Entrada do templo -
O som do sino fica preso
No ar gelado
Que bela manhã
O carvão crepita
De bom humor
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Que beleza -
O buraco feito na neve
Ao mijar
O que se diz do boneco
De neve não dura mais
Que o boneco de neve
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Tão pobre a minha cabana
Até as moscas conservam
A família pequena
Onde há pessoas
Há moscas
E Budas
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Pulgas da minha cabana
Tão magras
Que metem dó
Cogumelos -
Também há beleza
Nos assassinos
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Vento de Primavera -
À mostra as nádegas
Do trolha no telhado
A primavera
Deixou na soleira da Porta
Os tamancos enlameados
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O apanhador de nabos
Aponta o caminho
Com um nabo
Vento de Outono
Até a sombra da montanha
Tirita
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Decrepitude -
Mesmo diante dum espantalho
Sinto vergonha
Versões de Jorge Sousa Braga