sábado, dezembro 30, 2006

7 pérolas da Colecção do Dr. Rau.

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7 - MAX LIEBERMANN
Recreio no Orfanato de Amsterdão

1876, óleo sobre tela, 45cmx72 cm

Max Liebermann (1847-1935) foi, com Lovis Corinth e Max Slevogt, uma das primeiras figuras do impressionismo alemão, o que, convenhamos, nem é dizer grande coisa. Mas independentemente do clube epistemológico, não deixou de ser um prodigioso mestre e um ser humano como deve ser: ao contrário do estereotipo popular na Europa latina, em que o artista tem que ser um excêntrico ou um bêbado ou um doido ou as três coisas ao mesmo tempo, Liebermann era um homem sério, sóbrio e elegante, um berlinense virtuoso com estudos de filosofia e de direito e espírito vanguardista.
E é precisamente essa predisposição p'ra-frentex, esse domínio do desenho avant garde, que aqui se ilustra na perfeição.
Este orfanato de Amsterdão é, antes de outra maravilha qualquer, um verdadeiro tratado de design gráfico. A coisa está tão equilibradinha que até enerva. A utilização do vermelho e do branco reforça a perspectiva e o traço estiliza as formas. Depois, confesso que, no Museu Nacional de Arte Antiga, se ouvia perfeitamente a conversa das raparigas, por entre o tricotar dos minutos.
Adoro este boneco por causa da sua simplicidade e da sua sensibilidade. Porque o homem consegue fazer de um canto de um orfanato uma obra prima. É preciso um génio enorme para fechar este ângulo assim. É preciso fazer-se muita luz no espírito, para arrancar a arte dos braços do tédio.