sexta-feira, maio 04, 2012
Todos contra todos.
"The condition of man is a condition of war of everyone against everyone."
Thomas Hobbes, Leviathan - 1651
Enquanto tentava enfiar as subtilezas da cultura helénica
Na cabeçorra de Alexandre (tarefa ingrata e esforço monumental),
Aristóteles saiu-se com esta máxima de retalho:
"O homem é um ser eminentemente social."
Eminentemente social, o caralho!
Tenho até a certeza que o velho mestre de Estagira
Não desejaria ficar preso à posteridade por uma nota de rodapé
Na folha digital de Mark Zuckerberg do século quarenta e um.
Convenhamos, os gregos não bebiam café
E na altura em que disse o que disse Aristóteles precisava dum.
Quanto ao lamechas do Rosseau, o homem só nasce bom na imaginação
Deste palerma, de resto é nado condenado ao inferno da sua intestina inquietude
E ao inverno que faz cá fora.
E se é a sociedade que corrompe no individuo a sua genética virtude,
Não me parece sã solução guilhotinar dez aristocratas por hora.
E que dizer de Voltaire, que já sabia muito bem que não vivemos
No melhor dos mundos possíveis e muito pelo contrário
(Anexo o terramoto de Lisboa e respectivas tabelas de mortandade),
E mesmo assim era um fraco, era um ordinário,
E mesmo assim era um parvo pela humanidade.
Por estas e por outras é que ficou a sociologia infectada
De filhos da puta como Marx e Proudhon,
Tão preocupados com o bem estar de operários e carpinteiros
Que se esqueceram do que o capitalismo tem de bom:
Tampões para as senhoras e mercedes para os cavalheiros.
Eu cá prefiro o pensamento do grande Thomas Hobbes,
Que postulou: o homem é o lobo do homem e este é o império do medo.
Por isso, o melhor é preparar o monarca para o conservatório
Da tirania esclarecida, porque mais tarde ou mais cedo
A revolução cairá nas mãos de um Robespierre aleatório.
Eu cá prefiro, mas de longe, a prosápia do Max Stirner,
Que mandou o socialismo para as urtigas
E que escreveu em vez disso,
Com o espírito de quem despede certezas antigas,
Que o homem tem na propriedade do eu o seu único compromisso.
E mais não digo, que tudo o que sei é produto
Da ignorância que se levanta.
Mas uma certeza tenho, ainda que na verdade não acerte:
A vida é uma guerra santa
De todos contra todos enquanto o diabo se diverte.