quarta-feira, setembro 30, 2020
sábado, setembro 26, 2020
Haikus da Lagoa Mar.
Onde é que acaba a lagoa
e começa o oceano?
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Nas dunas,
estás noutro planeta.
Passa um turista.
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O Atlântico bate na praia
como um pai violento
e embriagado.
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Ruge e roga pragas
o oceano zangado.
Para quando a paz?
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Até os meus cães sabem
que esta terra
não é deles.
A paisagem pede versos
e eu estou a ficar
sem tinta.
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No coração do Atlântico Norte
nasceu a onda que agora rebenta
nos meus tímpanos.
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Outubro e
os flamingos rumam a sul.
Não são parvos nenhuns.
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Podes ser amado pelos deuses,
mas no café és maltratado
como toda a gente.
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O haiku já está escrito.
Eu limito-me a procurar por ele
entre as dunas.
Durante a madrugada
rolam tractores na praia.
O Atlântico faz mais barulho.
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Às vezes sinto a presença de Deus.
Mas é raro.
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50 quilómetros de praia virgem
sem 50 horas de aviação.
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As ondas hoje estão simpáticas.
Para quem não vai
ao banho.
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Há pessoas que gostam de levar porrada.
Das ondas.
A sós com a natureza.
Borro-me de medo.
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Insectos.
Ataques de mau feitio
da Mãe Natureza.
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A rã coaxa. O grilo canta. O mar protesta.
O silêncio vence.
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O mundo podia cair em apocalipse
que eu aqui
nem dava por ela.
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Esqueci-me do casaco em Lisboa.
Nortada.
Tremo e vibro e vou com a maré
na Praia da Costa
de Santo André.
quinta-feira, setembro 24, 2020
Como é óbvio.
terça-feira, setembro 22, 2020
Tugas no topo.
A propósito de momentos épicos, Filipe Albuquerque ganhou a categoria LMP2 nas 24 Horas de Le Mans, ao volante do Oreca nº 22 da United Autosports. E António Felix da Costa fez segundo, na mesma categoria. Dois portugueses num pódio de muito difícil acesso. Parabéns aos pilotos e viva Portugal, caraças.
50 minutos para a história.
sexta-feira, setembro 18, 2020
Soneto da Praia da Armona.
A ilha-língua estende-se em pitagórica bissectriz
Sobre os limites do horizonte e a orla do oceano.
O universo abre via verde e sorri solarengo o céu sano
Que mostra a sua virtude, longitude e matriz.
Faz uma tarde perfeita e na esplanada-imperatriz
Ameijoas e vinhos saúdam o queijo e a azeitona.
Erguem-se bravos os copos entre as dunas da Armona
E corremos atrás do barco que abordamos por um triz.
A ria vibra, a vida brilha, o sol perdura
e a dada altura levanta-se um sapiens que diz:
Até o caixote do lixo está feliz.
Percorremos livres o Portugal pequeno
de seno a cosseno e na tangente o sobrinho diz:
Até o caixote do lixo está feliz.
quinta-feira, setembro 17, 2020
A verdade que vem do frio.
Esta notícia é daquelas oportunidades que tenho para deixar de ser o prego e passar a ser o martelo. Não a posso perder.
Primeiro: alguém vai ser já despedido, no Diário de Notícias. Publicar a verdade neste jornal (como nos outros todos, mas muito especialmente neste) é algo de imperdoável e terá consequências sérias. Isso é certo.
Depois: tenho que chatear um bocadinho a malta que me partiu a cabeça, aqui no Facebook e noutros lugares, nos meses de março e abril e junho e julho e agosto (vocês sabem quem são). Sim, vocês malta adepta de confinamentos e entusiasticamente concordante com a retirada dos direitos mais básicos da civilização ocidental, terão alguma coisinha de pertinente a dizer sobre este muito incómodo e inconveniente facto sueco?
E a outra malta, a malta que desgraçadamente elegemos para tomar apenas as piores decisões, no exacto momento em precisávamos das melhores, reconhecerá porventura o imenso, histórico e, tudo indica, criminoso erro?
Claro que não.
quarta-feira, setembro 16, 2020
My name is joe Biden and I forgot this message #n
Eis o mundo como uma conspiração de estúpidos.
A discoteca da minha vida: discos 61 a 65
1996. Shed Seven, a operática banda de York, edita o seu segundo trabalho de estúdio: "A Maximum High", que é factualmente uma pedra máxima no panorama apoteótico da britpop desse momento histórico. Não faltam grandes discos a essa apoteose; já inclui uns, já exclui outros, mas estes rapazes ficam. A sofisticação melódica, a energia incomensurável e a pretensão circense, que resulta encantadora, fazem dos Shed Seven um incontornável monumento-rock. E deste disco, uma ode de fim de século.
Are you going for gold? Bum.
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#62 - Moon Safari - Air
1998. Dois franceses meio lunáticos que gostam de se entreter com sintetizadores analógicos lançam o seu primeiro trabalho de estúdio, a que muito apropriadamente decidem chamar "Moon Safari". A partir daqui, nada vai ser como dantes. A partir daqui há virgens suicidas e space pop. Há walkie talkies dançantes e lendas de 10.000 hertz. Há sinfonias de bolso e melodias inesquecíveis, de uma delicadeza inebriante. A partir daqui, há Air para respirar.
Disco iniciático.
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#63 - Prolonging The Magic - Cake
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#64 - International Velvet - Catatonia
terça-feira, setembro 15, 2020
O Prémio Nobel da Paz já não presta ou nunca prestou?
Acontece que, como Trump tem este ano e até ver, duas nomeações para este triste e vergonhoso troféu, a esquerda quer já cancelar a coisa. E lá está: por razões simetricamente opostas, estamos todos de acordo. Creepy.
segunda-feira, setembro 14, 2020
Totalitarismo total.
quarta-feira, setembro 09, 2020
terça-feira, setembro 08, 2020
segunda-feira, setembro 07, 2020
Avante Xiquinho, avante.
Montes de gente com quem falo, à esquerda e à direita (não há muita gente de direita neste país, mas adiante) está muito revoltada por causa da festa do Avante. Eu não. Eu acho muito bem que o PCP faça a sua festa. Acho que toda a gente devia fazer festas, até. Por exemplo, acho que o Xico Zé ou Xiquinho Maria ou lá como é que se chama o actual e completamente imbecil líder do partido do táxi, aka CDS, também devia fazer uma festa. Uma festa à antiga, num palácio de Cascais com os betinhos todos e todas as gajas boas da concelhia e bar aberto e iates a atracar e a desatracar toda a noite. Uma festa que incluisse zaragatas, presença policial e escândalo nos jornais. Uma festa que só terminasse às dez da manhã que é a altura do chá e dos scones. Talvez até conseguisse o infeliz rapazinho uns votos a mais, nem que fosse por as pessoas perceberem que é um gajo com os tomates no sítio em vez de um personagem translúcido. Mas não. Em Portugal só o Partido Comunista é que tem tomates - e poder - para mandar o Costa e as suas restrições idiotas à merda.