quinta-feira, agosto 27, 2020

A discoteca da minha vida: discos 56 a 60

#56 - The Presidents Of The United States of America - The Presidents Of The United States of America
Mais uma fabulosa orquestra de 3 homens que faziam barulho como se não houvesse amanhã. O primeiro disco deles, epónimo, é uma épica ressurreição punk, quinze anos depois do punk ter morrido por overdose, algures numa sarjeta do Soho londrino. E bomba que se farta. Poça.





__________

#57 - Odelay - Beck
No contexto da barbearia satânica, este é o disco de referência: “Odelay”, de 1996, traz muita coisa de novo, apesar de ser o quinto dos 14 trabalhos de estúdio produzidos, escritos e instrumentados pelo sr. Beck. O excesso de referências e cruzamentos genéticos que transportam o folk para um rodeio electrónico e o funk para a companhia do hip hop, só tem paralelo na inspiração irreverente de um dos mais prolixos autores da pop americana dos últimos 30 anos (o último disco de Beck é de 2019). O diabo é um cowboy com um corte de cabelo alternativo, que arranjou emprego numa discoteca em El Paso. Bem vindos ao rancho psicadélico de Bek David Campbell.





__________

#58 - Connected - Stereo MC's
Estava a ver se conseguia cumprir com a década de 90 sem avanços e recuos no tempo, mas reparei entretanto que me tinha esquecido dos Stereo MC's, pelo que temos que voltar a 1992, ano de "Connected", um disco que tem mesmo que constar da discoteca da minha vida, nem que seja porque alegrou loucamente as minhas noites entre o Bairro Alto e o Incógnito.
Os Stereo MC's não são uma banda para levar muito a sério. Na verdade, o projecto nasce mais a propósito de uma editora que pretendia dar espaço ao hip hop barra house londrino - a Gee Street - do que outra coisa qualquer e podemos até chegar à conclusão de que é o acaso misturado com alguns ácidos e com algumas raves que correram menos mal que conduz à superficial glória de "Connected". Ainda assim, o improviso de Rob Birch e companhia marcou uma época intimamente ligada à pista de dança e à pastilha alucinogénica e estes são afinal os mestres de cerimónias de uma noite sem cerimónias nenhumas. De uma noite volátil e interminável - feliz em certo sentido - mas que fazia da subsequente manhã um miserável inferno.





__________

#59 - More of Everything... For Everybody - Freak Power
Que género de barulho faziam os Freak Power? Funk? Trip Hop? Acid Jazz? Who Cares?
"More of Everything... For Everybody", de 1996, é um monte evereste de energia e criatividade, de cool e de groove; de espontaneidade e apuro de produção. É uma coisa prolixa e policromática que vem com um balanço desgraçado e que nos deixa num estranho estado de espírito que se situa algures no afiado gume entre a exaustão e a paz.
Norman Cook (o futuro Fatboy Slim), Ashley Slater e Jesse Graham não são propriamente pessoas conhecidas por terem medo de arriscar e os Freak Power debitavam coisas inéditas a um ritmo assustador, mesmo quando respeitavam cânones jazísticos e preceitos rítmicos bem antigos. A filosofia de fusão psicadélica dessas referências todas, que a banda perseguia com determinação obsessiva, e o rigor técnico do embrulho, permitiram-lhes mergulhar nas mais ousadas aventuras. E torná-las parte integrante da cultura pop.
Agrupamentozinho do caraças.






__________

#60 - Razorblade Suitcase - Bush
O segundo trabalho de estúdio dos Bush, de 1996, consubstancia o triunfo tardio do grunge em terras de Sua Majestade. Londres ficou mais perto de Seattle, por um momento. Não sei se este disco deixou marca em mais alguém na galáxia, mas eu passei semanas e semanas a ouvi-lo e a ouvi-lo apenas. O leitor de cassetes no carro não tocava mais nada. A aparelhagem em casa não tocava mais nada. Era isto que cantava no duche. Quando comecei a bater com a cabeça nas paredes, mudei de banda. Ficou a dor de cabeça. Para sempre.
Colectivo contraindicado para pessoas que sofram de depressão.