvimos este disco (nós, os fãs) e não sabemos bem se devemos dançar pela chuva, fornicar até ao fim da capacidade atlética, conquistar as muralhas de Troia ou muito simplesmente: chorar por mais.
Gosto tanto desta banda (já fui à Zambujeira e vim na mesma noite só para os ver ao vivo), gosto tanto de Brett Anderson, gosto tanto deste disco, que todas as palavras do meu escasso léxico perdem a sua dimensão semântica. Por isso, façam um favor a este triste rapsodo em falência técnica e oiçam, o mais alto que for possível, a música na caixa de comentários. É uma festa de manifesto.
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#55 - Sounds from the Thievery Hi-Fi - Thievery Corporation
Não sei se alguma outra banda existe que tenha substantivos próprios mais apropriados porque os Thievery Corporation são exactamente aquilo que se adivinha no nome: bons bandidos.
Em 1995, Rob Garza e Eric Hilton encontraram-se num clube de Washington e começaram a misturar loops de bossa nova com samples electrónicos, pistas de reggae com progressões dub, frases de hip hop com ritmos jazz e batidas latinas com tudo o resto, numa deliciosa mistela, receita de muito boa onda e definição do chill out que queres ouvir ao fim de uma esplêndida tarde de verão.
E a verdade é que inauguraram uma era com “Sounds from the Thievery Hi-Fi” o disco de estreia, anúncio da excelente roubalheira de referências esquecidas no vinil dos sótãos, que saiu logo em 1996 e que na altura era uma pedrada no charco dos bares de Ibiza e do underground de Berlim e da eufórica e ainda meio alternativa noite de Lisboa. Continua a ser o meu preferido, apesar da dupla continuar no activo e sempre a criar boa música. É que o ácido e tranquilo e melódico e hipnótico exercício de fusão de culturas e sonoridades que é da cartilha destes larápios resulta, incrivelmente, numa espécie de serotonina: quando os teus tornozelos começam a seguir a linha de percussão de “Shaolin Sattelite”, não há depressão que resista.
domingo, agosto 16, 2020
Estava completamente enganado.
Há umas semanas atrás escrevi aqui parvamente que este ano a Fórmula 1 prometia espectáculo, a propósito do entretido primeiro grande prémio da época. Não podia estar mais enganado. A corrida de hoje, na Catalunha, foi um aborrecimento total, só interrompido pela triste figura que a Ferrari parece fazer questão de apresentar à ensonada audiência (os carros não andam e o sentido estratégico da equipa é, no mínimo, inexistente). Vettel foi hoje festejado pelo seu engenheiro, em microfone aberto, por ter feito sétimo, o que diz muito do estado lastimável em que se encontra a scuderia. Verstappen faz o que pode, mas é como se a Mercedes tivesse dois carros F1 e o resto da concorrência utilizasse os monolugares da F2.
Ainda por cima, o imbecil do Hamilton, de quem até já fui fã, insiste em trazer a política para a competição, o que me dá cabo dos nervos. Não há nada que estrague mais o desporto do que a política, ainda por cima disfarçada de (falso) moralismo.
E mesmo a propósito, Paul Joseph Watson dá ao infeliz campeão do mundo a porrada que ele merece:
Ainda por cima, o imbecil do Hamilton, de quem até já fui fã, insiste em trazer a política para a competição, o que me dá cabo dos nervos. Não há nada que estrague mais o desporto do que a política, ainda por cima disfarçada de (falso) moralismo.
E mesmo a propósito, Paul Joseph Watson dá ao infeliz campeão do mundo a porrada que ele merece:
sábado, agosto 15, 2020
Não haverá justiça, claro, mas
se Barak Obama ganhou o prémio Nobel da Paz por razão nenhuma para além da cor da pele e do nome muçulmano, que prémio deve ganhar Trump pelo acordo histórico entre Israel e os Emiratos Árabes Unidos, anunciado ontem pela Casa Branca?
Ben Shapiro diz das suas, a este propósito:
Ben Shapiro diz das suas, a este propósito:
In The Air Tonight ou o estranho caso de uma música ressuscitada.
No fim de julho, dois miúdos youtubers decidiram fazer um "reaction clip" ao hit de Phill Collins "In The Air Tonight", datado de 1981. Estão a ouvir o tema pela primeira vez. Passam-se completamente. O vídeo tem neste momento para lá de 5,5 milhões de visualizações. Acto contínuo, Phill Collins dá por si no topo das vendas de 2020, com uma canção que tem 39 anos. Do Spotify ao Itunes, é um disparo maluco.
Rick Beato, que anda há que tempos e bem a protestar contra as absurdas interdições decorrentes das políticas de copy strike praticadas no Youtube, soma aos seus sólidos argumentos (o primeiro é o de que é aberrante interditar vídeos que ensinam e divulgam música só para que dinossauros multimilionários não percam uns centavos) um terminal facto: se deixarem passar temas músicais no Youtube as editoras e os autores arriscam-se a voltar a vendê-los loucamente nos canais comerciais.
Ironia do caraças.
Rick Beato, que anda há que tempos e bem a protestar contra as absurdas interdições decorrentes das políticas de copy strike praticadas no Youtube, soma aos seus sólidos argumentos (o primeiro é o de que é aberrante interditar vídeos que ensinam e divulgam música só para que dinossauros multimilionários não percam uns centavos) um terminal facto: se deixarem passar temas músicais no Youtube as editoras e os autores arriscam-se a voltar a vendê-los loucamente nos canais comerciais.
Ironia do caraças.
sábado, agosto 08, 2020
A discoteca da minha vida: discos 46 a 50
#46 - Vs. - Pearl Jam
Ainda em 1993 e ainda no eixo de Seattle: "Vs.", o segundo trabalho de estúdio dos Pearl Jam, é capaz de ser o meu preferido, apesar de gostar bastante dos cinco discos que eles editaram entre 91 e 98 e de ser assim algo difícil eleger um. Eddie Vedder está aqui em grande forma lírica e vocal e o álbum encontra um equilíbrio muito razoável entre a electricidade reverberante e a sensibilidade melódica que caracterizam a banda.
Devo acrescentar, a título de curiosidade, que já salvei o Eddie Vedder de se estatelar direitinho no chão, depois de um salto maluco de cima das colunas e em direcção à audiência que decidiu dar no concerto do Dramático em 1996. É que quando ele saltou estava montes de gente cá em baixo, mas para lhe amortecer a queda só ficou o ingénuo do vosso amigo. Fui premiado com um abracinho apertado da estrelinha que voltou ao palco e terminou o espectáculo com uma costela partida. Ou foi o que se disse na altura. Next.
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#47 - Dummy - Portishead
Devo confessar que estou a gostar imenso desta viagem à discoteca da minha vida. É super porreiro reservar um bocadinho de cada dia para voltar a estas bandas todas e ouvir um bocadinho das suas óperas. E escrever um bocadinho sobre elas.
Exemplo máximo disto: Portishead. Ponho a tocar "Wandering Star" e fico logo todo arrepiado. Apetece-me logo fazer a estrada toda da madrugada com um disco apenas no cartão SD: "Dummy", o primeiro da banda, saído à rua em 1994.
Na altura chamavam a isto Trip Hop, mas eu que nunca fui grande fã de outras bandas de Trip Hop, desconfio que os Portishead não gostavam desse lugar no catálogo da cultura popular. Desconfio até que se estavam um bocado nas tintas para o catálogo. É que este disco é daqueles que, quando o ouves pela primeira vez, percebes rapidamente que estás perante qualquer coisa de fundamentalmente novo. Algo nunca experimentado. E que funciona, ainda por cima, mesmo que seja difícil de alinhar com as colunas que tens em casa porque os graves de estúdio dos Portishead são praticamente impossíveis. Também assinalavelmente improvável é a voz fantasmática de Beth Gibbons, que é capaz de te colocar numa câmara de tortura só para anunciar enfim, o paraíso ao condenado. Num caso como noutro, são exercícios praticados no gume afiado dos limites técnicos e criativos, onde só as obras de arte conseguem sobreviver.
Definição de disco de culto.
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#48 - Second Coming - The Stone Roses
Os colossais The Stone Roses só conseguiram editar dois longa duração de estúdio: um em 1989, outro em 1994. Bastante diferentes, por acaso, mas não em vigor criativo. Se em 89 já eram completamente a encarnação do triunfo de Manchester e do indie pop que ia ser consagrado logo a seguir, em 94 parecem regressar a um sonho feliz com Led Zeppellin dentro de uma discoteca ou coisa que o valha. A confiar no meu ouvido mais surdo, é com "Second Coming" que a banda realmente atinge o inatingível nirvana das pedras ganzadas.
Quero deixar aqui bem claro um protesto: The Stone Roses são um bocado mal tratados pela história do Rock. Este disco cujos fundamentos estéticos agora defendo é uma obra prima. Mas parece que disparou rumo a Júpiter. Bomba atómica espoletada no deserto, já ninguém se lembra dela e há muita gente que nunca a chegou a ouvir. E há muita gente que a ouviu, mas não como a explosiva solução de hidrogénio deve ser ouvida.
The Stone Roses. O nome diz tudo, mais uma vez, e oiçam, por gentileza e com ouvidos de ouvir, o clássico, interminável e belíssimo riff de guitarra eléctrica em "Love Spreads", o tema que deixo na caixa de comentários.
Depois digam lá se é ou não um momento de transcendência, aquele com que John Squire tem a cortesia de vos presentear, ò malta.
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#49 - Definitly Maybe - Oasis
Bom deus, chegou a hora dos Oasis e que dizer dos insuportáveis e geniais irmãos Gallagher? Entre um e outro que venha o diabo e escolha os dois, por gentileza. Ainda assim, é justo dizer que o Rock and roll só ganhou com este cabotino e dinâmico duo. Enquanto a guitarra do mano mais velho debitava uma enciclopédia de riffs eternos, o Gallagher mais novo mantinha relações sexuais com o microfone. E foi assim que fizeram história.
"Definitely Maybe", o primeiro longa duração da infame banda de Manchester, é o meu preferido porque ainda consegue alguma inocência - e um bocadinho de ruído de garagem - que os outros 6 posteriores trabalhos de estúdio vão assassinando progressivamente. E é difícil, para quem gosta de rock, permanecer insensível ao poder de canções exuberantes e virtuosas como "Supersonic", "Live Forever" ou "Slide Away". Estou a ouvi-las agora e convenhamos: mantêm um balanço danado.
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#50 - Yes - Morphine
Coliseu dos Recreios, algures na derradeira década do século passado. Estão uns quatro ou cinco amigos razoavelmente bebidos e fumados e apertados num camarote que ocuparam sem pagar. O concerto implica uma banda grande e dura de que já nem me lembro. Mas a banda de suporte e a razão de estarmos ali razoavelmente bebidos e fumados num camarote abusivamente ocupado é Morphine. Como os senhores chegam ao palco e desatam a fazer aquilo que fazem bem, explode uma moche gigantesca lá em baixo, na plateia. Em consequência, outra moche espoleta cá em cima no camarote, para que aconteça nos cinco minutos seguintes um momento épico e inesquecível na minha história universal da música ao vivo.
Os Morphine são uma espécie de meteoro juliano. Chegaram, estabeleceram o seu som e venceram. Ninguém estava a fazer nada parecido com o que eles faziam em 1992. Nem em 1993. Nem em 95, quando saiu o disco que é o meu preferido da banda: “Yes”. O cool jazzístico que vivia do criativo saxofone de Dana Colley e do baixo com super poderes de Billy Conway é impossível de imitar (ou excessivamente arriscado) e o palco sonoro resultante não tem família na história do pop, se não me engano. Mais uma banda de três gajos apenas, que fez música como se de uma orquestra se tratasse. Mas não: era só talento concentrado. E uma vontade minimal de fazer as coisas bem feitas. "Yes" é por isso, no meu juízo de amador, um disco muito próximo da perfeição. Next.
Ainda em 1993 e ainda no eixo de Seattle: "Vs.", o segundo trabalho de estúdio dos Pearl Jam, é capaz de ser o meu preferido, apesar de gostar bastante dos cinco discos que eles editaram entre 91 e 98 e de ser assim algo difícil eleger um. Eddie Vedder está aqui em grande forma lírica e vocal e o álbum encontra um equilíbrio muito razoável entre a electricidade reverberante e a sensibilidade melódica que caracterizam a banda.
Devo acrescentar, a título de curiosidade, que já salvei o Eddie Vedder de se estatelar direitinho no chão, depois de um salto maluco de cima das colunas e em direcção à audiência que decidiu dar no concerto do Dramático em 1996. É que quando ele saltou estava montes de gente cá em baixo, mas para lhe amortecer a queda só ficou o ingénuo do vosso amigo. Fui premiado com um abracinho apertado da estrelinha que voltou ao palco e terminou o espectáculo com uma costela partida. Ou foi o que se disse na altura. Next.
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#47 - Dummy - Portishead
Devo confessar que estou a gostar imenso desta viagem à discoteca da minha vida. É super porreiro reservar um bocadinho de cada dia para voltar a estas bandas todas e ouvir um bocadinho das suas óperas. E escrever um bocadinho sobre elas.
Exemplo máximo disto: Portishead. Ponho a tocar "Wandering Star" e fico logo todo arrepiado. Apetece-me logo fazer a estrada toda da madrugada com um disco apenas no cartão SD: "Dummy", o primeiro da banda, saído à rua em 1994.
Na altura chamavam a isto Trip Hop, mas eu que nunca fui grande fã de outras bandas de Trip Hop, desconfio que os Portishead não gostavam desse lugar no catálogo da cultura popular. Desconfio até que se estavam um bocado nas tintas para o catálogo. É que este disco é daqueles que, quando o ouves pela primeira vez, percebes rapidamente que estás perante qualquer coisa de fundamentalmente novo. Algo nunca experimentado. E que funciona, ainda por cima, mesmo que seja difícil de alinhar com as colunas que tens em casa porque os graves de estúdio dos Portishead são praticamente impossíveis. Também assinalavelmente improvável é a voz fantasmática de Beth Gibbons, que é capaz de te colocar numa câmara de tortura só para anunciar enfim, o paraíso ao condenado. Num caso como noutro, são exercícios praticados no gume afiado dos limites técnicos e criativos, onde só as obras de arte conseguem sobreviver.
Definição de disco de culto.
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#48 - Second Coming - The Stone Roses
Os colossais The Stone Roses só conseguiram editar dois longa duração de estúdio: um em 1989, outro em 1994. Bastante diferentes, por acaso, mas não em vigor criativo. Se em 89 já eram completamente a encarnação do triunfo de Manchester e do indie pop que ia ser consagrado logo a seguir, em 94 parecem regressar a um sonho feliz com Led Zeppellin dentro de uma discoteca ou coisa que o valha. A confiar no meu ouvido mais surdo, é com "Second Coming" que a banda realmente atinge o inatingível nirvana das pedras ganzadas.
Quero deixar aqui bem claro um protesto: The Stone Roses são um bocado mal tratados pela história do Rock. Este disco cujos fundamentos estéticos agora defendo é uma obra prima. Mas parece que disparou rumo a Júpiter. Bomba atómica espoletada no deserto, já ninguém se lembra dela e há muita gente que nunca a chegou a ouvir. E há muita gente que a ouviu, mas não como a explosiva solução de hidrogénio deve ser ouvida.
The Stone Roses. O nome diz tudo, mais uma vez, e oiçam, por gentileza e com ouvidos de ouvir, o clássico, interminável e belíssimo riff de guitarra eléctrica em "Love Spreads", o tema que deixo na caixa de comentários.
Depois digam lá se é ou não um momento de transcendência, aquele com que John Squire tem a cortesia de vos presentear, ò malta.
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#49 - Definitly Maybe - Oasis
Bom deus, chegou a hora dos Oasis e que dizer dos insuportáveis e geniais irmãos Gallagher? Entre um e outro que venha o diabo e escolha os dois, por gentileza. Ainda assim, é justo dizer que o Rock and roll só ganhou com este cabotino e dinâmico duo. Enquanto a guitarra do mano mais velho debitava uma enciclopédia de riffs eternos, o Gallagher mais novo mantinha relações sexuais com o microfone. E foi assim que fizeram história.
"Definitely Maybe", o primeiro longa duração da infame banda de Manchester, é o meu preferido porque ainda consegue alguma inocência - e um bocadinho de ruído de garagem - que os outros 6 posteriores trabalhos de estúdio vão assassinando progressivamente. E é difícil, para quem gosta de rock, permanecer insensível ao poder de canções exuberantes e virtuosas como "Supersonic", "Live Forever" ou "Slide Away". Estou a ouvi-las agora e convenhamos: mantêm um balanço danado.
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#50 - Yes - Morphine
Coliseu dos Recreios, algures na derradeira década do século passado. Estão uns quatro ou cinco amigos razoavelmente bebidos e fumados e apertados num camarote que ocuparam sem pagar. O concerto implica uma banda grande e dura de que já nem me lembro. Mas a banda de suporte e a razão de estarmos ali razoavelmente bebidos e fumados num camarote abusivamente ocupado é Morphine. Como os senhores chegam ao palco e desatam a fazer aquilo que fazem bem, explode uma moche gigantesca lá em baixo, na plateia. Em consequência, outra moche espoleta cá em cima no camarote, para que aconteça nos cinco minutos seguintes um momento épico e inesquecível na minha história universal da música ao vivo.
Os Morphine são uma espécie de meteoro juliano. Chegaram, estabeleceram o seu som e venceram. Ninguém estava a fazer nada parecido com o que eles faziam em 1992. Nem em 1993. Nem em 95, quando saiu o disco que é o meu preferido da banda: “Yes”. O cool jazzístico que vivia do criativo saxofone de Dana Colley e do baixo com super poderes de Billy Conway é impossível de imitar (ou excessivamente arriscado) e o palco sonoro resultante não tem família na história do pop, se não me engano. Mais uma banda de três gajos apenas, que fez música como se de uma orquestra se tratasse. Mas não: era só talento concentrado. E uma vontade minimal de fazer as coisas bem feitas. "Yes" é por isso, no meu juízo de amador, um disco muito próximo da perfeição. Next.
Asseto Corsa Competizione: um shot de adrenalina.
Este jogo tem uma história: durante anos e anos, os gamers de suporte PC sempre denegriram os desgraçados das consolas. Principalmente os gamers de suporte PC que se dedicavam à simulação de corridas. Que as consolas não tinham jogos de simulação, mas de arcada. Que as consolas não transmitiam o mesmo realismo nem traduziam fielmente as forças físicas do automobilismo, sendo desenhadas para crianças e adolescentes. Que quem gostava de corridas e de jogos, só podia ter a opção PC. Até porque um dos melhores simuladores de corridas do panorama actual era o Asseto Corsa Competizione, não suportado em consola.
Ora bem: em julho último, o Asseto Corsa Competizione - um jogo estritamente dedicado às corridas GT3 e GT4 - tornou-se disponível para a PS4. E é claro que é um simulador espectacular. E é claro que agora os utilizadores de consolas já não têm que ser massacrados com o paternalismo dos utilizadores PC. Tanto mais que já há dois anos que a PS4 disponibilizava um outro simulador a sério, o Project Cars 2. Tanto mais que os periféricos disponíveis para a PS4 também já são de topo, com a Fanatec a compatibilizar-se com a tecnologia das consolas. Portanto, pilotos PC de todo o mundo: parem lá de chatear a malta.
Falando do jogo propriamente dito: alguns bugs parvos à parte, é um sonho para quem gosta destas coisas. Do comportamento dos carros à incrível fidelidade da sonoplastia, das condições atmosféricas dinâmicas à boa prestação da inteligência artificial, do prazer plástico que as máquinas conseguem transmitir ao condutor virtual, ao susto que experimentamos de facto em cada curva menos bem gerida, esta é uma experiência mesmo, mesmo imersiva. Mesmo, mesmo emocionante.
Estou viciado.
sexta-feira, agosto 07, 2020
Covid-19: percepção e realidade.
Uma sondagem recentemente conduzida pela consultora britânica Kekst CNC traz à luz a infeliz e dramática divergência entre aquilo que a opinião pública pensa sobre o Covid-19 e o real impacto do vírus. Os resultados são assustadores.
Os ingleses acham que 22% da população do seu país foi infectada, e que 7% morreram, quando os infectados são 5,5% e os mortos são 0,07%.
Os americanos acreditam que 20% dos cidadãos da confederação foram infectados e que morreram 9% dos habitantes dos EUA (!). Na verdade os infectados são 20 vezes menos e os mortos são 200 vezes menos.
Os alemães parecem convictos que 11% da sua população está infectada e que 3% dos seus compatriotas já pereceram por causa do vírus chinês. Os números verdadeiros são 46 vezes menores e 300 vezes menores, respectivamente.
E assim sucessivamente. A disparidade é tão disparatada que custa a crer como é que as pessoas conseguem acreditar nisto. Por exemplo: como é que os americanos conseguem acreditar que o Covid-19 dizimou quase um décimo da população do país, quando a taxa de mortalidade resultante da doença é de 0,27% e a percentagem de mortos relativamente à população total é de 0,0016%. Como é que as pessoas podem estar tão enganadas?
Estará este fenómeno de desinformação incrível intimamente ligado, por acaso, digo eu e desculpem lá, às mentiras que a imprensa mundial publica todos os dias?
O inevitável e corrosivo Paulo Joseph Watson também desconfia que sim:
Ainda há homens #04
"Just because you're offended, it doesn't mean you're right."
Ricky, o que não tem medo de ninguém, diz o que é preciso dizer. Quem tem ouvidos, que oiça.
segunda-feira, agosto 03, 2020
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