quinta-feira, março 03, 2005
O que eu durmo, muito ou pouco, é igual ao litro. Porque hão-de as pessoas que me são distantes (ou que pensam que me são próximas) clamar maldições pelo meu sono prolixo? Porque hão-de aqueles que fingem alguma preocupação, preocuparem-se comigo? Quero ser claro: se eu durmo 16 horas seguidas, que mal vem ao mundo? Mesmo a esse pequeno mundo das relações que as pessoas gostam de alimentar, a qualquer custo. Quando eu durmo tenho a certeza que não estou a aborrecer ninguém. Tenho a certeza que não estou a ofender ninguém, que não estou a magoar ninguém, merda, quando estou a dormir liberto menos carbono, excreto menos líquidos, menos sólidos, menos suores e espermas e sangue; quando estou acordado perco mais sangue do que quando estou a dormir! Por isso, deixem-me dormir. Por amor do vosso deus, deixem-me na paz do meu. Quero que me entendam: seja de que sonho sofrer, que se importam realmente as regras do cosmos? (1995)