Sonho com deuses astronautas que me elevem como maestros sem pautas
à boleia de um opiário sideral.
Não me importa o destino nem distâncias meço, sobre o improvável regresso
ao planetário natal.
Não quero saber das saudades: num cosmos de profundidades
hei-de encontrar Portugal.
Rumo ao abismo astral
p’ra encontrar Portugal.
Vai ser a bem ou a mal,
mas hei-de encontrar Portugal.
Anseio por batalhar corsários facínoras e lagartos indígenas
em fúria paranormal;
divindades que reinam sobre infindades como imperadores e majestades,
ou arcanjos do mal.
Não temo monstros nem tempestades, no fim das probabilidades
hei-de encontrar Portugal.
Rumo ao abismo astral
p’ra encontrar Portugal.
Neste país está-se mal,
mas hei-de encontrar Portugal.
Sacrifico-me às piores torturas, à agonia das imponderabilidades
e ao esquecimento final;
quero partir foguetão, com tonturas, vertigens e fatalidades
da inércia astral!
E não me falem em saudades: entre mil localidades
hei-de encontrar Portugal.
Rumo ao abismo astral,
neste país está-se mal,
vai ser a bem ou a mal,
mas hei-de encontrar Portugal.
Hei-de encontrar Portugal.
Hei-de encontrar Portugal.
Hei-de encontrar Portugal.
Hei-de encontrar Portugal.