sexta-feira, junho 25, 2010
O imbecil de serviço.
Desde que Humberto Coelho foi despedido, a selecção nacional tem mostrado uma tendência ininterrupta para incorporar imbecis como treinadores. Oliveira, Scolari, Queiroz são verdadeiras nódoas (é dizer pouco) e explicam por si só o facto de Portugal não ter ganho nada, apesar das sucessivas gerações de excelentes jogadores.
Contra o Brasil, Queiroz arranjou maneira de jogar mal outra vez, que é o que ele gosta.
Contra a Coreia do Norte, os jogadores revoltaram-se e, depois de uma primeira parte mais ou menos disciplinada, começaram a jogar à bola como sabem e podem, à revelia das estritas indicações do treinador que lhes deve ter dado uma valentíssima descompostura, no rescaldo.
Dirão uns que quando for grande, o seleccionador nacional quer ser como Mourinho, mas como nem sequer lhe dou estatuto para sonhar tão alto, eu acho que o homem gostava apenas de ser um outro Manuel José. E mesmo assim, não o consegue, porque é uma besta quadrada. De qualquer forma, o Mourinho tem estatuto e títulos para jogar à defesa, para jogar feio ou para encomendar canelada. Já o seleccionador nacional não tem estatuto nenhum para coisa alguma.
A prova irredutível é a equipa que escalou para jogar hoje. Um profissional que põe esta equipa em jogo é abaixo de zero. É uma besta quadrada. É o imbecil de serviço.
Por sorte, Carlos Queiroz vai inventar mais um onze despropositado para os oitavos de final e a malta só terá que aguentar mais 90 minutos disto. É que sinceramente, para ver o que vi hoje, não vale a pena estarmos lá. Peço, portanto, encarecidamente, ao professor (que ironia nesta nomenclatura): dê o seu máximo já no próximo jogo. Contra a Espanha, a Suíça ou o Chile, invente para aí o 11 mais esquizofrénico que a sua imaginação delirante conseguir produzir, obrigue por favor os jogadores a mostrarem o seu pior futebol e venha-se embora meu caro, que já não há paciência para a deficiência mental de que sofre profundamente.
quarta-feira, junho 16, 2010
Crítica ao Expressionismo Alemão.
Seguro esta bandeira. Não sopra uma brisa.
Agora é uma bandeira. Já foi uma camisa.
A bandeira canta os amanhãs de milhões de mortos
E assim quieta, anuncia a tempestade dos corpos
Que fodem como se não houvesse amanhã
Ou como se Eva não tivesse mordido a maçã.
Seguro esta bandeira, ao vento que não faz.
Hoje é bandeira de guerra, ontem verso de paz.
A Bandeira inventa o vermelho da revolução
Que vai correr da Alemanha ao Uzbequistão,
Para libertar o homem puro do destino ruim
E salvar Lenine dos bares manhosos de Berlim.
Seguro esta bandeira. A Tempestade não vem.
Agora é uma bandeira. Já foi cruz em Jerusalém.
A bandeira rejubila e clama pela acção directa,
Desde que o assassino não tenha que ser o poeta.
E enquanto os versos não agem dou ao pedinte
Umas coroas sacadas ao conforto do século vinte.
Agora é uma bandeira. Já foi uma camisa.
A bandeira canta os amanhãs de milhões de mortos
E assim quieta, anuncia a tempestade dos corpos
Que fodem como se não houvesse amanhã
Ou como se Eva não tivesse mordido a maçã.
Seguro esta bandeira, ao vento que não faz.
Hoje é bandeira de guerra, ontem verso de paz.
A Bandeira inventa o vermelho da revolução
Que vai correr da Alemanha ao Uzbequistão,
Para libertar o homem puro do destino ruim
E salvar Lenine dos bares manhosos de Berlim.
Seguro esta bandeira. A Tempestade não vem.
Agora é uma bandeira. Já foi cruz em Jerusalém.
A bandeira rejubila e clama pela acção directa,
Desde que o assassino não tenha que ser o poeta.
E enquanto os versos não agem dou ao pedinte
Umas coroas sacadas ao conforto do século vinte.
segunda-feira, junho 07, 2010
Haikus de Kobayashi
Entrada do templo -
O som do sino fica preso
No ar gelado
Que bela manhã
O carvão crepita
De bom humor
------------------
Que beleza -
O buraco feito na neve
Ao mijar
O que se diz do boneco
De neve não dura mais
Que o boneco de neve
------------------
Tão pobre a minha cabana
Até as moscas conservam
A família pequena
Onde há pessoas
Há moscas
E Budas
------------------
Pulgas da minha cabana
Tão magras
Que metem dó
Cogumelos -
Também há beleza
Nos assassinos
------------------
Vento de Primavera -
À mostra as nádegas
Do trolha no telhado
A primavera
Deixou na soleira da Porta
Os tamancos enlameados
------------------
O apanhador de nabos
Aponta o caminho
Com um nabo
Vento de Outono
Até a sombra da montanha
Tirita
------------------
Decrepitude -
Mesmo diante dum espantalho
Sinto vergonha
Versões de Jorge Sousa Braga
O som do sino fica preso
No ar gelado
Que bela manhã
O carvão crepita
De bom humor
------------------
Que beleza -
O buraco feito na neve
Ao mijar
O que se diz do boneco
De neve não dura mais
Que o boneco de neve
------------------
Tão pobre a minha cabana
Até as moscas conservam
A família pequena
Onde há pessoas
Há moscas
E Budas
------------------
Pulgas da minha cabana
Tão magras
Que metem dó
Cogumelos -
Também há beleza
Nos assassinos
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Vento de Primavera -
À mostra as nádegas
Do trolha no telhado
A primavera
Deixou na soleira da Porta
Os tamancos enlameados
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O apanhador de nabos
Aponta o caminho
Com um nabo
Vento de Outono
Até a sombra da montanha
Tirita
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Decrepitude -
Mesmo diante dum espantalho
Sinto vergonha
Versões de Jorge Sousa Braga
quarta-feira, junho 02, 2010
Haikus do Tempo Suspenso
O Semáforo
também fica indeciso
no amarelo
Ah a inocência
do parque de estacionamento
às cinco da manhã
------------------
Tão tristes os meus poemas
que até a fonte de letra
se aborrece
O tipógrafo parece
adormecer, mas o chumbo
cai na caixa
------------------
Samurai -
se não usas a espada
a pena esmorece
Onde há homens
há guerra
e budas
------------------
Chega a Primavera
Mas o aranhiço do meu quarto
não dá por ela
São belos os campos
quando estou aos comandos
do automóvel
------------------
Puta da idade -
Mesmo diante do diabo
sinto dores no joelho
também fica indeciso
no amarelo
Ah a inocência
do parque de estacionamento
às cinco da manhã
------------------
Tão tristes os meus poemas
que até a fonte de letra
se aborrece
O tipógrafo parece
adormecer, mas o chumbo
cai na caixa
------------------
Samurai -
se não usas a espada
a pena esmorece
Onde há homens
há guerra
e budas
------------------
Chega a Primavera
Mas o aranhiço do meu quarto
não dá por ela
São belos os campos
quando estou aos comandos
do automóvel
------------------
Puta da idade -
Mesmo diante do diabo
sinto dores no joelho
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