sexta-feira, abril 27, 2012
segunda-feira, abril 23, 2012
Titanic
Em caso de emergência, há que aceitar o caos.
É esquecer os heróis que não há e arranjar rapidamente um lugar na barca dos maus
Da fita.
Na ausência do colete salva-vidas, conhaque há-de servir muito bem
E não adianta chamar pela mãe
Que ficou em Londres, meia orgulhosa, meia aflita.
Mais cedo ou mais tarde, o naufrágio sempre acontece
E precisamente quando não há maneira de emitir uma merda de um SOS,
Que a sorte é maldita.
O melhor é ir preparado com um poema do Álvaro de Campos e uma camisola
De lã. Não vale a pena ir para o inferno com ideias de esmola
E cara bonita.
Em caso de emergência, há que aceitar o longe e a distância,
E, sobretudo, renegar a ambulância,
Não vá o barulho das sirenes acordar o diabo, que dormita.
No próximo icebergue saimos para as vantagens de um mergulho em pelo:
Nem o whisky precisa de gelo,
Nem o Willy se arrebita.
Acima de tudo, evitar o fútil pânico: se o bote mete água por todo o lado,
Não há remédio senão atravessar a nado
O Atlântico que se agita.
É esquecer os heróis que não há e arranjar rapidamente um lugar na barca dos maus
Da fita.
Na ausência do colete salva-vidas, conhaque há-de servir muito bem
E não adianta chamar pela mãe
Que ficou em Londres, meia orgulhosa, meia aflita.
Mais cedo ou mais tarde, o naufrágio sempre acontece
E precisamente quando não há maneira de emitir uma merda de um SOS,
Que a sorte é maldita.
O melhor é ir preparado com um poema do Álvaro de Campos e uma camisola
De lã. Não vale a pena ir para o inferno com ideias de esmola
E cara bonita.
Em caso de emergência, há que aceitar o longe e a distância,
E, sobretudo, renegar a ambulância,
Não vá o barulho das sirenes acordar o diabo, que dormita.
No próximo icebergue saimos para as vantagens de um mergulho em pelo:
Nem o whisky precisa de gelo,
Nem o Willy se arrebita.
Acima de tudo, evitar o fútil pânico: se o bote mete água por todo o lado,
Não há remédio senão atravessar a nado
O Atlântico que se agita.
domingo, abril 08, 2012
sábado, abril 07, 2012
Do fundo do tempo, sai um poema.
Vamos morrer esta noite.
Nós, os impotentes, os alienados, os marginais da cidade utópica, vamos morrer esta noite.
Nós, os ousados da poesia, os intrépidos da filosofia, os protagonistas dos pesadelos dos outros; nós, os alquimistas do ferro e do fogo, vamos, em gloriosa senda suicida, morrer como morrem os deuses, serenamente, esta noite.
Nós, os corsários ontológicos do cosmos, os astronautas do lodo psicológico do homem, nós, os únicos filhos da puta verdadeiramente salvos perante os céus, vamos ébrios, vamos nus, de pila ao léu e saltitante, em escândalo e escárnio, morrer esta noite.
Nós, os bandidos da literatura, os carrascos da utopia, os coveiros da inocência, os inventores da discórdia; nós, os infames, os indignos, os loucos furiosos, os perversos, vamos morrer esta noite.
Nós, os anti-cristos, os zaratustras, os super-homens ao contrário, os larápios da calúnia, os escroques da inteligência, os impiedosos profetas da desgraça; nós, os intelectuais do esgoto; nós, os vampiros do sangue das palavras, nós, os que queimamos bandeiras com o lança chamas da mais absoluta descrença, vamos cansados, vamos vencidos, morrer de ódio esta noite.
Antes que a bruma do tempo nos devore os ideais zero e que os uivos da populaça nos calem o grito vácuo, antes que a sirene do Apocalipse cumpra o seu serviço de cinzas e nos roube a determinação de cessar por cessar, vamos, sem medo e sem esperança, sem hinos e sem fados, morrer esta noite.
Nós, os que vamos velozes pela estrada sem fim do des-sentido; nós, os que não temos medo da próxima curva; nós, que forçamos as esporas no lombo do cavalo de Satanás; nós, os mais rápidos pederastas do universo e os chulos da insanidade à velocidade da luz; nós, os príncipes valentes do reino da má vontade, vamos morrer esta noite na maior praça da cidade.
- 1985 -
Nós, os impotentes, os alienados, os marginais da cidade utópica, vamos morrer esta noite.
Nós, os ousados da poesia, os intrépidos da filosofia, os protagonistas dos pesadelos dos outros; nós, os alquimistas do ferro e do fogo, vamos, em gloriosa senda suicida, morrer como morrem os deuses, serenamente, esta noite.
Nós, os corsários ontológicos do cosmos, os astronautas do lodo psicológico do homem, nós, os únicos filhos da puta verdadeiramente salvos perante os céus, vamos ébrios, vamos nus, de pila ao léu e saltitante, em escândalo e escárnio, morrer esta noite.
Nós, os bandidos da literatura, os carrascos da utopia, os coveiros da inocência, os inventores da discórdia; nós, os infames, os indignos, os loucos furiosos, os perversos, vamos morrer esta noite.
Nós, os anti-cristos, os zaratustras, os super-homens ao contrário, os larápios da calúnia, os escroques da inteligência, os impiedosos profetas da desgraça; nós, os intelectuais do esgoto; nós, os vampiros do sangue das palavras, nós, os que queimamos bandeiras com o lança chamas da mais absoluta descrença, vamos cansados, vamos vencidos, morrer de ódio esta noite.
Antes que a bruma do tempo nos devore os ideais zero e que os uivos da populaça nos calem o grito vácuo, antes que a sirene do Apocalipse cumpra o seu serviço de cinzas e nos roube a determinação de cessar por cessar, vamos, sem medo e sem esperança, sem hinos e sem fados, morrer esta noite.
Nós, os que vamos velozes pela estrada sem fim do des-sentido; nós, os que não temos medo da próxima curva; nós, que forçamos as esporas no lombo do cavalo de Satanás; nós, os mais rápidos pederastas do universo e os chulos da insanidade à velocidade da luz; nós, os príncipes valentes do reino da má vontade, vamos morrer esta noite na maior praça da cidade.
- 1985 -
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