Sendo nostálgico do seu próprio legado, o GT7 objectiva sobretudo aperfeiçoar a experiência da simulação que desde sempre perseguiu: as condições dinâmicas de luminosidade, clima e piso revolucionam o game play, a sonoplastia subiu um patamar em qualidade, o tuning ganhou novas e tecnicamente mais adequadas dimensões e o modo Arcade permite finalmente um satisfatório nível de customização das corridas.
Mesmo na PS4, o jogo é muito bonito, os efeitos de luz foram consideravelmente
melhorados e o interior dos automóveis está muito mais texturado e
realista.
Fruto de um esforço para aproximar o sistema virtual das leis da Física, a condução ficou um pouco mais exigente, mas também mais precisa. Aos jogadores iniciados ou a braços com o comportamento mais instável dos carros, principalmente no que diz respeito à sobreviragem na aceleração à saída das curvas, recomendo que façam uso, mesmo que parcimonioso, do controle de tração. Ou que invistam na qualidade da borracha.
Parece-me porém, que o force feed back continua a dar pouca
informação sobre os detalhes da pista e as condições do piso,
permanecendo excessivamente amigável. Mas este detalhe pode ser
diferente na PS5 ou depender da afinação que tenho no Fanatec CLS Elite
que estou a utilizar. Voltarei a este assunto num post posterior.
A quantidade de automóveis e circuitos inclusos não aumentou muito em relação ao GT Sport, mas é mais que suficiente (426 carros, 34 circuitos com 97 variações). Até porque o jogo vai ser actualizado nos próximos anos com DLC's. Outros circuitos e novos automóveis serão somados a esta já vasta base logística.
Para quem não gosta de ser obrigado a tirar licenças para desbloquear o jogo, devo dizer em defesa da Polyphony que estas provas são muito fáceis de ultrapassar, tanto para pilotos menos experimentados, a quem basta cumprir os tempos "bronze", como para os pilotos mais rápidos, já que as marcas "ouro" são relativamente acessíveis na maior parte dos casos.
O modo de carreira está bem construído, é multidimensional e oferece boas corridas. Foi uma excelente ideia definir o índice de dificuldade logo no arranque do jogo, de forma a proporcionar experiências equilibradas a todos os tipos de pilotos.
A inteligência artificial dos automóveis adversários melhorou um pouco, mas continua a milhas de títulos como o Assetto Corsa. E os jogadores com volante, caso queiram conduzir com a perspetiva do habitáculo, têm que incluir no seu campo de visão dois volantes e 4 mãos. Não termos um modo visual do tablier sem volante é incompreensível num simulador com este nível espantoso de qualidade codificada. Serão, aliás, estas as únicas críticas que posso, com convicção definitiva, fazer ao jogo.
Porque de resto, o GT7, mesmo a correr numa consola datada, é um produto irrepreensível. E precisamente porque a maior parte dos utilizadores vai correr o simulador em duas plataformas, o jogo terá necessariamente duas vidas, aumentando o seu ciclo de vida e o número de horas de puro prazer que oferece aos utilizadores.
Na corrida que gravei (Grupo 3 em Suzuka), levo o Porsche 911 RSR (991) de 10º a 1º em 4 voltas que ilustram bem as virtudes do GT7, resolução e definição da imagem à parte - que será muito melhor com a PlayStation que ninguém consegue comprar.