quarta-feira, dezembro 27, 2006
What the bleep do we know?
Alguns poucos dos fellow bloggers que frequentam este infrequentável blog sabem da minha embirração filosófica com Albert Einstein. Não porque não goste dele como figurinha de génio, porque gosto, mas simplesmente porque popularizou, no século XX, um conceito errado - e incompleto - do universo.
No concurso para a posteridade, o grande prejudicado pelo equívoco foi este senhor chamado Werner Karl Heinsenberg, que descobriu muito simplesmente que os mais pequenos elementos constituintes da matéria mostram um comportamento deveras ignorante do pensamento de Newton e alegremente indeferente às leis do bom Albert. Um exemplo: num exacto e único momento de tempo, a mesma partícula pode manifestar-se em duas dimensões espaciais. Outro: a observação dessa partícula altera o seu comportamento. E concluíndo: é impossível determinar com exactidão a sua posição no espaço, num dado momento. O máximo que podemos determinar é uma probabilidade. O príncipio que devemos seguir é o da incerteza.
O facto de termos um computador em casa é elucidativo de que a Mecânica Quântica é do tipo mais contemporâneo que a Mecânica dos Corpos Celestes, cujas leis físicas impossibilitam a existência do microprocessador. A matemática, a tecnologia e a indústria humanas, conseguiram adaptar-se surpreendentemente depressa aos conceitos surrealistas da Quântica e colocaram a revolução científica ao serviço da civilização. Mas em áreas como a política, a filosofia, a religião, a literatura e o senso comum, as conclusões de Heisenberg e de Niels Bohr são de natureza alienígena.
Ora, para utilizar o léxico do meu querido amigo Pedro Barros, que é barra nesta conversa, não se percebe lá muito bem porque é que o paradigma mental permanece imutável quando entretanto já se demonstrou desadequado para fazer frente à realidade e anacrónico porque vive falido de convicção científica.
""What the bleep do we know"" é um documentário de origem suspeita e de motivação esotérica, que corre o risco de estar para a Física Quântica como o Código da Vinci para a História das Religiões, mas a produção é competente, os dados científicos são credíveis e fazem-se de facto algumas perguntas certeiras. Porque há mais no universo do que compreendia a fértil imaginação de Einstein, recomendo vivamente esta hora e meia de interrogações.
Deixo aqui um excerto divertido do documentário em questão, interessante para quem queira perceber em cinco minutos os fundamentos experimentais da Mecânica Quântica, e volto a editar, em posts seguintes, os textos sobre Einstein escritos para o Ocidental Praia, no ano de 2003.