Como o coronel Douglas Macgregor afirmou recentemente numa entrevista ao Redacted, os EUA são neste momento um país co-beligerante no conflito com o Irão.
As declarações de Trump feitas ontem, sexta-feira, em que qualifica a operação sionista como "excelente" e promete mais para o futuro, deixam cair por completo a farsa do não envolvimento dos Estados Unidos.
Trump's second term might be the biggest betrayal of a President to the voters that put him in power that I have ever seen. Damn near making Obama look like child's play.
— Altered Ego (@AlteredEgo0903) June 13, 2025
Como bem destaca o utilizador AlteredEgo, esta cumplicidade será sem dúvida a maior traição alguma praticada sobre o eleitorado americano da história recente, já que ninguém na massa de populistas que votaram no magnata de Queens sufragou uma abominação destas. Pelo contrário, considerando que até aqui e durante a campanha eleitoral Trump sempre se apresentou como o 'Presidente da paz', que iria até acabar com a guerra na Ucrânia nas primeiras 24 horas na Sala Oval.
E como Douglas Macgregor refere, a Casa Branca será agora vista com absoluta desconfiança pela generalidade das nações não ocidentais do mundo.
Ao iludir os iranianos com um falso ciclo de negociações, demonstrando um nível de má fé absolutamente recordista, Donald Trump preparou terreno para o bom sucesso do ataque de Benjamin Netanyahu, que as autoridades em Teerão não esperavam de todo, na medida em que não lhes passou pela cabeça que Israel fosse interromper, com uma ofensiva militar, estas conversações com os americanos.
Os iranianos calculavam bem o enquadramento geral. O problema é que estavam a ser desavergonhadamente enganados. Donald Trump nunca levou a sério as negociações com o Irão. Estava apenas a criar condições para um ataque surpresa de Israel, objectivando a guerra sem nela directamente sujar as mãos.
Isto é excessivamente vil para ser sequer conjecturável, mas aconteceu de facto.
Tudo agora indica que até as notícias, saídas em Abril, que a Casa Branca teria anulado o plano israelita para atacar as instalações nucleares do Irão, foram disseminadas como parte deste plano, bem como o afastamento para as nações Unidas do neocom Mike Waltz, por alegadamente ser um agente sionista na administração Trump.
O mesmo podemos dizer do que agora podemos qualificar como maximamente hipócrita discurso que o Presidente norte-americano fez em Riad, em que afirmou:
“Estou aqui hoje não apenas para condenar o caos passado dos líderes iranianos, mas para lhes oferecer um novo caminho para um futuro muito melhor e mais esperançoso.
Nunca acreditei em ter inimigos permanentes. Sou diferente do que muita gente pensa. Não gosto de inimigos permanentes. Como tenho demonstrado repetidamente, votei a favor do fim dos conflitos passados e da formação de novas parcerias para um mundo mais estável, mesmo que as nossas diferenças possam ser muito profundas, como é o caso do Irão.
Quero fazer um acordo com o Irão.”
Não. Nunca quis.
O que é que aconteceu ao programa 'America First'?
E já que estou a citar o falacioso inquilino da Casa Branca, vem a propósito esta tirada:
"A partir de hoje, será apenas a América em primeiro lugar. A América em primeiro lugar."Esta é uma citação directa do discurso de tomada de posse do primeiro mandato de Donald Trump, sendo que reflecte integralmente o mesmo sentimento que o levou de volta à Casa Branca em Janeiro deste ano. Agora, o mundo está a descobrir que ele não falava a sério.
Independentemente do que o "aliado especial" possa argumentar, uma guerra com os iranianos não tem nada de vantajoso a oferecer aos Estados Unidos. Não é do interesse nacional.
A continuação da participação da América neste conflito irá fomentar ainda mais o ódio do mundo islâmico, radical ou não, pelo Ocidente e alimentar a próxima vaga de atentados terroristas. Um cenário possível? Milhares de mortes imediatas de americanos, tudo em nome de uma agenda que nada tem a ver com o primado 'America First'.
Mais um vez, chamo Douglas Macgregor à conversa, porque este post que publicou no X é ilustrativo dos riscos inumeráveis que os americanos vão agora correr:
O envolvimento da Casa Branca neste conflito, para além de ser um gesto de desprezo para com os milhões de eleitores que votaram na esperança de ter um governo que finalmente colocasse os Estados Unidos em primeiro lugar e que desistisse enfim de provocar catastróficas mudanças de regime no mundo, será sobretudo um acto que vai colocar a vida de milhões de americanos em risco, tanto civis, no seu próprio território, como militares, principalmente os que estão estacionados no Médio Oriente.
Isto já para não propor o pior dos cenários que pode muito bem ser detonado por este conflito, e que é o de uma guerra global entre as principais potências mundiais. Ironicamente, seria por causa de um alegado e muito provavelmente fictício programa atómico iraniano que entraríamos num factual apocalipse nuclear.
Não é por acaso que Tucker Carlson, que há apenas uns dias atrás já tinha publicado um recado claramente endereçado à Casa Branca sobre este mesmo assunto, tenha entretanto deixado cair mais um aviso:
Tucker continua na verdade a tentar proteger o seu favorito, que admira sinceramente e a quem é leal desde 2016, apontando outros infractores do Estado profundo e do aparelho mediático norte-americano. Mas é claramente demasiado tarde para essa tentativa de redenção.
Donald Trump será o primeiro responsável pelos americanos que vão morrer a partir de agora. E isto se o conflito não alastrar. Porque como já afirmei num outro artigo dedicado a esta temática, o auto-proclamado 'Presidente da paz' pode muito bem vir a ficar para a história como o 'Presidente da guerra'. Da Terceira Grande Guerra.
Que Deus nos ajude.