A edição centenária das 24 Horas de Le Mans tem sido intensa como o diabo, mesmo apesar dos tempos mortos causados por uma filosofia de Safety Car roubada aos americanos que não se adequa de todo a La Sarthe.
Reparem só como se estava a correr com o freio nos dentes à quinta hora da prova:
Nem é preciso dizer que estes automóveis passam muito tempo por volta disparados a mais de 300 quilómetros por hora, pois não?
Por essa altura, já as cinco principais marcas em competição tinham passado pela liderança da prova (Ferrari, Toyota, Caddilac, Porsche, Peugeot), numa corrida de sonho, disputada como na minha vida não me lembro de ver uma prova de resistência.
No entretanto, houve tempo para que António Felix da Costa levasse o Porsche privado da Hertz Team Jota do 45º lugar da grelha à primeira posição da classificação geral, num esforço épico que fez história: foi o primeiro português a liderar as 24 Horas de Le Mans. O problema foi quando o António entregou o automóvel ao seu companheiro de equipa Ye Yifei, que se encarregou de espetar o bólide contra os rails, em Arnage, obrigando a reparos intermináveis que relegaram em definitivo o Porsche nº 38 para os últimos lugares da sua classe.
Tive que interromper o acompanhamento desta cavalgada selvagem à hora de jantar e só vou voltar para lá agora, pelo que não sei o que aconteceu entretanto. Mas o que vi bate qualquer outra competição automóvel contemporânea. 12 automóveis lindíssimos e altamente performantes a lutarem ferozmente pela bandeira de xadrez de amanhã, como se amanhã não houvesse. Como se fosse possível fazer 24 horas ao sprint.
Que pinta.