Descobri Gerrit Komrij ao acaso, na Bertrand do Chiado. Num dos escaparates, a caveira que a Assírio escolheu para a capa de "Contrabando" chamava por mim. Abri o livro e li:
"Subiu-te do peito um Excelso suspiro.
Eram-te as costelas aros cromados.
Ciclista-poeta, fugias à frente
De um milhão de belgas desenfreados."
Andei a tarde toda com o livro na mão, encantado com o escrevinhar insólito deste holandês inspirado e satírico, que me diverte e que me assusta. É muito bom, descobrir poesia assim. Sem receitas de crítico nem conselhos de amigo. Só com a ajuda de uma livraria onde uma pessoa pode de facto conviver com os livros.