domingo, novembro 24, 2013

No paleolítico inferior já percebiam qualquer coisa da música que se ia fazer no século XXI.



Aqui está uma banda vinda dos confins do tempo, para nos esclarecer sobre a música que se fez nos últimos 40 anos. E que se faz agora.

Sly and The Family Stone | Thank You

quarta-feira, novembro 20, 2013

Incentivos ao consumo de Pepsi Cola no mercado sueco.



Este bonequinho aqui pretende exorcizar o Cristiano Ronaldo, pelo que é submetido a um conjunto de alegorias de gosto muito duvidoso, que incluem o esmagamento, o esquartejamento por atropelo de locomotiva e a magia negra. Os criativos contratados pela Pepsi sueca criaram este objecto viral na expectativa, correcta, de que vendem mais Pepsi na relação proporcional das sevícias a que submeterem o melhor jogador de futebol do mundo. Isto porque os suecos, por lamentável acaso, acham que competem também para o título com uma menina bósnia. E marginalmente porque, até ontem, achavam que tinham uma equipa de futebol que impedisse o melhor jogador do mundo de o ser.
Outra vez: se uma agência a operar em Portugal se lembrasse de fazer qualquer coisa deste repugnante género com a tal menina bósnia, que gestor de produto, no seu direito juízo, aprovaria isso? Os portugueses são excessivamente bem educados. E iam beber menos Pepsi.

Rock quase Jazz.



 The Wave Pictures  |  Lisbon

Quando forem grandes, os suecos querem ser pessoas educadas como nós, os latinos.

Depois de recorrerem a vários truques manhosos para perturbarem os atletas da selecção portuguesa em geral e o CR7 em particular, os suecos embrulharam 3 batatinhas quentes e suculentas e foram para casa digerir o fartote, meio enjoados, meio lacrimosos. No fim, o rapazinho do rabo de cavalo disse que o mundial sem ele não ia ter interesse nenhum. Se fosse Cristiano Ronaldo a dizer isto, se fossem os portugueses a não deixarem os suecos dormir, se fossemos nós a assobiar o hino sueco, era o escândalo do costume. Mas como os mal criados são suecos, e os suecos são muito bem criados, a coisa passa sem celeuma. O paradigma de telejornal que nos tenta convencer que os povos do norte da Europa são mais educados, são mais "civilizados" do que os povos latinos sempre me enervou um bocado. Não é justo nem verdadeiro. E só quem nunca leu um livro de história na vida é que acredita nisto. Pelo contrário, são os povos latinos que sempre andaram com a civilização às costas e isso nota-se ainda hoje e até em fenómenos pequeninos como este feliz play off. E já agora que falamos de povos do norte da Europa, deixem-me fazer um parêntesis à proverbial boa educação portuguesa para deixar aqui um recado ao grande imbecil suíço que manda na FIFA e que, claro, só podia mesmo ser suíço: caro sr. Blatter, tenha a gentileza de ir bardamerda.

terça-feira, novembro 19, 2013

Em direcção ao sol.


O cometa ISON, originário da nuvem de Oort, uma cintura de destroços celestes localizada a 93 triliões de milhas da Terra, está a passar por nós a 234 milhas por segundo, na direcção do Sol. O fenómeno já é visível a olho nu, no céu nocturno. A 28 de Novembro, este monstro de gelo e pó vai ficar tão próximo da superfície solar (apenas 720 mil milhas) que ninguém sabe se sobreviverá à tangente. Se sobreviver, o trajecto de regresso constituirá o maior espectáculo celeste a que a humanidade já assistiu, desde 1680. É que o ISON, a 26 de Dezembro, estará apenas a 40 milhões de milhas da Terra. E vai iluminar os céus.

Mais informação sobre o ISON aqui e aqui.

domingo, novembro 17, 2013

O que encontras no fim da estrada não é propriamente um arco-íris.



Na ressaca do sucesso de "On The Road", a coroa de glória do movimento beatnick, Jack Kerouac perde-se no Big Sur, entre o alcoolismo militante e a falência filosófica de uma geração sem projecto filosófico. O filme de Michael Polish, baseado no livro de Kerouac com o mesmo nome, é belo e eficaz, tanto mais que não tem medo das palavras. E as palavras de Kerouac, que jorram da fonte do desespero como água envenenada por Deus, valem mais que todos os 25 frames por segundo que o cinema possa inventar.

Nem tudo está perdido.

Finalmente, uma boa notícia: cinco anos depois de ter chegado à Casa Branca, Obama está em queda livre. Depois da humilhação às mãos de Putin, na questão Síria, a grande trapalhada do ObamaCare está a deixar os americanos à beira de um ataque de nervos. Obama está a tentar impor, a toda a força e custe o que custar (mais exactamente - 36 triliões de dólares até 2023), um Serviço Nacional de Saúde cuja viabilidade impossibilita aos cidadãos a opção por um seguro privado, num país onde mais de 60% das pessoas já têm um. Num país onde se descobre agora que a maior parte das pessoas não quer um Serviço Nacional de Saúde. Isto é esquizofrénico e anti-americano o bastante para criar rupturas de gravidade assustadora, mas não é o pior. Ainda o plano não está sequer aprovado e já o caos rebenta por todos os lados. Por um lado, muitos americanos cobertos por seguros privados têm entretanto recebido notas de cancelamento das seguradoras, porque o mercado da saúde está na expectativa do grande negócio prometido por Obama já para 2014 (a saúde pública é sempre mais cara que a privada e o grande capital não brinca em serviço). Por outro, o site que tenta "vender" a ideia aos americanos não consegue funcionar devidamente, talvez porque os aparatchics que a Casa Branca decidiu contratar para o desenvolver apresentam um consistente e escandaloso histórico de fracassos em projectos de tecnologias de informação do governo federal. Se um simples site de vocação evangelizadora não funciona, como é que o serviço público funcionará? É de gargalhada. Isto embora os democratas não achem piada nenhuma e 39 dos congressistas do partido votaram ontem com os republicanos uma versão da lei que Obama considera inaceitável. Quando chegar a altura do Senado votar, a coisa ainda vai correr pior porque os senadores democratas estão mais cépticos de que os seus colegas no Congresso, o que, por si só, é espantoso. Mas o problema da actual administração americana é mais profundo do que os votos e os vetos de congressistas e senadores. O problema é que toda a incompetência, toda a desonestidade, todo o nepotismo de Barak Obama está agora e finalmente à mostra e o eleitorado não perdoa: a popularidade deste incapaz chegou, na semana passada, ao ponto mais baixo de sempre e a maioria dos americanos vê o seu Presidente como uma pessoa desonesta (sim, estas palavras são música para os meus ouvidos).
Até o Público, que tem venerado de forma vil e vergonhosa, o primeiro marxista da história da Casa Branca, não consegue esconder a sua desilusão, como podemos constatar aqui e aqui. Mas, obviamente, o leitor esclarecido procurará confirmar a veracidade deste post na imprensa americana. A Casa Branca está em tão maus lençóis que até o órgão oficial do Partido Democrata, a que chamamos Washington Post, serve perfeitamente como showcase do bordel instalado. E quem quiser aprofundar o seu conhecimento sobre o que, a este propósito, se está a passar na América deve ler este artigo do Atlantic. Ou este, porque vale sempre a pena ler o The Economist.
Deus é grande e tem insónias e, na verdade, Obama é tão mau presidente que talvez possibilite um milagre: o regresso da América à sua natural posição ideológica.

sexta-feira, novembro 15, 2013

O pequeno Marcel Proust não tem tempo a perder.

Depois de André Gide ter exposto a homossexualidade de Proust, através das cartas que este lhe escrevia, chegou agora o momento de sabermos que o famoso autor do Tempo Perdido, enquanto adolescente, era um onanista incorrigível. A carta escrita em grande aflição, ao seu avô, foi recentemente publicada aqui. E é de uma comicidade trágica. 
Realmente, já não se pode estar morto. 


18 May 1888

Thursday evening.

My dear little grandfather,

I appeal to your kindness for the sum of 13 francs that I wished to ask Mr. Nathan for, but which Mama prefers I request from you. Here is why. I so needed to see if a woman could stop my awful masturbation habit that Papa gave me 10 francs to go to a brothel. But first, in my agitation, I broke a chamber pot: 3 francs; then, still agitated, I was unable to screw. So here I am, back to square one, waiting more and more as hours pass for 10 francs to relieve myself, plus 3 francs for the pot. But I dare not ask Papa for more money so soon and so I hoped you could come to my aid in a circumstance which, as you know, is not merely exceptional but also unique. It cannot happen twice in one lifetime that a person is too flustered to screw.

I kiss you a thousand times and dare to thank you in advance.

I will be home tomorrow morning at 11am. If you are moved by my situation and can answer my prayers, I will hopefully find you with the amount. Regardless, thank you for your decision which I know will come from a place of friendship.

Marcel.

terça-feira, novembro 12, 2013

Why science goes wrong.

O Economist, como sempre desempoeirado e brilhante, decidiu abordar alguns dos problemas da ciência contemporânea. Só este este gráfico aqui diz muito, mas o artigo é mesmo A-s-s-u-s-t-a-d-o-r.

E só um aparte: agora que o Público, com a pretensão própria do Público, vai começar a pedir dinheiro pela edição online (não contem comigo para pagar um cêntimo pelo péssimo jornalismo que me querem vender),  o Economist mostra que é possível ter uma edição em print que dá lucro, uma edição online que é paga e uma outra edição online, com muita qualidade, que é de borla.
O que é preciso é que os conteúdos sejam bons. O resto vem por acréscimo.

segunda-feira, novembro 11, 2013

Outra vez os bastardos sem coração.



Heartless Bastards  |  Only for you

Em Fevereiro de 2012, procurei em vão um clip para esta música gloriosa. Mais que gloriosa, até. Na altura, não havia nada para além da música e da capa do disco. Agora já há video oficial e tudo. Agora que, se calhar, já nem vale a pena.  Não toco o vídeo oficial porque é oficial e tudo o que é oficial é aborrecido. Mas esta versãozinha entra bem no meu estado de espírito (que é de bastardo). E faz justiça à grande malha.

Aviso.

Hey, I'm not synthetica.

Movimento do Tempo Parado

O céu nocturno, carregado, mal disposto, ilumina-se subitamente com as luzes que não se apagaram nos outros bairros de Lisboa. As nuvens desfilam, em farrapos de alta velocidade e, de vez em quando, uma ou outra estrela consegue brilhar sobre o tempo e o espaço para vir fazer parte da claridade e da escuridão.

Devia ter sempre comigo uma lista de coisas que se podem fazer sem electricidade.

Sem electricidade parece que a vida pára. E eu não sei viver assim, apagado. Enquanto a lanterna do telemóvel durar sobre a urgência da bateria, posso ir escrevendo este movimento do tempo parado, mas e depois?

A cidade que tem luz ignora-me; a cidade que a EDP poupou ao drama é indiferente para com o cidadão desprovido de fotões e continua animada de brilhos e barulhos que não deixam sossegar a madrugada.

O Eixo Norte-Sul deve estar a gozar comigo.

E o Mexia pode ir para a puta que o pariu.

segunda-feira, novembro 04, 2013

Radiação Cósmica de Fundo ou a Grande Muralha de Deus Nosso Senhor.



Toda a gente sabe que obervar o universo é viajar no tempo. Há medida que os telescópios e rádio-telescópios foram ficando mais poderosos, a humanidade foi espreitando para um universo cada vez mais antigo. E seria de esperar que um dia alguém construísse um telescópio tão poderoso, mas tão poderoso, que fosse espreitar o big bang, o ínicio de todas as coisas. Nem mais, nem menos.

Acontece que esse telescópio já foi construído, só que temos um pequeno problema: com cerca de 400.000 de idade, o cosmos criou uma parede para além da qual não conseguimos ver nadinha. Chama-se Radiação Cósmica de Fundo e tem o aspecto que vemos na imagem. Trata-se de uma esfera com um diâmetro de cerca de 28 bilhões de parsecs (cerca de 92 bilhões de anos-luz, ou 920 sextilhões de kms). 

A Radiação Cósmica de Fundo está hoje presente em todo o universo e podemos ouvi-la na estática das ondas de rádio. Resulta de um plasma primordial, quente, de fotões, electrões bariões. À medida que o universo se expandiu, o desvio para o vermelho cosmológico fez com que o plasma arrefecesse até que foi possível aos electrões a combinação com os núcleos atómicos de hidrogénio e hélio. Estavam formados os primeiros átomos da história universal. Isso aconteceu quando o universo tinha aproximadamente 380 000 anos de idade. Foi nesse momento que os fotões começaram a viajar livremente pelo espaço. Foi nesse momento que se fez luz e, por isso, mesmo que pudéssemos olhar para além desta barreira, não havia nada para ver. Parece que estava tudo às escuras até aqui.

É claro que as mentes mais avisadas já tinham percebido que não seria assim tão simples   vislumbrar o umbigo de Deus.  Zenão de Eleia, por exemplo, que viveu há coisa de 2500 anos atrás, demonstrou que as distâncias são bastante ilusivas, com a sua  famosa Dicotomia do Estádio, que dividia os 60 metros do sprint olímpico da altura em partes infinitas, de tal forma que seria impossível ao atleta a conclusão da sua corrida. E, paralelamente, podemos ter atletas a correr os 100 metros durante um milhão de anos, e podemos ter recordes do mundo batidos todos os anos, que não é por isso que alguém vai cumprir a distância em zero segundos, não é? Este problema coloca-se de forma dramática à cibernética contemporânea, com as margens de progressão da capacidade de processamento a atingirem os seus limites técnicos. E não porque não sejamos capazes de criar transístores cada vez mais pequenos. Acontece apenas que, uma vez chegados a determinadas velocidades de processamento, a física troca-se toda e as coisas começam a correr realmente muito mal. Da mesma forma, não é por retirarmos dioptrias à nossa miopia tecnológica que vamos mais dentro do grande mistério cosmogónico.

É que este cosmos não é para aprendizes de feiticeiro, não é generoso com certezas absolutas e não gosta mesmo nada de revelar os seus segredos. E deus, pelos vistos, serve só para nos impedir de saber a verdade.

sexta-feira, novembro 01, 2013

A arquitectura da densidade.




Estas 3 imagens são apenas um fragmento do incrível "Lif in Cities", um projecto de Michael Wolf que retrata a cenografia física e humana de cidades como Hong Kong e Tóquio. Está tudo aqui e vale mesmo a pena dedicar cinco minutos de atenção ao trabalho deste senhor.