terça-feira, setembro 29, 2015

Songs From The Devil’s Book of Summer

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I claim the sky
for my use and purpose.
I expect the sun
to lay under my shadow.
I demand nothing less than all the carbon factories of the universe;
all working, all melting, all producing atoms for my enjoyment.
The ocean is but a liquid slave of mine
and the tides pay me the respect that is owed to the gods.
There is, eventually, an higher being,
but while He seems distracted and reluctant to take his kingdom,
I will sit on the throne, make it my own
and rule and grow
an army of ghosts.

#
People are really an amazing feat.
They cheat and repeat
and love for the pain of it. 
An eye for an eye,
They kill as willingly as they die.

People are really an amazing feat.
They triumph and know defeat
for the bitterness of joy.
They play hard and act coy.
People are really a wonderful toy.

#
Perhaps Mozart was on my side,
but I stand for the deaf composer
and too for the greedy one.
They all gave shadows to the light
and built monuments
to my reign.
Einstein served me well,
(from mushmatics to mushrooms)
and Truman, also.
Mahatma Gandhi was a warrior
of mine.
I stand for Jesus, left alone in agony
in is final hour.
I stand for Isaac Newton, who did very well about gravity
but knew nothing of the atom.
Maybe Ulysses was worshiping me all the way,
Achilles was for sure and Caesar
crossed the Rubicon in my name.
Aristotle obeyed me plenty,
so did, consequently, Alexander.
Edison was a dear friend,
Churchill, like a brother to me,
even Buda was no nemesis.

And Time. Time is on my side. Yes it is.

Água para o futuro.

As escorrências na cratera de Horowitz.

Citando George Clooney em "Tomorrowland", quando eu era criança o futuro era muito mais giro. Hoje, o futuro não presta para nada. E não presta para nada porque deixámos de perseguir os nossos sonhos. Na verdade, acho que deixámos até de sonhar.
Um dos sonhos mais bonitos que a raça humana já sonhou e perseguiu foi o da conquista espacial. A conquista espacial, por si só, fazia do futuro um sítio espectacular. Porém, com a queda do bloco soviético - e consequente redução drástica da motivação americana - e a ascensão concomitante de homens medíocres à liderança das potências ocidentais, de que é exemplo vivo o desgraçado do muçulmano que é o actual Presidente dos Estados Unidos da América, o sonho morreu. Continuamos e enviar sondas para aqui e para ali, é verdade; temos uma estação espacial (que não se sabe bem para que serve), é verdade; temos empresários trendy, apostados no turismo espacial (que na verdade é apenas orbital), é verdade; mas não temos tripulações lançadas na aventura balística, à procura de novos mundos. Não temos conquista. Não temos glória. No que concerne à corrida ao espaço, parece que a História tem andado para trás.
Hoja, a NASA, entidade outrora gloriosa e conquistadora, e que agora é uma sombra triste e deprimida e politizada e manhosa daquilo que já foi e daquilo que prometeu ser, anunciou timidamente ao mundo que em Marte é capaz de existir água em estado líquido. Tudo indica. Parece que sim. Não é certo, mas há indícios. Os indícios são os sais hidratados (com moléculas de água) que a Mars Reconnaissance Orbiter detectou na superfície de Marte, junto a crateras que apresentavam "escorrências".
Se há água líquida em Marte, mesmo que a sua manifestação à superfície seja apenas gotejante, é muito capaz de haver vida, lá. E se houver vida em Marte, podemos também especular com alguma assertividade sobre a sua existência em sítios como Enceladus, Europa ou Io. E se no nosso sistema solar existir vida bio-química em dois ou três sítios, o que nos diz isso sobre o universo? Que estará carregadinho dela, claro. E se o cosmos está carregadinho de vida, as hipóteses de existirem seres capazes de desenvolver civilização num raio de acção de 100 anos luz, aumentam significativamente.
A hipótese estatística da vida biológica ser até bastante comum no cosmos será, talvez, o gatilho que precisamos para voltar ao espaço. Para voltar a sonhar. Para voltar a perseguir o sonho. E assim, resolver muitos dos problemas que nos cercam aqui, no nosso pequenino e doloroso ponto azul.
Assim sendo, a notícia de hoje é, por definição, uma boa notícia. Agora o que é preciso é levá-la às últimas consequências. Ir lá ver, pesquisar, descobrir. Sair daqui para novas fronteiras, zarpar para dobrar cartografias desconhecidas. Partir para vencer desafios inimagináveis. O triunfo sobre o abismo sempre foi, sempre será, afinal de contas, a última, a única redenção da humanidade.

sexta-feira, setembro 25, 2015

Da morte certa.

A instituição fantasmática que tem CNE por acrónimo, resolveu hoje dizer aos portugueses que um slogan eleitoral pode dizer isto:

Morte aos traidores! Queremos o escudo!

Tanto uma como outra das orações são, objectivamente, criminosas; mas esta instituição de entidades alienadas debruçou-se apenas sobre a validade legal da primeira. E a conclusão a que chegou o colégio de imbecis que não existem por serem uns fantasmas sem ópera, segundo a TSF, é esta:

A Comissão Nacional de Eleições só pode analisar os tempos de antena (pagos pelo Estado), mas como o PCTP/MRPP já suspendeu do seu material de campanha eleitoral a frase, não se justifica uma notificação ao partido para retirar essa expressão.
A CNE "não encontrou matéria" que possa constituir "qualquer tipo de crime", pelo que não vai remeter a questão para o Tribunal Constitucional.

Acreditando no que conta o Diário de Notícias, O PCTP/MRPP já terá de facto retirado o slogan da campanha. Muito, porque, naquela gente pouca que habita o partido de Garcia dos Santos, houve uma mandatária-luminária que se recusou a subscrever a condenação à morte, embora concorde que os condenados em causa sejam seres humanos de uma espécie muito inferior:

"Sou a favor da vida por muito rasteira que ela seja, como no caso dos governantes e empresários capitalistas a que o slogan se remete."

A estas fiéis palavras, respondeu o partido com simétrica prosábia:

"Satisfazendo as objeções da nossa distinta mandatária nacional para a Juventude, Virgínia Valente, o comité permanente do comité central (...) ordenou a eliminação da palavra de ordem Morte aos Traidores de toda a sua propaganda eleitoral. (...) Claro que esta decisão não terá o mérito de salvar os traidores do opróbrio e da morte certa que os espera."

Na perspectiva da CNE (pelos vistos partilhada pela Procuradoria Geral da República), esta desinteria verbal não lesa os princípios da Constituição da República nem da Lei Eleitoral nem do Estado de Direito. Garcia Pereira é inimputável. Um marxista histriónico que promete a morte como mensagem eleitoral não é passível de acção jurídica por parte da República Portuguesa.

Assim sendo, tenho que fazer esta pergunta: que diria a CNE se um partido do extremo ideológico oposto inventasse um slogan do mesmo género patético, anacrónico e sanguinolento? Mais do mesmo mas ao contrário:

Morte aos trabalhadores. Queremos robots!

O país todo cairia num escândalo sem precedentes e alguém ia acabar com os costados na prisão. Isso é certo. Mas porquê? Qual é realmente a diferença? Os traidores são seres humanos e os trabalhadores também. Querer o escudo em vez do euro ou desejar robots em vez de trabalhadores são manifestações do mesmo escalão de pensamento mágico.

A diferença, claro, está no gritante desiquilíbrio ideológico das instituições e dos media em Portugal. A Terceira República nunca se elevará aos seus máximos ideiais precisamente porque é uma república de esquerda. Há uns que são mais livres do que outros.

quarta-feira, setembro 23, 2015

Só por cinco dias.

Só, por cinco dias só. Apenas eu comigo e com as minhas raivas-comichões. Eu somente em mim com os meus poemas e as minhas canções, com os meus livros- -toneladas que são o único peso que transporto no itinerário do jogo dos cavalinhos que é a vida.
Só, por cinco dias só. Só, por cinco dias desacompanhado do exército dos outros, do ruído e das opiniões e das conversas de telejornal e dos lamentos futebolísticos e dos clientes, poucos mas barulhentos; e dos amigos, poucos mas quizilentos; e da família, curta mas exigente; e dos empregados de café, que têm sempre a mania que me conhecem de algum lado; e, afinal, de toda a gente: estou só, com o mar pela frente.

Buda Bar

Se sentes a dor,
não desejes que termine.
Se sentes o júbilo,
não desejes que permaneça.

Perante a morte, não desejes viver.
Perante a vida, não desejes morrer.

Elimina o desejo da tua existência.
Acaba com as aspirações e as ansiedades
e as manias e as vontades.
Termina com a ambição disto e daquilo.
Extingue o aparelho passional e principalmente desliga
os sentidos.

Lembra-te a cada minuto que a tua vida
é nada.
Que tu és nada.
Que o mundo é pó do cosmos,
apenas a terceira rocha agregadora de átomos de carbono
a contar do sol e que o sol é não mais
que uma lanterna mínima e minimal na imensa escuridão
de tudo.

E tu, uma coisinha ínfima e
sem importância nenhuma;
E tu, animalzinho quântico da vasta ecologia
dos deuses,
pára.

Respira fundo.

E vive a paz deste momento.

segunda-feira, setembro 21, 2015

Trump e a impossibilidade.

Convenhamos: ninguém quer Donald Trump como triunfador nas primárias republicanas.
E muito menos como candidato independente nas presidenciais. Aliás, o pesadelo de todos os maus sonhos seria acabar com o homem como presidente destes já muito deprimidos Estados Unidos.

Ainda assim, importa registar uns quantos fenómenos poltergeist, que me parecem relevantes:

- Trump admite que a América já perdeu o seu estatuto de máxima potência imperial. E promete recuperá-la. É, aliás, esta a mensagem central. É o slogan da campanha. Mas não é verdade. Os EUA continuam, nos índices que realmente contam para o totobola imperial, a constituir a primeira nação do mundo. Mas ainda assim, parece que há muitos americanos que acreditam na falácia. Ou acreditam que, através do seu autor, podem prevenir a queda do império, essa sim, objectivamente previsível.

- Trump está a pagar a sua própria campanha. Isso permite-lhe uma margem de manobra enorme, em relação à concorrência. Há aqui uma liberdade de agenda que é nova e é estranha à democracia americana. O homem pode dizer mais disparates do que é costume entre os candidatos, mesmo os mais imbecis. Mas também pode meter fundo os punhos na ferida em carne viva da América decadente e descendente de Barak Obama. E, assim, captar a frustração e a imaginação de milhões de americanos. A celebridade de reality show pode ascender a populista de águas profundas. A isto chamam os anglo-saxónicos, uncharted territory.

- Trump é o candidato de direita com melhor imprensa desde Reagan. Não que isso fosse preciso. A sua conta no twiter, só por si, vale por não sei quantas primeiras páginas de jornais e muitos milhões de dólares em anúncios televisivos. Além disso, trata-se de um personagem hollywodesco e até a imprensa de esquerda americana é seduzida pelo espectáculo. Trump diz e faz coisas que resultam em generosas audiências. É impossível evitar a sua panache de artista pop, mesmo que se trate de um tipo medíocre tanto intelectual como ideologicamente.

- Na direita republicana mais esclarecida chamam-lhe Donald Mcdonald. E creio que até o Tea Party está preocupado com este palhaço da grande hamburgaria que é a América contemporânea. Mas, em última análise, no cenário mais arrepiante, irá o congresso eleitoral republicano eleger este eterno despenteado mental como candidato às presidenciais? Duvido muito.

O meu candidato é, claro, Jeb Bush. Mas olhando para as sondagens, parece que vou ter um desgosto.

Corbyn e a irrealidade.

Este rapaz que o Partido Trabalhista elegeu como seu supremo líder transporta-nos para um cenário de irrealidade política que envergonharia Salvador Dali. O novo líder trabalhista hesita, por exemplo, em votar a favor da autorização que se espera que o Parlamento Inglês conceda para a subida de nível do envolvimento das forças britânicas no combate ao Estado Islâmico. Pelos vistos, o infeliz acha que os alarves do EI têm todo o direito e liberdade de perpetrar os horrores que perpetram diária e alarvemente. Este é o atrasado mental que os trabalhistas querem para primeiro ministro.
Agora a sério. Quando o segundo partido da mais prestigiada democracia europeia tem como chefe este personagem medíocre e enlouquecido, em que espécie de mundo é que vivemos?

Haikus do Tempo Suspenso . 2015 . 2


Há coisas que a ciência não explica.
Graças a Deus.


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É maior a glória da traineira que parte
ou da traineira que chega?


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Quando a tarde cai ao som de J. S. Bach,
até o gin tónico fica envergonhado.


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A Mãe Natureza oferece um espectáculo novo
todos os dias.
Mas é para a vila, todos os dias igual,
que se vira o olhar.


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Mesmo quando a conta bancária sorri,
choras pelo que não tens.


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A saudade é uma dor fútil.
Morre logo na presença do saudoso.


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Tudo o que tenho
cabe num quarto tão pequeno
que até as moscas
sofrem de claustrofobia.


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Por mais flautas que Bach faça tocar,
o silêncio é sempre o maestro.


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Um cão não pergunta por deus.
Mas é mais fiel
que muitos teólogos.


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O mestre relojoeiro
determina que os segundos corram com exactidão.
E ainda assim, há certos minutos
que duram para sempre.


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Glórias da idade:
quanto mais cansados ficam os meus olhos,
mais nítido é o mundo.


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O haxixe tem uma coisa boa:
é mais barato que o tabaco.


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O sacana do grilo grita lá fora
(CRI!, CRI!, CRI!, CRI!, CRI!)
como se não houvesse amanhã.

Quando nasce o dia, o grilo cala-se porque afinal
o amanhã sempre chegou.


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O mar atrai as pessoas
como a merda atrai as moscas.




sábado, setembro 19, 2015

Hora do Regresso

O cão queixa-se,
a gaivota berra,
A rola resmunga,
a cotovia mia,
o grilo grita,
a abelha zumbe,
a mosca sussurra
e o Atlântico ruge.

O silêncio da baía
faz-me saudades do ruído
humano.

sexta-feira, setembro 18, 2015

Caligrafia

Ah, se ao menos tivesse a caligrafia do Pessoa!
Qualquer indivíduo sem o mínimo talento dá poeta sério com uma escrita assim!
A mão manda mais na lírica do que se pode imaginar
e uma letra como a letra do Pessoa tem poder que nunca mais acaba!
Aquele desenho snob de burguês erudito,
aquele discorrer inclinado e diletante,
aquela maravilha última da tipografia moderna,
dá para alimentar para cima de cento e tal escribas!
Ah, se as minhas palavras viessem com esta licenciatura em design gráfico!
Ah, se ao menos a forma me libertasse da obrigação de ter substância!
Os poemas do Pessoa não precisam de substância, porque têm a caligrafia!
Os poemas do Pessoa não precisam de filosofia porque têm,
na sua manuscritura,
a directiva, cursiva, de Deus.

O óptimo seria que as pessoas não precisassem de fugir, certo?

O problema dos refugiados do médio oriente tem três dimensões.

A primeira é, obviamente, a humanitária. Mas a única solução para resolver de facto e em definitivo esta aflição (dentro de aquilo que é possível fazer de definitivo no curso da história) não está a montante, nas fronteiras da Europa. A solução está ajuzante, nos países de origem. Basta ter a coragem, a honradez e o senso prático de intervir económica, política e militarmente nos territórios que são de tal modo infernais que os nativos estão disponíveis para morrer afogados no mediterrâneo de forma a escaparem das suas pátrias.
Digam-me por favor, aqueles que acham que não devemos impor o nosso modo de vida a povos que lhe são estranhos, se conhecem algum caso de um cidadão de uma democracia liberal do mundo ocidental contemporâneo (digamos, desde o fim dos anos 80) que alguma vez se meteu e à sua família num bote de alto risco e sobrelotado para procurar um mundo melhor.

A segunda dimensão é a securitária. No meio de tantos desgraçados, e mesmo considerando que muitos destes desgraçados morrem na viagem, há uma percentagem ínfima de filhos da puta infiltrados que vêm engrossar as redes terroristas já instaladas no continente.
É uma percentagem ínfima, mas como os desgraçados chegam na ordem das centenas de milhar, a quantidade absoluta de filhos da puta que estão a entrar na Europa é preocupante. Consideremos sensata e prudentemente que os tais filhos da puta constituem não mais que 0.2% daqueles que atingem as costas europeias. Se já estamos a falar em 800.000 refugiados, então estamos também a falar de 16.000 filhos da puta. Que vão comer, dormir, rezar, bater nas mulheres e fazer aquelas coisas ainda menos recomendáveis e bombásticas que este género de filhos da puta gostam de fazer, à custa do tributo dos cidadãos europeus, ainda por cima.

A terceira dimensão do problema é económica. Está a Europa preparada para receber dois milhões de sírios por ano? Está o mercado de trabalho europeu necessitado destas pessoas que não estão minimamente preparadas nem formadas para exercer actividade aqui? Que não dominam as línguas e as ferramentas? que não têm preparação técnica nem académica que as proteja num ambiente extremamente concorrencial?
É a situação da segurança social nos países europeus saudável o suficiente para fazer face, agora e no futuro, às necessidades de saúde, habitação e reforma destes desgraçados todos?
Estas perguntas são retóricas, claro. É óbvio que a Europa não tem estaleca financeira, económica e psicossocial para receber esta gente. E isto vai correr muito mal, mesmo quando os refugiados forem divididos pelas nações e lá instalados. Vai ser até precisamente quando os refugiados pensarem que o pior já passou, que o pior estará para vir.

E depois, ainda chateiam os húngaros por erguerem muros. Francamente.

quinta-feira, setembro 17, 2015

Haikus do Tempo Suspenso . 2015 . 1

Duas corvetas fundeiam,
solenemente,
ao largo da baía.

Até as gaivotas lhes fazem continência.


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Ainda agora começou Setembro,
mas o corpo gasto
já pede agasalho.

Quando era criança, o verão
não tinha noites frias.


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É bom ter vizinhos.
Principalmente quando os vizinhos
vão de férias.


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Quando for grande, o Facebook
quer ser como os sinos
da minha aldeia.


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Sentes a velhice a chegar quando
te crescem pelos violentos
nas orelhas.


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Uma coisa é jogar ténis.
Outra coisa é o Federer
com uma raquete nas mãos.


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Os Concertos de Brandenburgo
não convencem o sol.
A noite chega sempre a horas.


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O Valverde poderia ter sido
um grande campeão.
Mas até para ser quase um grande campeão
é preciso ter muita força
nas canetas.


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A pobreza só é uma virtude
na poesia chinesa.

terça-feira, setembro 08, 2015

No Silly Season #6

A vida humana é apenas
uma partida de mau gosto.
Tao Yuanming (365-427)

O tempo parece um rio
que corre. Um dia, acordamos velhos.
Han Shan (700-780)

sexta-feira, setembro 04, 2015

Um canalha no sofá.

Não se pode estar de férias. Enquanto o  grande Nélson Oliveira me obrigou, por boas razões, ao post por telemóvel - coisa que detesto fazer - o juíz Carlos Alexandre decidiu desgraçadamente obrigar-me outra vez à publicação móvel e agora, ainda por cima, por causa desta fúnebre razão: as medidas de coacção aplicadas ao bandido José Sócrates foram alteradas para a prisão domiciliária.
Devo dizer que fui um português mais feliz do que costumo ser, nestes breves e saborosos meses em que o canalha esteve preso-mesmo-preso. E que uma tristeza vem agora, com dores de ressaca, assaltar o meu bem estar patriótico. 
Josê Sócrates devia ser encarcerado no pior calabouço da república para todo o sempre e tudo o resto é uma derrota da honra e da decência. Ficar agora e já instalado no sofá da sua confortável infâmia é mau demais para ser verdade. Estou triste.

A explosão de Nelson.



Nelson Oliveira, campeão nacional de estrada e contra-relógio de 2014, e actual operário da Lampre de Rui Costa, explodiu hoje, a 30 kms do fim da décima terceira etapa da Vuelta, para o olimpo do ciclismo português. Aproveitando a descida da última montanha do dia, saiu do pelotão de fugitivos - repleto de ciclistas de topo - como uma flecha humana para depois capitalizar o seu forte carácter de contra-relogista e ganhar a etapa com um minuto de vantagem sobre o grupo da fuga e quatro sobre o restante pelotão.
O ciclismo português tem mostrado, nos últimos anos, capacidade para gerar campeões (André Cardoso e José Gonçalves estão também a fazer uma excelente corrida), mas o dia de hoje fica nos anais, não só pela vitória, mas pela forma exuberante como Nelson bateu a forte concorrência.