Estamos todos de acordo: as presidenciais resultaram no nível zero da política. O José Manuel Fernandes, no seu estilo claro e lapidar, já disse o que era preciso dizer sobre a palhaçada, e eu só acrescento, humildemente, isto: pior que o Nódoa, reitor da sua mediocridade infinita; pior que a senhora Belém, vítima da sua insignificância tanto como do incomensurável cinismo de António Costa; pior que o rapazinho de rãs ou de rans ou de lá o que é e que nem merece o insulto que merece; pior que o triste circo disto tudo, foi a traição nojenta, manhosa, inqualificável de Marcelo Rebelo de Sousa, o palhaço-mor.
Corro o risco, como cidadão desta Terceira República, de acabar com o Nódoa na posição de Chefe de Estado. Mas corro esse risco com a maior tranquilidade que é possível a uma pessoa intranquila como eu sou intranquilo. Que se foda. O Marcelo não leva o meu voto nem que chovam gafanhotos. E se for condenado à humilhação e à derrota certa da segunda volta, ficarei até contente. Deus será grande. O deus do Antigo Testamento, claro está. Porque o deus do Testamento de Cristo estaria certamente pronto para o perdão. Eu não sou assim um gajo tão porreiro como isso. O máximo prazer que posso tirar destas eleições é o de Marcelo Rebelo de Sousa não chegar a ser aquilo que Marcelo Rebelo de Sousa sempre quis ser.
A derrota da estrelinha primeira entre todas as celebridades televisivas pode de facto - admito-o - ser também uma derrota para o país que amo. Mas, desta vez, vou ser radicalmente egoísta e teimar em recusar a ingestão do sapo mais indigesto da martirizada história de Portugal. Desta vez vou votar em mim. Não vou votar em branco, não vou votar nulo (deus sabe como me apetecia a caralhada), não vou votar em Marcelo. Vou ficar em casa a torcer pela decência que não há.