sábado, julho 16, 2011

Elogio do autoclismo.

Vieram do corno de África despejados 
ordenados numa tribo de mecanismos,
vieram - Voom! - da lama merda e de alma lerda,
escatológicas figurinhas, anúncio de cataclismos.

Vieram e infestaram o cenário com um corolário
de costumes manias, negócios almoços,

sopas de pacote,
deuses de chicote,
contra-sinfonias desalegrias de moedas atonais nos bolsos.


Desceram porventura p'la aventura de um inferno de celofane
e pararam - Stop! - só a mando dos semáforos

que instalaram pelos desertos, pesadelos abertos,
mortos dispertos desde a invenção dos fósforos.

Vieram e multiplicaram-se - Zás - com o cio de comunistas,
corja de alpinistas na montanha horizontal,
 

pulularam - pop! - populistas, maus soldados, zoom turistas
pela geografia política do atraso mental.

Na sua febre amarela descobriram - hurra! - a caravela,
a direcção assistida e o artifício e o comício da arca congeladora,

enquanto cavavam a trincheira fogueira mangedoura
que havia de guardar no final juízo as cinzas do paraíso.


Arrasaram montanhas - Puf! - e entre outras façanhas
de ecologista ginecologista ainda foram violar o útero da lua;

arrastaram o fardo da história sem honra nem glória
e chutam cavalo selvagem - Hiá! - ao fim da viagem no jardim da minha rua.

É por estas e por outras rábulas vãs, que todas as manhãs
uma precaução sempre tenho:
expelir o humanismo do organismo,
santa purga de virtude e autoclismo - na casa-de-banho.