Estive para aqui hesitante. Montes de tempo. Desde que falei por convite Da Condição Humana sobre os dez livros que não mexeram nadinha comigo, fiquei a pensar nos outros todos que mudaram à brava a minha pequenina concepção das coisas. É mais que certo o facto de me falharem para aí umas trezentas obras primas, mas para já a lista dos livros da minha vida, enumerados sem qualquer tipo de ordem que transcenda o produto caótico da memória e incluindo história, filosofia, romance e poesia, tudo ao barulho, é esta:
1 - Ilíada, de Homero
2 - Odisseia, de Homero
3 - Poesias Completas, de Álvaro de Campos
4 - História Universal da Infâmia, de Jorge Luís Borges
5 - O Vermelho e o Negro, de Stendhal
6 - Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust*
7 - Ulisses, de James Joyce
8 - Folhas de Erva, de Walt Whitman
9 - A Obra ao Negro, de Margerite Yourcenar
10 - Memórias de Adriano, de Margerite Yourcenar
11 - Juliano, de Gore Vidal
12 - As Vinhas da Ira, de John Steinbeck
13 - Bairro de Lata, de John Steinbeck
14 - Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon
15 - As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia, de Barrington Moore Junior
16 - Memórias do Mediterrâneo, de Fernand Braudel
17 - Gramática das Civilizações, de Fernand Braudel
18 - O Coração das Trevas, de Joseph Conrad
19 - O Fantasma do Rei Leopoldo, de Adam Hochschild
20 - A Selva, de Ferreira de Castro
21 - Memorial do Convento, de José Saramago
22 - História do Cerco de Lisboa, de José Saramago
23 - Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago
24 - O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz
25 - Os Maias, de Eça de Queiroz
26 - Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
27 - Sobre a Democracia e Outros Assuntos, de Aldous Huxley
28 - Doutor Fausto, de Thomas Mann
29 - Fausto, de Christopher Marlowe
30 - A Montanha Mágica, de Thomas Mann
31 - Servidão Humana, de Somerset Maughan
32 - D. Quixote de La Mancha, de Cervantes
33 - Crime e Castigo, de Fédor Dostoievski
34 - Guerra e Paz, de Leão Tolstoi
35 - A Familia Golovlev, de Saltykov-Chtchedrine
36 - Novelas do Defunto Ivan Petróvitch Bélkin, de Aleksandr Púchkin
37 - Short Stories, de Anton Tchekov
38 - O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy
39 - A República, de Platão
40 - O Anticristo, de Nietzsche
41 - O Perfume, de Patrick Suskind
42 - Quem Governa? de António Marques Beça
43 - Iluminações - Uma Cerveja no Inferno, de Jean Arthur Rimbaud
44 - Em Busca de Klingsor, de Jorge Volpi
45 - A Dor Industriosa, de Andrew Miller
46 - Cândido, de Voltaire
47 - A Imortalidade, de Milan Kundera
48 - A Filosofia do Não, de Gaston Bachelard
49 - As Palavras das Cantigas, de Ary dos Santos
50 - O Pintor de Batalhas, de Arturo Pérez-Reverte
51 - Um Estranho Numa Terra Estranha, de Robert A. Heinlein
52 - O Senhor dos Aneis, de J. R. R. Tolkien
53 - Os Doze Césares, de Suetonio
54 - Esta Noite a Liberdade, de Dominique Lapierre e Larry Collins
55 - O Castelo, de Franz Kafka
56 - O Processo, de Franz Kafka
57 - A Metamorfose, de Franz Kafka
58 - Nome de Guerra, de Almada Negreiros
59 - Eurico o Presbítero, de Alexandre Herculano
60 - O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares
61 - A Mensagem, de Fernando Pessoa
62 - Tomai lá do O’neil, de Alexandre O'neil
63 - Nós, de Levgueni Ziamantine
64 - Utopia, de Thomas More
65 - 1984, de George Orwell
66 - O Pavilhão dos Cancerosos, de Alexandre Soljenitsine
67 - A Luz em Agosto, de William Faulkner
68 - O Som e a Fúria, de William Faulkner
69 - A Sangue Frio, de Truman Capote
70 - Hamlet de William Shakespeare
71 - A Paixão do Jovem Werther, de Goethe
72 - Kafka à Beira Mar, de Haruki Murakami
73 - Os Lusíadas, de Luís de Camões
74 - Sonetos, de Florbela Espanca
75 - Textos de Intervenção Cultural e Social, de Fernando Pessoa
76 - Trópico de Capricórnio, de Henry Miller
77 - Cosmos, de Carl Sagan
78 - Uma Breve História do Tempo, de Stephen W. Hawking
79 - O Sorriso do Flamingo, de Stephen Jay Gould
80 - O Erro de Descartes, de António Damásio
81 - Da Falsificação de Euros aos Pequenos Mundos, de Jorge Buesco
82 - Mais Rápido que a Luz, de João Magueijo
83 - Borges e a Matemática, de Guillermo Martinez
84 - Cultura, de Dietrich Schwnitz
85 - Fausto, de Christopher Marlowe
86 - Paraíso Perdido, de John Milton
87 - Decameron, de Giovanni Boccaccio
88 - O Nome da Rosa, de Umberto Eco
89 - Irei Cuspir-vos nos Túmulos, de Boris Vian
90 - O Caso da Rapariga Sem Rumo, de Erle Stanley Gardner
91 - Diário Minimo, de Umberto Eco
92 - História da Beleza, de Umberto Eco**
93 - Três Homens num Bote, de J. K. Jerome
94 - Uma Conspiração de Estúpidos, de John Kennedy Toole
95 - Inimigos, Uma História de Amor, de Isaac Bashevis Singer
96 - A Música do Acaso, de Paul Auster
97 - A Mancha Humana, de Philip Roth
98 - História da Vida Privada, de Philippe Ariés e Georges Dubys
99 - O Limpo e o Sujo - A Higiene do Corpo desde a Idade Média, de Georges Vigarello
100 - A Fogueira das Vaidades, de Tom Wolfe
101 - As Ligações Perigosas, de Laclos
102 - A Peste, de Albert Camus
103 - A Náusea, de Jean Paul Sartre
104 - Poesia, de Almada Negreiros
105 - Antologia do Cadáver Esquisito, de Mário Cesariny
106 - A Confissão de Lúcio, de Mário de Sá Carneiro
107 - Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez
108 - Amor em Tempos de Cólera, de Gabriel Garcia Marquez
109 - Teresa Baptista Cansada da Guerra, de Jorge Amado
110 - A Tia Júlia e o Escrevedor, de Mario Vargas Llosa
111 - História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, de Luis Sepúlveda
112 - O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder
113 - Money, de Martin Amis
114 - História de Portugal, de A. H. de Oliveira Marques
115 - Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira
116 - O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de Mello Breyner Andresen
117 - Moby Dick, de Herman Melville
118 - O Apelo da Selva, de Jack London
* Vou no quarto volume.
** Estou quase a acabar.
sábado, novembro 24, 2007
quinta-feira, novembro 15, 2007
quarta-feira, novembro 14, 2007
terça-feira, novembro 13, 2007
Elogio do silêncio.
Apesar de ser republicano, devo confessar que, nos últimos anos, não houve líder político que me tenha dado uma alegria comparável à recente alegria que me deu o bom do Rei dos espanhóis: porque não te calas ò labrego de serviço e palhaço rico da esquerda terceiro mundista, tu de verdade e precisamente o grande fascista parasita da estupidez humana, ditadorzeco compra votos, tiranete de ouro negro, mas não tão negro como o teu humor televisivo aos domingos de manhã ou aos sábados à tarde que o inferno não tem feiras, espécie de big brother no passeio dos tristes, canalha sem vergonha nem propósito para além da ordinarice de seres um rasca? Porque não te calas ò infeliz? E, já agora, que se recomenda o silêncio, porque não emudeces tu também, Fidel que nunca mais emudeces? E tu Lula, Mobutu, Musharraf, Ahmadinejad, Bento XVI, porque tanto pias? E tu Mário Soares e tu Lopes, Menezes, Sócrates, Louçã, Loureiro, Jardim, e tu Portas - fecha a matraca! E tu Filipe Vieira, Pinto da Costa, Rui Santos, queres fazer o favor de te calares? Diogo Freitas do Amaral, Teixeira dos Santos, Rui Pereira, porque não fazes silêncio, fala barato de má origem? E tu Miguel Esteves Cardoso, José António Saraiva, Baptista Bastos, Rui Zink, Herman José, não preferes fazer pouco barulho porquê? Sim, tu eterno feminino em Ana Gomes, Joana Amaral Dias, Odete Santos, Manuela Eanes, Hillary Clinton, Cristina Kirchner, Júlia Pinheiro, Ana Bola, Clara Ferreira Alves, Fátima Campos Ferreira, sim, Fátima Campos Ferreira, pá, deixa falar os outros ò grande martelo pneumático da incontinência oral! E tu ainda Al Gore, Michael Moore, Noam Chomsky, cala-te e cala-te ò picareta imparável do dislate!
É que, se o silêncio é de ouro, camarada, o teu calar é diamantino.
terça-feira, novembro 06, 2007
Santos
Está claro que o tempo perdido é parisiense.
Nenhum sonhador lisboense
se preocuparia com o lado de Guermantes
e até o bom do Swan subiria a penantes
por esta rua alva incendiada da prantos,
travessa que atravessa o bairro de Santos.
O que cantava o outro sobre as manhãs de Setembro,
digo eu de Novembro.
Esta claridade de Lisboa, este S. Martinho Sem Frio
iluminado de céu e de rio,
este choque cromático entre o branco e o azul:
é uma quimera de Sul.
O poeta da tarde mais tarde que a tarde física,
esqueceu-se da metafísica.
É numa manhã assim, numa manhã madrugada,
transparente e tatuada
de sombras acesas contra o triunfo da luz,
que nos salvamos da cruz.
E o maluco do alemão que foi vender ao diabo
a sua única flor de nabo,
nunca acordou em Lisboa nestes dias de Outono
que nos roubam o sono,
que nos devolvem a glória e o oxigénio.
Aqui, senhores, é o sol que é o génio.
E quem diz que é no Verão mais fácil a vida,
ainda não desceu esta avenida.
Nenhum sonhador lisboense
se preocuparia com o lado de Guermantes
e até o bom do Swan subiria a penantes
por esta rua alva incendiada da prantos,
travessa que atravessa o bairro de Santos.
O que cantava o outro sobre as manhãs de Setembro,
digo eu de Novembro.
Esta claridade de Lisboa, este S. Martinho Sem Frio
iluminado de céu e de rio,
este choque cromático entre o branco e o azul:
é uma quimera de Sul.
O poeta da tarde mais tarde que a tarde física,
esqueceu-se da metafísica.
É numa manhã assim, numa manhã madrugada,
transparente e tatuada
de sombras acesas contra o triunfo da luz,
que nos salvamos da cruz.
E o maluco do alemão que foi vender ao diabo
a sua única flor de nabo,
nunca acordou em Lisboa nestes dias de Outono
que nos roubam o sono,
que nos devolvem a glória e o oxigénio.
Aqui, senhores, é o sol que é o génio.
E quem diz que é no Verão mais fácil a vida,
ainda não desceu esta avenida.
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