segunda-feira, outubro 14, 2024

 

O preço da ganância e da incompetência: Boeing vai despedir 17.000 trabalhadores.

17.000 mil trabalhadores da Boeing vão pagar o preço da incompetência e da ganância das elites que nas últimas décadas conduziram aquela que era a mais prestigiada empresa de aeronáutica no mundo ao desastre financeiro e literal. 


 

ContraCantigas #03: Balada da Praia dos Bois

Como o Contra tem sugerido por diversas vezes, as tiranias só são possíveis num quadro psicossocial conformista. Pela simples razão que, historicamente, os movimentos de inspiração totalitária são demograficamente deficitários e interpretados por um punhado de bandidos que tira partido de circunstâncias políticas, sociais e económicas adversas. Ou seja: Regra geral, as pessoas são fascizadas quando se deixam fascizar. E isso é precisamente o que está acontecer nos desgraçados tempos que correm.

Este tema explora esse triste fado, permitido e potenciado por cidadãos adormecidos, hipnotizados, conformados e obedientes, que não sabem honrar o legados dos seus avós, nem alertados foram para a célebre máxima de Benjamin Franklin:

“Aqueles que desistem das liberdades fundamentais em troca de segurança não merecem a liberdade nem merecem a segurança.”

 

 


    BALADA DA PRAIA DOS BOIS

    Quando a sociedade da abundância for a comuna da escassez
    e encher o depósito custar tudo aquilo que ganhas por mês;
    Quando as falácias da ciência substituírem a verdade moral
    e a tecnologia inverter a geografia do bem e do mal;
    Quando a obsessão com a segurança aniquilar a liberdade
    e a pretexto do bem comum, te roubarem a identidade;
    Quando fores de tal forma condicionado pela propaganda
    que a tua vida será reduzida a obedecer a quem manda;

    Quando toda a humanidade for escrava de danados
    vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?
    Quando toda a humanidade for serva de tarados
    vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?


    Quando alienado e tonto confundires Deus com Satanás
    ou os horrores da guerra com as bênçãos da paz;
    Quando as escolas envenenarem, em nome do progresso,
    o destino dos teus filhos com mudanças de sexo;
    Quando o teu cérebro for assim tão bem lavado
    que já nem percebes que foste entretanto amordaçado;
    Quando com dias claros for fabricada a noite escura
    e com o verão da democracia, o inverno da ditadura;

    Quando toda a humanidade for escrava de danados
    vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?
    Quando toda a humanidade for serva de tarados
    vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?


    Quando fores destituído de tudo e feliz de nada,
    inconsciente marxista no fim da propriedade privada;
    Quando perderes além da razão, até o ofício suado,
    para que o teu sustento dependa da boa vontade do estado;
    Quando padres heréticos venderem a alma ao ecumenismo
    e a igreja trocar a verdade da cruz pela fé no comunismo;
    Quando biliões forem enfim regidos por uma única bitola,
    devidamente entretidos com drogas e jogos de consola;

    Quando toda a humanidade for escrava de danados
    vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?
    Quando toda a humanidade for serva de tarados
    vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?


    Vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?

 

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Mais ContraCantigas no ContraCultura

Porque será? Imprensa corporativa não encontra justificação para o facto de Trump estar a realizar menos comícios.

A Axios publicou um artigo que refere que Donald Trump está a realizar menos comícios e pergunta-se porquê, olvidando, com requintada hipocrisia, o facto óbvio do homem correr risco de vida de cada vez que sai à rua.


Perguntam e eu respondo.

domingo, outubro 13, 2024

Um raro momento de consolação.

Hoje aconteceu uma cena de ficção científica: A SpaceX de Elon Musk conseguiu recuperar o enorme booster da Starship, agarrando-o em suspensão, como se fosse uma pena. O feito já é incrível por si só, mas há um detalhe ainda mais maluco: a torre que apanha o propulsor é a mesma que lançou o foguetão. As imagens são impressionantes. E o potencial do sistema, em termos tecnológicos tanto como de economia de meios, é quase incomensurável.



O teste não correu na perfeição, porque uma parte da fuselagem pegou fogo, claramente, mas esta não deixa por isso de ser uma etapa muito bem sucedida do programa da SpaceX.

Como já tenho aqui escrito, o sonho marciano de Musk dificilmente será alguma coisa para além de um embuste, pelo menos nos próximos vinte ou trinta anos. Mas há que reconhecer que, a partir de hoje, a exploração espacial ganhou um novo impulso. E a promessa do magnata dos carros eléctricos de que podia, a curto prazo, lançar um foguetão por hora, com o mesmo propulsor, que parecia muito pouco realista, está de facto a caminho de se concretizar.

E no contexto contemporâneo, em que os sonhos e as aspirações e as conquistas e as glórias da humanidade são cada vez mais raras, este momento é sem dúvida consolador.

Inferno na Terra.

O documentário em baixo é um horror. É muito difícil de ver e de digerir. O ódio, a violência, o desespero, são insustentáveis. Vivemos de facto tempos dantescos e ao assistir a este festival luciferino só ganho argumentos em favor de uma convicção antiga: o sapiens não mostra evolução moral. Isto que vemos neste vídeo e que está a ocorrer agora, na Palestina, podia ocorrer no século XX, no século XI ou há quatro mil anos atrás. A diferença está na tecnologia, e apenas na tecnologia. A barbárie é intemporal.

O documentário é da Al Jazeera, mas aqui não há nada que enganar, porque muitas das imagens provêm das próprias forças armadas israelitas, porque a destruição e o número de baixas é certificado por várias organizações internacionais e independentes, porque nem Hollywwod conseguiria fabricar este nível de destruição, porque muito dos testemunhos são excessivamente pavorosos para serem ficcionados, porque na verdade os sionistas nem escondem o orgulho - e em certos casos, a sinistra alegria - pela orgia sanguinária.

No fim de Junho, tinham morrido na Faixa de Gaza 38.000 pessoas e 60% das infraestruturas estavam completamente destruídas. Um terço dos mortos são crianças. Os números não incluem os milhares de desaparecidos que ainda se encontram debaixo dos escombros.

Civis e jornalistas são abatidos indiscriminadamente. Os prisioneiros são humilhados, espancados, torturados, violados e mutilados. O exército israelita usa civis como escudos humanos e a fome como arma de guerra. Os soldados entram em casa das pessoas e vestem-se com a roupa interior das mulheres, encenando coreografias que publicam depois nas redes sociais. Hospitais, universidades e escolas são demolidos sistematicamente. Há vastas áreas de Gaza em que não se vê um edifício de pé. Os escombros estendem-se por todo o horizonte.

Os sionistas estão a implementar todo um rol de atrocidades, crimes de guerra e violações do direito internacional em Gaza e, digam-me o que disserem, não há justificação possível para a actividade genocida.

Não recomendo de todo este vídeo a pessoas mais susceptíveis, porque é uma coisa mesmo tenebrosa. Mas recomendo-o sim àqueles que ainda defendem Israel como uma força civilizadora no Médio Oriente. Porque se isto é civilização, então o melhor é voltarmos a viver em cavernas.

 

Neste outro clip, Glenn Greenwald entrevista o realizador do documentário, o britânico Richard Sanders, que, para além de atestar sobre a fidedignidade das imagens e dos factos relatados no seu trabalho, articula sobre a hedionda situação no terreno, os detalhes distópicos dos bombardeamentos israleitas - que resultam da utilização de inteligência artificial para detectar alvos e que atingem preferencialmente esses alvos quando eles se encontram em casa, com as suas famílias - e o envolvimento do Ocidente na chacina.



O Globalismo de Babel.

Na sua crónica de domingo, Walter Biancardine escreve sobre o projecto globalista, antigo como a ambição de reis bíblicos, contemporâneo como os sonhos dos tiranos de agora, que mesmo quando se guerreiam, têm o mesmo objectivo em mente: Levantar a Babel que Deus condenou.



Novo chefe da NATO afirma que o caminho de adesão da Ucrânia é “irreversível”.

Depois de ser corrido pelo povo holandês, o globalista Mark Rutte foi promovido a Secretário-Geral da NATO e já está a deixar a sua marca, afirmando, num cúmulo de irresponsabilidade beligerante, que a adesão da Ucrânia à NATO é "irreversível."



‘Exagerámos’ – Eminente tecnocrata britânico admite crimes contra a saúde pública durante a pandemia.

Sir Chris Whitty, o Chief Medical Officer de Inglaterra e do País de Gales, admitiu que o governo “exagerou” na forma como os riscos da Covid-19 foram apresentados durante a pandemia, ao ponto de até pessoas com ataques de coração evitarem as urgências hospitalares.


sábado, outubro 12, 2024

O Rei e os sabichões.

O Contra ao Fim-de-Semana: Bruno Santos dá uma volta moderna a um história antiga da Colecção Formiguinha, para submeter os peritos à mesma lição de sempre: quanto mais sabes, mais ainda te falta saberes, e a humildade é uma virtude intemporal.


Netanyahu diz que Macron é “vergonhoso” por apoiar o embargo de armas a Israel.

O primeiro-ministro israelita criticou Emmanuel Macron e outros líderes ocidentais por apelarem a um embargo de armas a Israel, devido aos ataques aéreos indiscriminados sobre Gaza. Mas os dois líderes estão bem um para o outro.


O povo brasileiro pode voltar ao X. Pelas piores razões possíveis.

A partir de agora, qualquer cidadão brasileiro que expresse no X uma opinião dissidente, pode ser violentado pelo estado, com a alegre colaboração da plataforma de Elon Musk. Quem anunciar isto como uma vitória da liberdade de expressão está a fumar uma droga má.


sexta-feira, outubro 11, 2024



Autocracia na Áustria: Presidente federal recusa-se a dar aos populistas um mandato para formar governo.

Apesar de ter ganho as legislativas do seu país, Herbert Kickl dificilmente chegará a Chanceler, porque na Europa autocrática dos tempos que correm, para que os populistas possam governar, já nem vencer as eleições é suficiente.



“Crueldade sem precedentes”: Jovem de 15 anos esfaqueado 50 vezes e queimado vivo na guerra entre gangues de imigrantes em França.

Guerras entre gangues de imigrantes pelo controlo do tráfico de droga em Marselha estão a manchar de sangue as ruas da segunda maior cidade francesa. E os dois últimos homicídios que ali ocorreram têm detalhes que a ficção seria incapaz de produzir.


EUA: Número de agentes do FBI que estavam infiltrados no 6 de Janeiro será revelado apenas depois das eleições.

O Departamento de Justiça está a esconder do público o número de agentes infiltrados pelo FBI no perímetro do Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021, afirmando que esses números serão revelados depois das presidenciais de Novembro. Quando for politicamente conveniente.


Inocência e conhecimento ou o ovo da serpente.

Todo o conhecimento traz consigo um ónus - O de constituir uma ameaça na exacta medida do seu poder em influenciar o curso natural das coisas e das gentes. Uma crónica que dá que pensar, de Walter Biancardine.


Não fora o Estado e morreria afogado.

Fui hoje avisado pela Protecção Civil, entidade a quem, por acaso, nunca cedi o meu número de telefone (leviandade minha), que vai chover persistentemente nos próximos dois dias, que também vão ser ventosos.

Que seria de mim, se o Estado não me avisasse de que vai chover, em Outubro, durante 48 horas?

Que seria de mim se não fosse advertido da ventania? Seria, desafortunado e alado, subitamente arrastado para o inferno da ionosfera pela velocidade maluca do ar?

Fui, aterrorizado, ao IPMA, para ficar inteirado da tormenta de que ia ser vítima. Ei-la, em toda a sua violência:

Na sua máxima pressa, o vento vai soprar a 25 quilómetros por hora. Meu Deus, o horror. O perigo. A urgência. Vou já pregar tábuas nas janelas.

Obrigado, Estado, porque eu, que não sei usar um chapéu, uma gabardina ou um par de galochas, seria completamente afogado pela furiosa precipitação, e vertiginosamente atirado para fora de órbita pela ventania homérica. De facto, a gravidade dessa ocorrência é inimaginável para mim, cidadão sem imaginação apocalíptica.

Eu que, só por milagre, consegui sobreviver, solitário e desavisado, aos cinquenta invernos em que a Protecção Civil desconhecia o meu número de telefone, morreria, naufragado ou projectado, pela tempestade que não é mas podia ser.

Ainda assim, às três da manhã corro o risco impensável, cometo a irresponsabilidade terminal, a desobediência criminosa de levar a cadela à rua. Não sopra uma brisa. A meio caminho, chuvisca. Mas apesar de tudo, sobrevivemos ao temperamento irascível dos elementos, num passeio insano de 40 minutos.

Estou cansado mas não consigo sequer pensar em deitar-me. Vivo num terceiro andar e não quero ser apanhado a dormir, quando as águas subirem.

Agradeço ao Estado o cuidado que tem comigo (é como um pai para mim). Nas próximas eleições vou votar no senhor Montenegro. De tão grato que lhe estou.


quinta-feira, outubro 10, 2024

20 anos num instantinho.

O Blogville fez 20 anos em Julho e eu nem me lembrei de celebrar o aniversário. Convenhamos, não devem existir muitos blogs escritos em português com este reumático todo. A coisa merece ser celebrada, mesmo que com 3 meses de desfasamento.

Esta página tem sido muitas coisas diferentes para mim. Um diário, em certo sentido e durante alguns anos. Uma gaveta pública para os meus desajeitados versos. Um megafone, rouco, para os meus protestos, os meus espantos, as minhas indignações e as minhas, sempre acérrimas, convicções. Um cofre sem cadeados para as minhas manias, os meus cultos, as minhas leituras, os meus passatempos, as minhas referências. Um confessionário, também, de vez em quando. Um gira-discos, noutros tempos em que tinha mais tempo e paciência para dedicar à música e amigos que a partilhavam comigo e com quem eu a partilhava. Um trampolim para o ContraCultura, claro, e um berçário de conteúdos, agora. Mas, sempre, o veículo para as palavras que tenho que expressar, para os parágrafos que estão constantemente a pedir liberdade, na minha cabeça.

Tenho afecto por este blog, se é possível estimar um objecto electrónico. E é teimoso (uma virtude, na minha escala de valores). Persiste. Sobrevive. Transcende depressões e pandemias, irritações e abandonos, arrelias e greves, insónias e fúrias, distrações e afazeres, desvios ideológicos e divergências religiosas.

Em 2004, quando o criei, era ateu. Dez anos depois já era agnóstico. Hoje sou um cristão convicto, se bem que heterodoxo e desalinhado, religioso sem religião, crente sem fé.

Nessa altura, era um conservador de genética liberal. Hoje, sou um populista de cultura conservadora.

Por esses tempos, era um gajo de companhia. Neste momento, sou um aspirante a eremita.

Há neste blog tanta coisa escrita que não escreveria agora. Tantas sensações que já não sinto, Tantos credos que já não creio. Mas que fazem sentido ainda assim, considerando quem era, como pensava e porque pensava dessa maneira. O contexto é fundamental e este blog é, por definição e durabilidade, contextual.

Daqui a vinte anos, hei-de por certo pensar da mesma maneira sobre o que escrevo hoje. Porque se for vivo por essa altura, o blog existirá também, certamente.

Estas duas décadas passaram rápido. A vida é um foguetão disparado sobre o desconhecido a uma velocidade que aumenta exponencialmente à medida que nos aproximamos do destino último.

A morte, diria eu em 2004. O abraço de Cristo, digo eu agora.

You really can't make this shit up.

Escava só um bocadinho num monte de merda e quem é que vais encontrar? Bill Gates, claro. O homem que detém patentes de tecnologia de modificação climatérica e que investiu uma pipa de massa num plano para transformar Tampa Bay, uma das áreas mais afectadas pelo furacão Milton, numa 'cidade de 15 minutos'.

Ele há coisas do diabo.

 

E depois ainda há quem queira calar os teóricos da conspiração. Como eu. Se não nos derem tantas razões por minuto para conspirar, a malta fará, na directa proporção, menos barulho.

Musk: Bilionários que apoiam Kamala estão “aterrorizados” com a possibilidade de Trump divulgar a lista de clientes de Epstein.

Manifestando alguma ingenuidade, Elon Musk acredita que Trump, a ser eleito, poderá revelar toda a extensão das cumplicidades criminosas do caso Epstein. E que os financiadores da campanha de Kamala estarão deveras preocupados com essa remota possibilidade.



A ‘Imperatriz Ursula’ deve acautelar-se com a revolta dos deploráveis populistas.

Na bolha de Bruxelas, a imperatriz Ursula deve estar a sentir-se segura e poderosa como nunca. Mas no mundo real, há sinais de que talvez a cautela seja melhor conselheira que a arrogância.


quarta-feira, outubro 09, 2024

No coração da tempestade.

O Furacão Milton está a cair sobre a Florida. E os céus da península parecem evocar parágrafos de Dante.

Os Floridianos que escolheram ficar nas suas residências correram aos supermercados para se abastecerem de alimentos e produtos essenciais, deixando as prateleiras dos lineares vazias. Ou quase. Porque mesmo numa situação extrema não deixaram de permanecer fieis a certos princípios básicos, como boicotar a cerveja travestida de ideologia de género.


 
Assim é que é.

Washington Post prepara o público para a inversão de uma vitória de Trump com votos por correio.

2024 como 2020: O jornal onde a verdade vai para morrer já está a preparar os seus infelizes leitores para mais uma noite eleitoral corrompida pela fraude, sendo de esperar que Trump lidere a contagem até que, de repente, a altas horas da madrugada...


 


Manual de Instruções para Desaparecer, ou a poesia ininteligível.

Poetas clandestinos da literatura portuguesa: José dos Anjos há-de morrer a tentar provar a toda a gente que é moderno. O problema é que a sua poesia, para além de ininteligível, é antiga como o raio.