A bazuca de Mario Dragui afinal sempre tem serventia: percebe-se agora que a estratégia de Alexis Tsipras é a de colocar pressão sobre os mercados, de tal forma que a súbida dos juros das dívidas soberanas venha a afectar também outras nações da União (Portugal, Espanha, Itália e assim sucessivamente). Acontece que, dada a disponibilidade do BCE para comprar a dívida desses países, os investidores só vão mesmo desistir de comprar a dívida grega.
Tsipras também deve ter feito contas à generosidade de Vladimir Putin, mas neste momento parece-me que não há tesouraria em Moscovo para calar a dívida grega.
Manietado pela decisão do banco central e vítima indirecta da queda dos preços energéticos, Tsipras tem muito pouca margem de manobra. Neste momento, a única saída para o primeiro ministro grego é de uma perigosidade assustadora: um tratado económico e estratégico com os chineses que instaure no sul da Europa e no coração do Mediterrâneo uma espécie de protectorado euro-asiático.
E eis instalado mais um cenário de pesadelo.