Infelizmente, não tive oportunidade de estar presente no último 'Conversas no D. Carlos', que sob o tema "Memórias de um Eurocéptico" levou ao Guincho Manuel Monteiro, para mais uma interessante palestra deste ciclo.
Mas porque estive a editar o vídeo da dissertação, que será publicado no Contra amanhã, segunda-feira, fiquei com uma ideia clara do seu fio.
É claro que o convidado é um ilustre conservador e um orador nato e é claro que estava carregado de razão quando alertava, nos anos 90 e em contra-ciclo, para os perigos do federalismo então grassante.
Mas as palavras do ex-líder do CDS deixaram-me na verdade algo deprimido. Eu explico.
Manual Monteiro, mesmo tendo a liberdade de estar fora das correntes conformistas da vida política activa, mesmo sendo uma pessoa de aguda inteligência, mesmo sendo um conservador com os valores no sítio certo, não consegue escapar a lógicas elitistas e a um certo alheamento da realidade que, muito sinceramente, é quase constrangedor.
Avisando a audiência, constantemente, dos perigos do populismo, que ele parece temer mais do que o federalismo globalista, o politólogo terminou a sua intervenção afirmando que se a União Europeia não for capaz de se reformar irá soçobrar, mas confiando que homens como Friederich Merz serão capazes de o fazer.
Bom Deus. Há coisas que me deixam completamente perplexo, sinceramente.