domingo, setembro 29, 2013

Alguém que corre bem.


Se existiam ainda algumas dúvidas sobre o assunto, Rui Costa provou hoje que é objectivamente um dos melhores ciclistas do circuito profissional. Depois de conquistada a volta à Suíça e de duas eloquentes vitórias no Tour, o título de Campeão do Mundo assenta-lhe que nem uma luva. Perante a concorrência de gigantes como Nibali, Valverde, Cancellara, Gilbert e Sagan, o português dominou tacticamente - como é seu hábito - e bateu Rodriguez na meta. Parabéns Rui. Parabéns Portugal.

segunda-feira, setembro 23, 2013

I'm old enough to remember.



A realidade supera sempre a ficção. Mesmo quando a ficção é praticada por génios como Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. Neil de Grasse Tyson especula: se calhar, em 2001, estávamos já um pouco mais à frente na Odisseia.

Escritos na areia #1


HINO AO ROSÉ

Tenho as plantas dos pés escaldadas. Arrisquei-me descalço pela areia impossivelmente abrasiva desta praia que grita luz e escaldei-me na aventura.
Tenho as plantas dos pés queimadas pelo branco improvável da areia viva e toda a gente sabe do incómodo de ter as plantas dos pés fervidas pelo eco do sol.
O que me salva agora do ardor da travessia, o que me dá sombra e oferece alívio, banho sagrado de paz e bem-estar numa dose de três quartos de um litro, é este Vinho Rosé geladíssimo, saborosíssimo, honesto e simples e fresco como uma pedra de gelo na nuca de deus.
O Rosé português de Azeitão que escorre da alma para as plantas dos pés, numa santa missão da mais pura medicina, é um vinho amável, curandeiro, solícito na sua rubra timidez de palheto.
Ao segundo copo, o meu corpo regressa ao paraíso perdido e, imerso já nessa suave utopia, rejuvenesce, vence o tempo e a temperatura, ergue-se dos reumáticos da idade para cantar a juventude.



A MORTE NECESSÁRIA

É preciso morrer: o cosmos precisa da morte para fazer circular os átomos e o tecido do espaço-tempo precisa da morte para manter a sua sorumbática consistência.
E tu, amigo, e eu, irmão, também necessitamos da cova como quem precisa de haxixe para um dia de praia ou de um scotch para depois do jantar.
A morte é o grande motor de redenção dos mundos e dos povos que infestam esses mundos e dos deuses que criaram tudo isto à semelhança de uma charada retirada da poeira catastrófica de uma estante de Alexandria.
É preciso morrer. O fim absoluto de todas as coisas é o objectivo primeiro e derradeiro do início absoluto de todas as coisas: ide e multiplicai-vos até ao apocalipse sacrificial, o fim orgíaco - celebração definitiva do sentido da vida.
É preciso morrer para perceber que a glória do caminho está no fim do caminho, que o regresso às cinzas é a única odisseia.
Estar vivo é estar a dever à morte. É preciso pagar a dívida. É preciso morrer.



AMIGOS NA PRAIA

Aqui, na praia aberta para todas as possibilidades, na praia em que é provável a existência de deus; aqui na orla do mar incerto, oceano permanente da poesia portuguesa; aqui na combinação subatómica de todos os factores possíveis; aqui no espaço que sobra entre a matéria e a anti-matéria, Belo pergunta a Kant: O que fizeste esta manhã?
Kant, claro, não se lembra. Mas entre o perguntar e o responder, estende-se todo um imperativo categórico de gaivotas.

Aqui, muito bem instalado na cadeira de baloiço do princípio da incerteza, aqui na praia inconcebível da matemática, entre o pulsar arrítmico do quasar e o recolhimento da esplanada do caos, recordo Platão e dou-lhe razão.



SOL DE LISBOA

Eu, que não conheço o mundo, que não sou viajado nem viajante, que tenho preguiça de low costs e alergias ao turismo; eu, o hipocondríaco dos quilómetros que me afastam de casa, ouso ainda assim acreditar que nalguns dias de Janeiro, como noutros de Julho, vivo na mais bela cidade do mundo.



FUNDAMENTOS DO BILHETE POSTAL

Ao cair da tarde, o Atlântico irrita-se ligeiramente com a nortada. No fundo azul profundo do céu, alguém com muitíssimo talento decidiu aplicar umas pinceladas de mutante púrpura, que navegam em exuberante evolução. Como se isto não bastasse ao aparato cenográfico, aproxima-se, lenta e solene, a inevitável traineira, no seu ruído de artrites, infestada pelo respectivo enxame faminto de gaivotas histéricas.
Entre a imagem, o som e o espanto, estou aqui esplendidamente estendido, a ver passar a multimédia.
Mais uns dias assim e começo a suspeitar que deus existe. Um deus esteta. Um deus que se está completamente nas tintas para o meu destino de infiel, mas que muito se aflige quando a tarde cai sem o seu apogeu cinematográfico.

segunda-feira, setembro 09, 2013

A televisão portuguesa a gostar dela própria.



O Canal 180 é uma espécie de grande redentor da televisão portuguesa.
Dá gosto ficar por aqui. Só que agora tenho que ir de férias.

sábado, setembro 07, 2013

A Punk Odissey

Lembrei-me da obra prima do Kubrick logo na primeira vez que ouvi o tema "Contact" dos Daft Punk. Pelos vistos não fui só eu, porque descobri entretanto um Youtuber que fez precisamente essa colagem. E a coisa corre estranhamente bem. 

Nas palavras do autor do trabalho:

On a whim, I tried playing Contact against the end segment of 2001 and it synced up flawlessly. The film and song aren't edited in any way, they both play out in full duration. It's incredible how well they match.

O triunfo dos porcos.

O Tribunal Constitucional da República Portuguesa é a Nemesis da República Portuguesa.
Quando precisamos dele para reformar o estado, é conservador. É reaccionário. Quando precisamos dele para moralizar a política, é liberal. É libertário. Numa coisa, porém, é coerente e constante: o prejuízo da nação.

A ideia de que um dispêndio de átomos como Filipe Meneses vai ser o próximo Presidente da Câmara do Porto dá-me vómitos.
Não aprendemos nada, nos últimos anos. Os batráqueos do charco partidário continuam a triunfar alarvemente.
Os que são generosos com o dinheiro dos outros, os que são humanistas de manifestação, os que são tolerantes para que ninguém repare que são de facto cobardes, os que são empreendedores por vocação e vigaristas por natureza, os que são tribunos porque não saberiam ser outra coisa, os que são deputados de estar ali, os que são ministros para fazer depois carreira, continuam a triunfar alarvemente.
Os trafulhas, os aldrabões, os mal criados, os idiotas, os crápulas que fogem para a Sorbonne, os traidores que fogem para a Comissão Europeia, os incompetentes que vão ser vices para o Banco Central Europeu, os ex-ministros das finanças que vão largar rapidamente os títulos da dívida pública portuguesa no emprego estrangeiro que desenterrarem a seguir, os líderes das centrais sindicais que, num estado de negação absolutamente recordista, continuam a não acreditar no simples facto de não haver dinheiro que pague o país que num dia triste imaginaram, os comentadores que fazem profissão disso, os políticos que são conhecidos por serem comentadores de futebol, que são eleitos por serem conhecidos comentadores de futebol, os presidentes da câmara que acham que resolvem as cidades portuguesas com um filme do Woody Allen e um labirinto de ciclovias, os spins-doctors do Bloco que querem legislar sobre o flagelo social a que chamamos piropo, os incapazes, os rapazes, os indigentes, os pequenos, os baixos, os feios, os porcos, os maus, continuam a triunfar alarvemente.


quinta-feira, setembro 05, 2013

O glorioso desenterro de Giorgio Moroder.



When I was fifteen, sixteen, when I really started to play guitar,

I definitely wanted to become a musician.
It was almost impossible because the dream was so big that
I didn't see any chance, because I was living in a little town, was studying...

And when I finally broke away from school and became a musician
I thought "Well, now I may have a litle bit of a chance."
Because all I ever wanted to do was music and not only play music but compose music.

At that time, in Germany, in 69-70, they had already discotheques.
So I would take my car and go to a discotheque, sing maybe thirty minutes.
I think I had about 7-8 songs.
I would partially sleep in the car because I didn't want to drive home, 

and that helped me for about almost two years, to survive, in the beginning. 

I wanted to do an album with the sounds of the 50s, the sounds of the 60s, of the 70s, 
and then have a sound of the future.
And I said, "Wait a second, I know the synthesizer. Why don't I use the synthesizer, 

which is the sound of the future?"
And I didn't have any idea what to do but I knew I needed a click ,

so we put a click on the 24 track which then was synced to the moog modular.
I knew that it could be a sound of the future but I didn't realize how much the impact 

would be.

My name is Giovanni Giorgio, but everybody calls me Giorgio.

Once you want to free your mind about a concept of harmony and music being correct, 

you can do whatever you want.
So nobody told me what to do and there was no preconception of what to do.



Daft Punk  |  Giorgio By Moroder

quarta-feira, setembro 04, 2013

Mais uma malha intensa do Sr. Alex Turner.



Artic Monkeys  |  Why'd You Only Call Me When Your're High?

Rocketville #7 - SpaceshipTwo flight



Telescope Footage of Virgin Galactic breaking the speed of sound in first rocket-powered flight of SpaceShipTwo. Taken by MarsScientific.com and Clay Center Observatory.

domingo, setembro 01, 2013

Setembro começa épico.



Atenção: nerds à solta. Cuidado com eles.  São capazes de grandes canções.

The Polyphonic Spree  |  Popular By Design (Live at WFUV)