segunda-feira, dezembro 07, 2015

Este é o incrivelmente disparatado, obsceno e esquizofrénico mundo em que vivemos #2





































A revista Time tem esta estúpida e espúria mania de eleger uma figura que se tenha destacado em cada ano que passa. Na medida em que já elegeram gente tão ilustre como Chiang Kai-Chek (1937), Adolf Hitler (1938), Joseph Estaline (por duas vezes: 1939 e 1942), o Rei Faisal (1974, em plena crise energética) e Hayatolla Khomeini (1979), seria de esperar que mais tarde ou mais cedo achassem por bem terminar com esta actividade de mau gosto. Mas não. Persistem. Os editores desculpam-se da infâmia com o argumento de que a selecção decorre de um critério do género "para o bem ou para o mal", mas a verdade é que a coisa decai inevitavelmente para um relativismo moral assustador.

Este ano, os pré-qualificados para a muito duvidosa honraria são:

Abu Bakr Al-Bagdhadi - O líder do Estado Islâmico e muito provavelmente o mais vil criminoso que circula neste momento à superfície do terceiro calhau a contar do Sol.

Black Lives Matter - Um grupo extremista de base racial, responsável por vários motins urbanos que ocorreram este ano nos Estados Unidos.

Caitlyn Jenner - Um travesti, famoso nas redes sociais.

Travis Kallanick - É o rapaz que fundou a Uber, uma espécie de cooperativa de taxis da app age.

Angela Merkel - É dos nomes que chocam menos, embora seja de notar que a Time nunca pensou em eleger Helmut Kohl, um líder almeão muito mais forte, influente, carismático e assertivo do que Merkel alguma vez poderá ser.

Vladimir Putin - É o segundo ditador da lista.

Hassan Rouhani - O simpático presidente do Irão, pessoa recomendável e humanista, líder de um regime cordato e civilizado que se pudesse exterminava todos os jornalistas que trabalham na Time enquanto o diabo esfrega um olho.

Donald Trump - Uma besta quadrada a caminho de se tornar o mais medíocre candidato republicano às eleições presidenciais da história americana.

Para além da lista ser na verdade um deprimente retrato dos tempos em que vivemos, custa-me a acreditar que as luminárias que trabalham nesta infeliz newsletter não tenham encontrado duas ou três pessoas decentes para disfarçar a criminosa e fútil intenção editorial. Não houve, neste ano, para os editores da Time, ninguém que mais merecesse a sua diligente manobra propagandística do que esta lista de camelos? A sério? Eu sou um gajo pessimista por natureza e não tenho grande fé na condição humana, mas não acredito nisso. Acredito, sim, no incomensurável poder da estupidez. Porque só a mais abjecta estupidez pode justificar uma lista assim.