Seguro esta bandeira. Não sopra uma brisa.
Agora é uma bandeira. Já foi uma camisa.
A bandeira canta os amanhãs de milhões de mortos
E assim quieta, anuncia a tempestade dos corpos
Que fodem como se não houvesse amanhã
Ou como se Eva não tivesse mordido a maçã.
Seguro esta bandeira, ao vento que não faz.
Hoje é bandeira de guerra, ontem verso de paz.
A Bandeira inventa o vermelho da revolução
Que vai correr da Alemanha ao Uzbequistão,
Para libertar o homem puro do destino ruim
E salvar Lenine dos bares manhosos de Berlim.
Seguro esta bandeira. A Tempestade não vem.
Agora é uma bandeira. Já foi cruz em Jerusalém.
A bandeira rejubila e clama pela acção directa,
Desde que o assassino não tenha que ser o poeta.
E enquanto os versos não agem dou ao pedinte
Umas coroas sacadas ao conforto do século vinte.