quinta-feira, setembro 03, 2020

Tempos perigosos.

China blasts Trump over his response to US unrest | Financial Times
Não sei se já vimos e vivemos o pior de 2020, sinceramente.
No contexto de barricada material, ideológica e psicológica que hoje é imanente nos Estados Unidos, há uma probabilidade séria das eleições presidenciais de Novembro terminarem num processo de secessão.
E se a soma da epidemia com o desassossego social já configurava uma espécie de tempestade perfeita, imaginem as consequências - locais e globais; económicas e sócio-políticas - de uma segunda guerra civil americana.

Exemplo das posições loucamente extremadas de que falo é esta frase de Andrew Cuomo, o governador do estado de Nova Iorque: "Trump had better have an army to protect him if he comes to NYC".
Convenhamos: isto não é normal. E se nas ruas das principais cidades americanas a turba insulta, incendeia, pilha, violenta e mata de forma impune (não sei se estas notícias chegam aos media portugueses porque não os consumo, mas desconfio que não), o discurso dos líderes políticos da federação não parece estar a um nível muito diferente. E este é só um exemplo de hoje. Há milhares nas últimas semanas.
 
O Washington Post dos tempos que correm é demente, propagandístico e desaconselhável à brava. Mas ainda assim, eu e os marxistas da respectiva redacção conseguimos estar de acordo por um momento, como o relógio parado consegue estar certo duas vezes por dia: as eleições presidenciais que se avizinham dificilmente terão um desfecho conclusivo e pacífico. 

Tanto mais que este ano a "noite eleitoral" vai durar duas semanas ou coisa que o valha, por causa do voto por via postal. E duas semanas é tempo suficiente para incendiar o resto da América que ainda não ardeu.
 
Não quero parecer fatalista, mas não me lembro de viver tempos tão voláteis e perigosos desde a Guerra Fria. Talvez até mais voláteis, talvez até mais perigosos.