quarta-feira, setembro 16, 2020

A discoteca da minha vida: discos 61 a 65

#61 - A Maximum High - Shed Seven

1996. Shed Seven, a operática banda de York, edita o seu segundo trabalho de estúdio: "A Maximum High", que é factualmente uma pedra máxima no panorama apoteótico da britpop desse momento histórico. Não faltam grandes discos a essa apoteose; já inclui uns, já exclui outros, mas estes rapazes ficam. A sofisticação melódica, a energia incomensurável e a pretensão circense, que resulta encantadora, fazem dos Shed Seven um incontornável monumento-rock. E deste disco, uma ode de fim de século.
Are you going for gold?
Bum.




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#62 - Moon Safari - Air

1998. Dois franceses meio lunáticos que gostam de se entreter com sintetizadores analógicos lançam o seu primeiro trabalho de estúdio, a que muito apropriadamente decidem chamar "Moon Safari". A partir daqui, nada vai ser como dantes. A partir daqui há virgens suicidas e space pop. Há walkie talkies dançantes e lendas de 10.000 hertz. Há sinfonias de bolso e melodias inesquecíveis, de uma delicadeza inebriante. A partir daqui, há Air para respirar.
Disco iniciático.




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#63 - Prolonging The Magic - Cake

Os croonies do rock and roll atacam pela terceira vez em 1998: "Prolonging The Magic" é um ensaio cool, frank sinatrista, sobre o destino do pop rock alternativo. Uma piada privada, que só consegues entender se perceberes que o maior êxito dos Cake até aqui tinha sido um cover da Gloria Gaynor.
Embora neste caso seja fácil escolher o melhor disco da banda, é porém excruciante eleger uma música para a caixa de comentários, porque este disco encerra uma porrada de temas realmente poderosos, esplendidamente orquestrados e carregadinhos da ironia que é característica desta malta da Califórnia.
Estou a ouvir este magnífico disco e a pensar para comigo que os últimos anos do século XX foram musicalmente riquíssimos. E algo ingénuos. E uma coisa tem a ver com a outra.
Disco iniciático.




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#64 - International Velvet - Catatonia

Entra na discoteca da minha vida a galesa Cerys Matthew, proprietária de uma das mais belas e texturadas vozes dos anos 90. "International Velvet", o segundo disco dos Catatonia, é completamente um espelho do rock que se fazia na altura: vibrante e sensual, vociferante e confessional, tentando o equilibrio impossível entre a rebeldia e a fome de fama.
O vigor lírico das cordas vocais e dos poemas de Cerys, e o poder libertador da guitarra de Mark Roberts preencheram uma boa parte da dimensão acústica dos meus dias de fim de século. E é com alguma nostalgia que volto a ouvir estas explosões de talento e energia criativa.
Uma banda muito minha. Que eu adorava.
 
 
 
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#65 - Version 2.0 - Catatonia

Os Garbage não envelheceram bem, é verdade. Mas esta não é a lista dos discos que envelheceram bem, mas sim a lista dos discos da minha vida e "Version 2.0" tem que constar, porque o pop aveludado, meio decadente e deveras diletante desta banda constava absolutamente da grafonola ideal do fim dos anos 90. E este disco está repleto de malhas que arrendaram para sempre uns milímetros de residência no congestionado e caótico imobiliário da minha memória timpânica. Next.