sábado, agosto 17, 2013

Carta aberta ao General al-Sisi

Caro General;

Tenho seguido com cínico interesse e simpatia confessa, os desenvolvimentos da sua sagrada missão.

Vossa Excelência, quero que o saiba, é um verdadeiro herói. Digam o que disserem os bandidos da grande Al Jazeera que é a imprensa ocidental, Vossa Excelência é um libertário dos sete costados.

E preciso de lhe dizer isto: o General não é autor de um golpe de estado. O General limitou-se a reagir ao golpe de estado que estava a ser perpetrado pela Irmandade, logo que infectou os corredores do regime.

O General, que está apenas a proteger a constituição da sua república e a venerável tradição laica do estado egípcio; o General, que sempre soube que a Primavera Árabe anunciava o inverno islamita; o General que, ao contrário do que mentem as imagens televisivas, não combate contra civis, combate contra milícias; o General é um guardião dos bons e velhos valores ocidentais que nós, aqui no Ocidente, mais não fazemos que deixar cair, com estrondo de falência histórica. E eu saúdo o seu zelo!

Vossa Excelência está a fazer o que pode para salvar o Egipto do mais terrível dos fascimos: o religioso. Vossa Excelência está a lutar pela possibilidade de um futuro no Médio Oriente. E isto, convenhamos, não é dizer pouco.

Aplaudo a sua determinação, a valentia da sua cruzada. E só lamento - sou sincero - que esta seja, em última análise, inglória. É que a tarefa, sendo de transcendente importância, é sobre-humana, caro General.

Sabe, tenho feito cálculos. No seu país, só radicais islâmicos devem ser para aí uns vinte milhões e, considerando a velocidade a que o general os está a matar, calculo que a Irmandade Muçulmana será erradicada lá para o ano 2232. Aprecio a sua diligência, mas a este ritmo não vamos lá.

Estes factos não obstam porém a que lhe agradeça o que está a fazer, contra todos e apesar de tudo, em defesa do meu quadro de valores civilizacionais.

É pois com sincera gratidão e votos de vitória que me subscrevo,

Paulo Hasse Paixão